Paralimpíadas: Fernanda Yara é ouro e Maria Clara fatura bronze em dobradinha nos 400m T47
Alexandre Galgani conquista prata, primeira medalha do Brasil no tiro esportivo na história do torneio paralímpico

Foto: Lorena Dillon

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Fonte: GE
O Brasil brilhou nos 400m T47, para atletas com amputação de braço, e conquistou uma dobradinha no pódio com o ouro da veterana Fernanda Yara e o bronze da novata Maria Clara Augusto nas Paralimpíadas de Paris 2024. Fernanda, que tem 38 anos e há 16 buscava uma medalha, cruzou a linha de chegada em primeiro lugar com 56s74, seguida da venezuelana Lisbeli Vera Andrade com 56s78. Maria Clara, que faz sua estreia em Paralimpíadas subindo ao pódio, terminou em terceiro com 57s20, os tempos foram os melhores da carreira das duas atletas.
Paris 2024 é a terceira Paralimpíada de Fernanda, que estreou em Pequim 2008 e, após ficar fora da disputa em Londres 2012 e Rio 2016, voltou a competir em Tóquio 2020. Após ficar perto do pódio com um quarto lugar no Japão, a paraense, que tem má-formação congênita no braço esquerdo, abaixo do cotovelo, reencontrou seus melhores tempos e chegou ao bicampeonato mundial nos 400m em Paris 2023 e Kobe 2024. Nas Paralimpíadas, coroou com o ouro os 16 anos de busca pelo lugar mais alto do pódio.
Levou junto Maria Clara Augusto, que em sua estreia na competição já conquistou o bronze. A jovem atleta, que também tem má-formação congênita no braço esquerdo abaixo do cotovelo, brilhou na última temporada ao conquistar a prata nos Jogos Parapan-americanos de Santiago 2023 e bronze no Mundial de Paris 2023. Em Paris, fez seu melhor tempo para garantir um lugar no pódio.
“Quatro semanas antes da viagem eu machuquei o joelho, não conseguia treinar, não conseguia fazer nada, então bateu um momento de desespero. Eu passei duas semanas para baixo, mas eu tive pessoas que me ajudaram, meu técnico, minha família, os fisioterapeutas, psicólogos principalmente, a equipe multidisciplinar do CPB, quero agradecer a todos que estão envolvidos”, comemorou Fernanda.
Tiro Esportivo
O Brasil conquistou uma medalha inédita em sua história em Paralimpíadas, na França. Na manhã deste domingo (1º), Alexandre Galgani foi prata na carabina de ar deitado 10m SH2 misto, a primeira medalha brasileira no tiro esportivo em Jogos Paralímpicos. O paulista de 41 anos confirmou as expectativas que recaíram sobre ele depois de sua excelente participação nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago, no Chile, no ano passado, quando ganhou duas medalhas: prata na categoria rifle 10m e ouro na carabina 50m, batendo o recorde Parapan-Americano na final e garantindo a vaga para Paris. O ciclo de Galgani ainda conta com o bronze no Mundial de Tiro Esportivo de Lima, em 2023, na Carabina de Ar 10m, posição em pé.
Na final desta manhã, Galgani terminou com 254,2 pontos, atrás apenas do francês Tanguy de la Forest, que somou 255,4 pontos e conquistou o ouro. O bronze ficou com a japonesa Mika Mizuta, com 232,1 pontos. No tiro esportivo, homens e mulheres competem juntos. A categoria SH2, de Alexandre, é para atiradores de carabina que não possuem habilidade para suportar o peso da arma com os braços e precisam de suporte para a arma. A estreia brasileira no tiro esportivo em Paralímpiadas foi em 1976, mas o país só voltou a ter representantes em Pequim 2008, após 32 anos fora do evento, com Carlos Garletti, que também disputou os Jogos Paralímpicos de Londres 2012 e do Rio 2016.
Foi justamente na Rio 2016 que Alexandre Galgani fez sua estreia, junto com Débora Campos e Geraldo Rosenthal. Já nos Jogos de Tóquio 2020, Galgani foi o único representante do país na modalidade. Em Paris 2024, Galgani está em sua terceira participação, acompanhado por Bruno Stov Kiefer. Dessa vez, o pódio veio, coroando uma história que começou há mais de 20 anos e que inclui muito treino e dedicação, com direito a um estande montado dentro da própria casa. Galgani já atirava, com espingarda de chumbinho, desde garoto.
Em 2002, com 18 anos, mergulhou na piscina de sua casa, bateu a cabeça no fundo e teve uma lesão na coluna, ficando sem os movimentos do corpo. “No começo foi bem difícil, porque eu só mexia os olhos, então, tinha um desânimo muito grande. Tinha uma incógnita que não sabia se eu ia poder sair da cama ou não”, contou o atleta, em 2023. Com fisioterapia e apoio da família, Galgani conseguiu, aos poucos, retomar os movimentos dos membros superiores, e pediu ao pai ajuda para voltar a atirar. É para o pai, que morreu em 2014, que ele disse que dedicaria a medalha.
A partir do retorno ao esporte, veio uma nova motivação. Galgani não tem todos os movimentos dos membros superiores, não mexe nenhum dedo da mão, por exemplo. Porém, retomou várias atividades que, no início, acreditou que não fariam mais parte de sua vida, e se formou em Direito. “Consigo dirigir, consigo praticar o esporte. Isso na minha vida foi para voltar a sonhar, ver o meu olho brilhar, fazer alguma coisa que eu amo. Saber que eu posso brigar de igual pra igual com muitos aí ou até mais, o esporte trouxe a minha vida de volta”, finalizou.
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Felipe Junior
Sou Felipe Junior, jornalista formado, na Universidade Regional de Blumenau (Furb), pós-graduado em Jornalismo Esportivo e Multimídias, na Anhembi Morumbi, em São Paulo.