Massaranduba

Parteiras unem tradição e ciência no cuidado com as mulheres

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23/01/2024

A tradição, que vem de um saber ancestral, e a ciência, baseada em evidências, são conhecimentos que andam lado a lado quando se fala no trabalho das parteiras. Nayane Cristina, uma parteira que atua no Sistema Único de Saúde (SUS), em Brasília, conta que desde os 4 anos já sabia que a atividade era o chamado dela. E que a história da avó, que teve oito partos em casa, a inspirou.

Parteiras unem tradição e ciência no cuidado com as mulheres

Wilson Dias – Agência Brasil

 

“Eu me lembro muito claramente de ver minha avó no fogão de lenha ali, fazendo comida, fervendo leite, e eu sentada no banquinho, próximo do chão, ouvindo as histórias dela, e aquilo realmente acendeu em mim uma chama de entender que aquele era o meu caminho”, disse Nayane.

 

O caminho de Nayane para se tornar uma parteira foi a faculdade de enfermagem e a residência em obstetrícia.  

 

No Brasil, a assistência ao parto por enfermeiras obstetras está prevista em uma lei de 1986 e em resoluções do Conselho Federal de Enfermagem (CFE). Pela legislação, compete às enfermeiras prestar assistência ao parto normal de evolução fisiológica e ao recém-nascido.

 

Esses partos podem acontecer em hospitais, em casa ou nas casas de parto, como a da região administrativa de São Sebastião, no Distrito Federal, onde Nayane trabalha. No local, 13 parteiras assistem, em média, 37 partos por mês.

 

São gestações de baixo risco e o atendimento segue um modelo respeitoso, que ajuda a diminuir as taxas de partos por cesariana.

 

“Sim, partos assistidos por enfermeiras, por parteiras, reduzem o número de cesarianas consideravelmente. Aqui no Distrito Federal a gente tem vários estudos que já mostraram que em locais onde nós temos a residência de enfermagem obstétrica, a gente tem redução de cesarianas e de intervenções de maneira geral”, explica.

 

 

Trabalho das parteiras continua importante à segurança do parto

 

Dados da Fiocruz apontam que, no país, a taxa de cesariana é de 55%. Na rede particular, o índice ultrapassa os 80%. É importante destacar que a escolha pelo acompanhamento com parteiras não exclui o papel dos médicos na gestação.

 

As parteiras também atuam munindo as gestantes de informações, considerando a autonomia das mulheres. 

 

Para a médica obstetra Monique Novacek, as mulheres que contam com esse duplo cuidado chegam mais preparadas para o parto.

 

“Ela vai fazer questão do acompanhante, vai fazer questão de um ambiente calmo e respeitoso para ela, vai fazer questão que o médico explique para ela também se precisar ir para uma cesárea, porque disso acontecer”.  

 

A medicina trouxe avanços que salvam vidas diariamente. Ao mesmo tempo, há beleza em ver que as tecnologias ancestrais persistem.

 

As parteiras tradicionais, aquelas que aprenderam o ofício de forma oral, observando outras mulheres, e que atuam Brasil afora, continuarão a amparar as crianças, nas mãos modernas das mulheres que atendem a esse chamado. Com informações da Agência Brasil

Parteiras unem tradição e ciência no cuidado com as mulheres

Importância vital dessas experientes mulheres ainda é lembrada

 

Hoje, as maternidades suprem praticamente todo o trabalho, mas grande parte da população mais vivida nasceu das mãos de parteiras, muitas delas com instrumentais para ajudar no nascimento da criança.

 

São vários os exemplos na região. Em Massaranduba, existe inclusive exposição no Museu Municipal de instrumentos utilizados por uma parteira de Massarandubinha, que tinha, também, todas as anotações dos nomes das famílias que atendeu.

 

O JDV realizou, anos atrás, reportagem de Lúcia Besen Koch, sobre a história de vida de sua mãe, a parteira Maria Petry Besen. Todos os instrumentais e registros foram preservados pela família e hoje podem ser observados no museu de Massaranduba, ao lado da Prefeitura.

 

A vida e o trabalho de Maria Petry Besen tornaram-se base de pesquisa de mestrado para a dissertação intitulada “Artefatos que suscitam memórias: parteiras na contemporaneidade – interfaces entre educação popular e gênero”.

 

Cada cidade, certamente, tem uma história sobre parteiras, que ajudaram a trazer ao mundo milhares de crianças, num tempo em que as condições das maternidades eram precárias, ou não existiam. A parteiras eram as grandes referências, e sempre muito requisitadas e respeitadas pelos saberes e conduções dos partos naturais nas casas.

 

Um exemplo é de Emma Grützmacher Dallmann, do Rio Cerro II, que foi homenageada com o nome do centro de educação infantil, inaugurado em maio de 2023. Entre o seu trabalho comunitário, o registro de mais de 2,4 mil partos e serviços de saúde.  Continua lembrada e amada e, agora, com o nome perpetuado no estabelecimento infantil do bairro em que residia.

 

Parteiras unem tradição e ciência no cuidado com as mulheres

 

 

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Por

Jornalista a 47 anos escrevendo a história de Jaraguá do Sul e do Vale do Itapocu, com credibilidade.

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