Práticas ambientais integram dia a dia de pequenas empresas
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A sustentabilidade já é realidade em boa parte das micro e pequenas empresas (MPEs) brasileiras. Levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) revela que 75% desses negócios adotam práticas ambientais no cotidiano com foco em reduzir o impacto de suas atividades no meio ambiente.
Entre as ações mais frequentes estão a redução do consumo de água (69,2%), a separação de lixo e resíduos para reciclagem (68,4%), a redução do uso de energia elétrica (66,6%) e a diminuição do gasto de papel (66,3%).
Esse movimento não acontece por acaso. Com as mudanças climáticas e o aumento da consciência ambiental, práticas sustentáveis passaram a ser uma demanda dos consumidores, além de contribuírem na atração de talentos e gerarem melhores resultados financeiros.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), 83% dos brasileiros acreditam que consumir produtos de marcas engajadas com a sustentabilidade é uma forma de colaborar com a preservação do planeta.
Não é à toa que, logo depois do governo (28%), os clientes e consumidores (27%) são apontados na pesquisa do Sebrae como os principais agentes de cobrança externa às MPEs.
O estudo mostra, ainda, que os demais pilares do ESG (em português, Ambiental, Social e Governança) também estão recebendo maior atenção. Em termos de governança, 87% dos pequenos negócios estão engajados com práticas como conduta ética, pagamento regular de impostos e separação entre finanças pessoais e da empresa.
Conteúdos em alta
Já na dimensão social, 56% investem em ações voltadas à diversidade, ao combate à discriminação e à promoção de ambientes de trabalho mais seguros. Contudo, a pesquisa acrescenta que a falta de conhecimento e os custos percebidos ainda são desafios desse processo.
Saiba como as empresas podem se tornar mais sustentáveis
Para orientar pequenos negócios rumo a um modelo mais sustentável, a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) recomenda que o primeiro passo seja identificar como as atividades afetam a sociedade e o meio ambiente.
Podem ser encontrados, por exemplo, impactos na cadeia de fornecimento, na geração de resíduos ou no consumo de recursos. A partir daí, é possível traçar metas, como reduzir o uso de insumos, adotar fornecedores responsáveis ou desenvolver ações junto à comunidade.
Outro ponto destacado pela CNDL é a importância da transparência e do envolvimento das equipes. Ao compartilhar metas e desafios com clientes, funcionários e parceiros, o negócio ganha credibilidade e engajamento.
Pensando nisso, capacitar a equipe é considerado fundamental. Além de ampliar o conhecimento sobre sustentabilidade, um treinamento de compliance voltado a ESG ajuda a promover a adesão às práticas implementadas e criar um ambiente mais preparado para mudanças.
A gestão de riscos ambientais também exige atenção por parte das empresas. De acordo com o clickCompliance, seguir a legislação ambiental e monitorar as práticas internas são medidas indispensáveis para evitar sanções, prejuízos financeiros e danos à imagem do negócio.
A empresa destaca que a adoção de um canal de denúncias empresarial auxilia na identificação de condutas que possam comprometer o meio ambiente. Além disso, esse recurso atua nas frentes social e de governança, pois permite que colaboradores e terceiros relatem casos de assédio, discriminação, fraudes e comportamentos antiéticos, fortalecendo a cultura de integridade e transparência dentro da organização.
A CNDL lembra que sustentabilidade é um campo marcado pela dinamicidade. Inovar continuamente e se manter atualizado sobre novas práticas e tecnologias é essencial para a competitividade do negócio. Estar próximo de pessoas, redes e instituições que compartilham essa visão também amplia as possibilidades de aprendizado e desenvolvimento.
Certificações reconhecem boas práticas
Com o crescimento das práticas ESG entre os pequenos negócios, surgem também iniciativas de reconhecimento. Em junho do ano passado, o Governo Federal instituiu o “Programa Selo Verde Brasil”, que permite certificar produtos e serviços sustentáveis com base em critérios como pegada de carbono, rastreabilidade, resíduos sólidos e eficiência energética.
A certificação será voluntária, coordenada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), e concedida por certificadoras acreditadas pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) com base em normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Um dos objetivos é estimular a melhoria da qualidade dos serviços e produtos brasileiros.
“Essa é uma iniciativa que acompanha a tendência mundial de qualificação de produtos e serviços atendendo a critérios sociais e ambientais. Estamos reforçando nosso compromisso com o fomento à economia verde, um dos pilares da Nova Indústria Brasil”, explica o vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin.
O Sebrae também está preparando uma iniciativa voltada à certificação ESG de micro e pequenas empresas. Em parceria com a ABNT, será lançada uma plataforma para orientar os empresários na jornada rumo à certificação, com metas específicas por setor e avaliação do impacto das ações sustentáveis.
A expectativa é que 10 mil negócios participem da primeira fase do programa, que deve ganhar visibilidade com a realização da COP 30, em novembro, no Brasil. Esses selos funcionam como um atestado de comprometimento e podem influenciar diretamente a percepção dos consumidores.
Segundo a CNC, 58% dos brasileiros valorizam selos e certificações socioambientais no momento da compra. Para as pequenas empresas, essa é uma oportunidade de ampliar a competitividade, fortalecer a reputação e contribuir com o desenvolvimento sustentável.
Max Pires
Já criei blog, portal, startup… e agora voltei pro que mais gosto: contar histórias que fazem sentido pra quem vive aqui. Entre um café e um latido dos meus cachorros, tô sempre de olho no que importa pra nossa cidade.