“Quem é Éder Lima?”: entenda os cartazes da torcida no jogo Jaraguá Futsal x JEC pela LNF
Foto: Paulinho Sauer
No último domingo (9), o clássico Jaraguá Futsal x Joinville, válido pelas quartas de final da Liga Nacional, ganhou um ingrediente a mais além da vitória do aurinegro por 4 a 1: o bom humor da torcida jaraguaense. Entre bandeirões e cantos para apoiar o time, um cartaz chamou atenção em meio aos milhares de torcedores: “Quem é Éder Lima?”.
A provocação é reflexo de uma relação que já vinha sendo construída ao longo da temporada. O pivô Éder Lima, camisa 5 do JEC Futsal, conhecido por seu estilo competitivo e por comentários firmes nas redes sociais, protagonizou alguns momentos que chamaram atenção da torcida jaraguaense.
Como tudo começou
No duelo de ida, disputado no Centreventos Cau Hansen, o Jaraguá já havia vencido por 4 a 1, em uma partida marcada pelo equilíbrio no primeiro tempo e pela ofensividade jaraguaense na etapa final. Tatinho, Pedrinho, Marcênio e Ruan balançaram as redes, construindo uma vitória que encheu a torcida de confiança para o jogo decisivo em casa.
Segundo o presidente da torcida organizada Barra Independente, Giovani Leoni, os cartazes foram produzidos a partir de um episódio que ocorreu neste primeiro confronto da série. Ele explica que em dado momento do jogo, Éder Lima mostra o nome na própria camisa ao jogador Ruan e que, em seguida, dá a volta para ver a parte de traz da camisa do jogador camisa 32 do Jaraguá Futsal.
O gesto chamou atenção dos torcedores e, mesmo sem áudio – tanto no vídeo quanto para quem acompanhou a cena ao vivo – a imagem rapidamente ganhou leitura popular. A interpretação se espalhou nas arquibancadas e acabou servindo de combustível para o jogo de volta.
“Isso já vem de outros jogos. O Éder costuma fazer vídeos e dar aquela cutucada. No último jogo lá em Joinville, ele mostrou a camisa, olhou a do Ruan… e a torcida interpretou como uma provocação. E a gente só devolveu no nosso estilo: com criatividade e bom humor”, disse Giovani.
Conteúdos em alta
Segundo o presidente, as provocações também fazem parte de um elemento clássico do esporte: o jogo psicológico. Trata-se de uma tentativa – dentro dos limites da rivalidade – de mexer com o adversário e criar um clima mais quente para o clássico.
“A intenção é sempre essa: tentar tirar o foco, dar aquela balançada. Alguns jogadores já estão acostumados, já ouviram de tudo, mas às vezes funciona. A torcida tenta entrar no psicológico, faz parte do jogo. E quem joga em alto nível precisa ter cabeça fria para não se abalar com a brincadeira”, completou.
Foi assim que a história ganhou força no jogo de volta, na Arena Jaraguá. Diante de mais de 8 mil torcedores, a Locomotiva Amarela repetiu o placar de 4 a 1, com gols de Bruninho, Marcênio, Eka e Nicolas.
Após a partida que eliminou o Joinville da LNF, torcedores chegaram a publicar o vídeo em tom de humor nas redes sociais. Confira:
A sintonia entre time e arquibancada
Apesar da criatividade das provocações vindas das arquibancadas, a relação entre o elenco e a torcida se mantém baseada em respeito e cumplicidade. O time não incentiva provocações, mas reconhece que elas fazem parte da cultura do futsal e da atmosfera de um clássico dessa dimensão. Segundo Giovani, os jogadores são receptivos ao carinho da torcida e, em muitos momentos, acabam entrando na brincadeira de forma natural.
“O time e a torcida têm uma sinergia muito grande. Os jogadores são super acessíveis, entendem a importância desse clássico e sabem o quanto isso significa para a cidade. Eles entram na pilha do jeito certo, com profissionalismo e respeito, e retribuem tudo dentro da quadra”, completou Giovani.
Essa proximidade é um dos elementos que sustentam a força do Jaraguá Futsal há décadas. Em jogos decisivos como esse, a conexão entre arquibancada e elenco cria uma atmosfera única. No fim, todos participam da mesma construção – a da rivalidade saudável, carregada de paixão e história.

“Sem fofoca”: mais um cartaz cheio de humor
Outro cartaz espalhado entre os torcedores dizia “Sem fofoca”, uma frase que se tornou bordão entre a Barra Independente após um vídeo publicado por Éder Lima, no qual ele dizia “não querer saber de fofoca”. O trecho viralizou internamente e passou a ser repetido pela torcida jaraguaense.
“Ele gosta de comentar e de ‘cutucar’, faz parte do estilo dele. Essa frase acabou pegando, virou meio que um bordão, e a gente trouxe pro ginásio de forma descontraída”, explicou Giovani.
Mas afinal, quem realmente são Ruan e Éder?
Brincadeiras e provocações entre rivais à parte, o fato é que os dois jogadores são muito amados pelas próprias torcidas, e cada um carrega uma trajetória vitoriosa no futsal nacional e mundial. Conheça um pouquinho de cada um dos jogadores:
Ruan Alflen, 27 anos, é natural de Salete (SC) e hoje é um dos principais nomes da equipe jaraguaense. Mas antes do manto aurinegro, Ruan já vestiu a camisa do Joinville em 2022 e o Blumenau em anos anteriores; passou também pelo futsal europeu, defendendo o Italservice Pesaro, da Itália, e o Tyumen, da Rússia. Conquistou títulos importantes, como a Liga Nacional de Futsal pelo Jaraguá Futsal e a Supercoppa Italia Futsal, além de acumular boas campanhas em competições nacionais e internacionais.
Do outro lado, Éder Lima, 41, é um pivô renomado. Nascido em São Paulo e naturalizado russo, o jogador foi artilheiro da Copa do Mundo de Futsal de 2012 e melhor jogador da edição de 2016, defendendo a seleção da Rússia. Chegou a jogar em times como Magnus e Corinthians, e é conhecido como “Matador Russo”, Éder acumula títulos internacionais e uma carreira de destaque.

Como isso impacta a sua vida?
Episódios como o dos cartazes mostram como o futsal faz parte da identidade e da cultura das cidades catarinenses. Em Jaraguá, torcer não é apenas acompanhar o placar, é viver a emoção coletiva, expressar pertencimento e reforçar o orgulho local. Esses gestos das arquibancadas, por mais simples que pareçam, ajudam a manter viva uma tradição que une gerações, move comunidades e transforma o esporte em uma linguagem de afeto e resistência.