Raposão: quem está por trás do mascote mais amado do esporte jaraguaense?

Foto: Paulinho Sauer
A torcida canta, os bandeirões tremulam e o som dos batuques ecoam pela Arena Jaraguá. No meio dessa atmosfera vibrante que compõe cada jogo do Jaraguá Futsal, uma figura se destaca: o Raposão.
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Carismático, animado e bem-humorado, o mascote do time é um símbolo da identidade aurinegra e uma representação viva do espírito do futsal na cidade. Neste ano de 2025 ele completa 10 anos de personificação – do imaginário da torcida organizada, na última década ele ganhou corpo e se faz ainda mais presente animando todos os jogos.
Mas se o Raposão já existia muito antes de virar um mascote em “carne e osso”, qual a história por trás desse personagem? Como ele surgiu? Quem o criou?
E antes de tudo isso, quem está por trás desta figura que é responsável por fazer o torcedor sorrir e incentivá-lo a apoiar o time ainda mais? O JDV foi desvendar tudo isso!
Quem dá vida ao Raposão?
Basta assistir a um jogo do Jaraguá Futsal para entender por que o Raposão conquistou a todos. Ele faz dancinhas engraçadas, brinca, improvisa, chama a torcida para cantar e torcer com ele. Vai até a arquibancada, segura a bandeira… transforma qualquer jogo em espetáculo.
Toda essa energia vem do barbeiro Luan Carlos de Oliveira Macedo, 34 anos, natural de Santos (SP). Figura espontânea e bem-humorada, Luan não tinha planos de ser mascote, muito menos virar o rosto – ou a raposa – mais querida da cidade.
Tudo começou de forma inesperada, quando ele cortava o cabelo de Luís Dalprá, dirigente do Jaraguá Futsal, na antiga barbearia onde trabalhava.
Dalprá precisava com urgência de alguém para representar o Raposão em uma final de campeonato e, encantado com o jeito extrovertido de Luan, não teve dúvidas: “Puts, achei o meu mascote”, disse ele, ainda sentado na cadeira.
Mesmo com receio, Luan aceitou o desafio, e dali nasceu o Raposão que todos conhecem e amam hoje.
Em entrevista ao JDV, o superintendente do clube, Junai Roza, reforça que a escolha por Luan foi muito acertada.
“Percebemos logo que precisávamos de alguém fixo e carismático para as partidas. Muitas vezes usávamos voluntários ou jogadores da base, mas faltava constância e envolvimento emocional. O Luan se destacou por esse carisma natural e foi chamado oficialmente para assumir o papel”, conta.
Também explica que “a presença constante do Raposão, com uma identidade mais clara, ajudou a criar um vínculo afetivo duradouro com a torcida” — estratégia importante para fortalecer o marketing do clube.
Três anos na “pele” do Raposão
Desde então, Luan está à frente do personagem. Já são mais de três anos, e seu compromisso com o mascote vai além das aparições em jogos: ele é presença constante em eventos do clube, festas infantis, ações sociais e momentos de confraternização com a torcida.
“O respeito e o carinho que recebo é surreal. Faço questão de atender a todos com muito carinho e educação”, afirma Luan.
Com uma rotina dividida entre a barbearia e os jogos, Luan revela como se prepara para encarnar o Raposão na Arena Jaraguá. “Sou elétrico por natureza”, brinca. Sem treinamentos específicos, ele aposta no bom humor e na espontaneidade como combustível para suas performances.
Mas nem tudo é improviso absoluto: “Temos algumas atividades combinadas antecipadamente com o marketing, principalmente por conta do tempo curto durante os intervalos dos jogos”, explica. Esse planejamento ajuda a otimizar a interação com o público.
Entre as memórias marcantes na pele do personagem, Luan destaca a semifinal da Liga Nacional 2024 na Arena, partida realizada contra o Pato Futsal. “Entrar naquele ginásio e ouvir a torcida gritar ‘uuu é o Raposão’ foi inesquecível, um dos momentos mais emocionantes dessa trajetória”, relembra.
Em contrapartida, também viveu momentos cômicos, como quando desafiou um dançarino de hip hop no intervalo das oitavas de final – contra o Corinthians. Ao tentar um movimento de capoeira chamado “macaquinho”, a cabeça do mascote caiu diante dos mais de 8 mil presentes no dia, gerando muitas gargalhadas na Arena.
Mascote que nasceu de uma torcida apaixonada

A trajetória do Raposão tem raízes profundas na história da torcida organizada Barra Independente. Fundada em 2006 por um grupo de amigos, o sonho era dar ainda mais identidade à paixão pelo Jaraguá Futsal. Um dos fundadores e primeiro presidente da torcida, Marcelo Heidemann, hoje com 41 anos, explica que a escolha do mascote não foi por acaso, mas resultado de uma construção simbólica estratégica:
“Tínhamos duas opções: cachorro ou raposa. Optamos pela raposa por causa da rivalidade com o Joinville, que tem um coelho como mascote. A raposa é a maior predadora do coelho.”
Essa decisão representava mais do que uma simples preferência visual — era uma forma de afirmar uma personalidade diante dos adversários. Assim, a rivalidade com o Joinville, já intensa, ganhou uma temática mascote-versus-mascote: raposa vs. coelho.

Na sequência, Marcelo e Roberto Cardozo da Silva (o Betinho) assumiram a missão de transformar essa ideia em arte. Inspirados por grafites usados pelas torcidas organizadas no futebol brasileiro, como a do Cruzeiro, os dois idealizaram os primeiros desenhos do mascote. Esses esboços foram transpostos para banners, camisetas e bandeirões com tecidos pintados à mão – alguns usados até hoje pela torcida.

O primeiro grande símbolo visual apareceu ainda em 2006, em um bandeirão com fundo azul e faixa amarela – cores tradicionais da Independente. Com o tempo, o azul foi substituído pelo preto e o amarelo ganhou tons mais sóbrios.

Além disso, a torcida buscou aproximar a figura do mascote ao clube. A presença marcante da raposa em gráficos, bandeiras e instrumentos começou como expressão espontânea, até que foi abraçada institucionalmente anos depois com a chegada do mascote.

Foi em 2015 que o Raposão deixou o status de símbolo tipográfico para ganhar corpo próprio e ativo, que participaria dos jogos em tempo integral, empurrando a torcida e sediando emoções.

As três faces do Raposão
Ao longo da sua década de existência como mascote oficial do Jaraguá Futsal, o Raposão passou por pelo menos três grandes mudanças em sua aparência. A primeira versão contava com um traje completo, com cabeça de raposa e o corpo inteiro peluciado.
Com o tempo, evoluiu para versões mais leves: os dois modelos mais recentes mantêm apenas a cabeça do mascote, mais expressiva e funcional, facilitando a mobilidade do Luan durante os jogos e reforçando a presença visual nas arquibancadas.

Essas mudanças acompanham a evolução da identidade do clube e também o investimento. O superintendente Junai Roza reforça que tudo foi muito bem pensado, apostando em ideias que mantivessem a afetividade com as crianças, mas mostrasse a força e presença do mascote em representação à determinação da equipe.
“Em 2025, ele ganhou uma nova cabeça com traços mais definidos. Decidimos investir em um rosto mais expressivo para reforçar a conexão com o público e com a nossa identidade institucional.”
Um mascote que conecta time e torcida
A consolidação do Raposão como figura estratégica do Jaraguá Futsal vai muito além das arquibancadas. Para Junai, essa presença faz toda a diferença na experiência do público; o mascote passou a ser visto como um ativo do clube, um símbolo que agrega valor institucional e cria memórias afetivas para quem vai ao ginásio.
“O Raposão ajuda a aumentar a visibilidade do clube, fortalece o engajamento presencial e nas redes sociais, além de chamar a atenção de patrocinadores — é um diferencial que vai além de entretenimento.”

Esse reconhecimento também chega para o próprio Luan, que percebe o peso do papel que desempenha:
“Mesmo estando na pele de um personagem, vejo que me consideram uma peça importante. Represento algo maior para o clube.”

Como isso impacta sua vida?
Se você já foi à Arena Jaraguá, com certeza pôde sentir a energia do Raposão por lá. Ele transforma cada partida em momentos especiais, principalmente para as crianças, unindo famílias e reforçando o orgulho aurinegro. Sua presença vai além do entretenimento, torna o futsal jaraguaense uma experiência inesquecível para toda a comunidade.
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Gabriela Bubniak
Jaraguaense de alma inquieta e jornalista apaixonada por contar boas histórias. Tenho fascínio por livros, música e viagens, mas o que me move é viver a energia de um bom futsal na Arena e explorar o que há de melhor na nossa terrinha.