Esportes | 27/12/2025 | Atualizado em: 27/12/25 ás 13:52

A história inacreditável da jaraguaense que trocou o atletismo pelo gelo e foi às Olimpíadas de Inverno

De Jaraguá do Sul para o gelo, a história inacreditável da atleta que fez história em Sochi

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A história inacreditável da jaraguaense que trocou o atletismo pelo gelo e foi às Olimpíadas de Inverno

Fotos: Reprodução/Arquivo pessoal de Sally Mayara

Nascida em Jaraguá do Sul, Sally Mayara Siewerdt da Silva nunca imaginou que sua paixão pela velocidade a levaria a um dos palcos mais improváveis do esporte mundial. Do calor das pistas de atletismo em Santa Catarina, ela migrou para o gelo escorregadio do bobsled , e fez história ao representar o Brasil nas Olimpíadas de Inverno de 2014, em Sochi, na Rússia.

Sally disputando prova de atletismo por Jaraguá do Sul

“Estar participando das Olimpíadas de Inverno e ser a primeira equipe feminina do Brasil a conseguir esse feito foi o momento mais marcante”, relembra Sally. “Eu me sentia representando não só o Brasil, mas também Jaraguá do Sul. Lembrei de onde tudo começou, com o professor Gelson na escola Helmuth Duwe, no bairro Rio da Luz. Foi lá que conheci o atletismo e representei a cidade por anos.”

Sally durante treinos em Márilia com equipamento adaptado – Foto Prefeitura de Marília

De Brusque a Sochi: a guinada no esporte

Antes de se tornar a primeira jaraguaense a competir em uma Olimpíada, Sally brilhou nas pistas de atletismo. Atuando por Brusque nos Jogos Abertos de Santa Catarina, ela se destacava nas provas de 100 e 200 metros com barreiras e nos revezamentos. Foi essa potência explosiva que chamou a atenção da Confederação Brasileira de Desportos no Gelo (CBDG), durante uma seletiva realizada em 2013.

Sally durante treino no frio de Sochi na Russia

Aprovada, Sally integrou a primeira equipe feminina de bobsled do país ao lado de Fabiana Santos e Larissa Antunes. Sem infraestrutura no Brasil, a preparação foi dividida entre treinos físicos em Marília (SP) e estágios técnicos no gelo de Calgary (Canadá), Park City e Lake Placid (EUA).

“Começávamos com treinos de força, saltos e corridas no Brasil. Depois íamos para São Paulo, onde usávamos uma pista de empurrada com trilho. Quando chegávamos no exterior, fazíamos tudo isso mais duas descidas por dia nas pistas de gelo. Por causa da pressão, esse é o limite permitido”, explica.

Preparativos pré prova

Classificação histórica e reconhecimento internacional

A dupla Sally e Fabiana conquistou, em janeiro de 2014, a etapa de Lake Placid da Copa América de Bobsled, superando até mesmo as canadenses e equipes internacionais como as da Coreia do Sul, que participavam da competição em busca de pontos no ranking mundial. O feito garantiu os pontos necessários para que o Brasil classificasse, pela primeira vez, uma equipe feminina de bobsled para os Jogos de Inverno.

Largada da prova na Olimpíada de Sochi

Na estreia olímpica em Sochi, Sally atuou como brakewoman (responsável pelo empurrão inicial e freada final), enquanto Fabiana foi a piloto. Juntas, completaram as quatro descidas com segurança, terminando na 19ª posição. Mais do que um resultado, a participação foi um marco simbólico: uma jaraguaense em uma Olimpíada de Inverno, desafiando os limites geográficos do esporte.

“O que passou na minha cabeça na primeira descida foi: ‘O que estou fazendo aqui?’”, conta entre risos. “Fiquei apavorada. Você vai a mais de 100 km/h, de cabeça baixa, sem ver nada. Mas depois fui gostando da adrenalina. Inclusive, precisei sentir como era tombar o trenó. E quando isso aconteceu, vi que não era tão ruim”, brinca.

Velocidade ultrapassa os 100km/h

“A gente estava emocionalmente cansado antes da última prova classificatória para Sochi. Era muita gente dividindo casa por seis meses, muitos atritos. Mas um treinador fez um vídeo com nossas famílias, choramos, nos abraçamos e fomos mais fortes. Vencemos a prova e garantimos a vaga. Foi um momento único.”

Impacto local, superação e legado

A recepção em Jaraguá do Sul foi calorosa. Sally virou motivo de orgulho regional e compartilhou suas experiências em entrevistas e coletivas. Mesmo após o fim da campanha em Sochi, manteve o sonho olímpico vivo: disputou a temporada 2017/2018 como piloto de bobsled, treinando novamente no Canadá. Apesar de não conseguir nova classificação para os Jogos de 2018, Sally consolidou sua trajetória como um exemplo de superação.

Hoje, Sally se considera realizada. “Seja forte e persistente. Dê o seu melhor todos os dias. Não desista do seu sonho. O meu era competir em uma Olimpíada , e eu consegui. Me considero uma vencedora.”

Registro nos anéis olímpicos de Sochi

Como isso impacta sua vida?

A trajetória de Sally Mayara mostra que os limites são muito mais mentais do que geográficos. Sua história inspira atletas jaraguaenses e catarinenses a sonharem mais alto, mesmo em modalidades pouco convencionais. Ao desafiar o clima, a infraestrutura e as expectativas, ela abriu caminho para que o esporte olímpico de inverno tenha voz também nos trópicos.

“Tenho certeza que o Brasil ainda pode crescer nos esportes de inverno. O país está investindo bastante e precisa de novos atletas. Se você tem um sonho, corra atrás dele e se dedique todos os dias.”

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Max Pires

Já criei blog, portal, startup… e agora voltei pro que mais gosto: contar histórias que fazem sentido pra quem vive aqui. Entre um café e um latido dos meus cachorros, tô sempre de olho no que importa pra nossa cidade.

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