Corredor de tornados, Santa Catarina registrou 6 vezes o fenômeno somente em junho
Foto: IA/JDV
Santa Catarina registrou, em menos de um mês, ao menos seis tornados que deixaram um rastro de destruição em diferentes municípios. Os eventos ocorreram durante os últimos dois finais de semana de junho e revelam uma característica singular do clima catarinense: mesmo fora do verão, o risco de tempestades severas continua alto – especialmente na região Oeste do estado.
Segundo a Gerência de Monitoramento da Defesa Civil estadual, a atuação de frentes frias e sistemas de instabilidade pode desencadear tempestades com potencial para vendavais e tornados mesmo durante o outono e o inverno. É um comportamento climático distinto de outras regiões do país, onde os maiores riscos associados às chuvas geralmente se concentram nos meses mais quentes.
Quedas de árvore e rastro de destruição
Na noite de 22 e madrugada de 23 de junho, a passagem de uma frente fria sobre Santa Catarina resultou em intensas tempestades, com registros de ventos acima de 100 km/h em diversos pontos. Em Passos Maia, no Oeste do estado, a Defesa Civil confirmou a ocorrência de um tornado após sobrevoo com drone, que identificou quedas de árvores de grande porte, destruição de galpões e danos significativos em moradias.
O monitoramento com radares meteorológicos detectou uma supercélula – tipo de tempestade severa com padrão de rotação nos ventos – por volta da 1h da madrugada. Esse tipo de formação tem potencial elevado para originar tornados, como se confirmou na análise posterior.
Outros municípios também foram afetados
Além de Passos Maia, ao menos outros cinco municípios foram afetados por fenômenos semelhantes na mesma noite: Xavantina, Belmonte, Descanso, São José do Cerrito e Lages. A identificação dos eventos contou com apoio da PREVOTS (Plataforma de Registros e Rede Voluntária de Observadores de Tempestades Severas), que analisa danos em vegetações, estruturas e redes elétricas para caracterizar a ocorrência de tornados e microexplosões.
Entre Belmonte e Descanso, por exemplo, os registros indicam que houve tanto uma microexplosão quanto um tornado, com impactos distintos, mas igualmente severos.
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Tempestade severa em Campos Novos
Na madrugada de 29 de junho, Campos Novos também foi atingida por uma tempestade severa classificada como supercélula. Em apenas uma hora, entre 2h e 3h da manhã, o município enfrentou fortes rajadas de vento, destelhamentos, alagamentos e quedas de árvores. A rede elétrica local também foi danificada, provocando transtornos à população.
Assim como em outros episódios, os sinais da tempestade foram monitorados por radares e meteorologistas, que alertaram para a intensidade do fenômeno.
O histórico climático e o alerta contínuo
A ocorrência de tornados e vendavais no inverno não é novidade em Santa Catarina. Um exemplo marcante é o chamado ciclone bomba de 30 de junho de 2020, que há exatos cinco anos provocou ventos superiores a 100 km/h em grande parte do estado, deixou milhares de casas destelhadas, provocou mortes e interrompeu o fornecimento de energia para mais da metade das unidades consumidoras do estado.
Esse histórico reforça a necessidade de monitoramento contínuo, conforme aponta a Defesa Civil estadual. A autarquia acompanha, em tempo real, as frentes frias, ciclones e outros sistemas meteorológicos que possam representar risco à população.
E o que esperar para julho?
Ao contrário do que se viu nas últimas semanas, a previsão para a primeira quinzena de julho indica um período mais tranquilo. Os modelos meteorológicos apontam tempo firme, com sol e temperaturas amenas. Pode haver variação de nuvens e chuvas isoladas, mas sem indicativos de novos episódios extremos como os registrados no fim de junho.
Ainda assim, autoridades reforçam que o clima na região Sul pode mudar rapidamente, e a população deve ficar atenta aos avisos oficiais emitidos por canais da Defesa Civil.
