SC é o estado que mais consome ultraprocessados no país; veja ranking

Foto: Freepik
Bolacha recheada, refrigerante, embutidos, salgadinhos… As chamadas junk foods viraram companheiras inseparáveis da rotina de milhares de catarinenses. Rápidas, baratas e acessíveis, elas parecem resolver o problema da fome no meio do corre-corre do dia. Mas um novo estudo da USP mostra que essa “solução” tem um custo alto para a saúde.
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Apesar dos muitos índices altos de qualidade de vida no estado, este é um dado que não orgulha. Santa Catarina lidera o ranking nacional de consumo de alimentos ultraprocessados, com todas as cidades do estado superando 20% da dieta composta por esse tipo de produto.
Florianópolis encabeça a lista, com o maior índice entre todos os municípios brasileiros: 30,5%. Os dados foram divulgados pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da USP (Nupens/USP) em estudo publicado na Revista de Saúde Pública.
O levantamento se baseia em informações do Censo Demográfico e da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE, cruzadas com dados socioeconômicos e corrigidas por fatores de atualização.

Foram considerados os hábitos alimentares de mais de 46 mil brasileiros com idade a partir dos 10 anos. Entre os 5.570 municípios avaliados, todas as cidades de Santa Catarina apresentaram participação calórica de ultraprocessados superior a 20%.
Florianópolis lidera, mas não está sozinha
A capital catarinense é a campeã nacional de consumo de ultraprocessados: quase um terço das calorias ingeridas em Florianópolis (30,5%) vem desse tipo de produto. O estudo também mostra que outras cidades do estado estão logo atrás no ranking: São José (28,3%) e Balneário Camboriú (27,8%) ocupam as posições seguintes.
Na região do Vale do Itapocu, os números também impressionam: Jaraguá do Sul registra 27,1% da dieta composta por ultraprocessados; Schroeder, 26,5%; Guaramirim, 25,5%; Corupá, 25,1%; Massaranduba, 24,3%; e São João do Itaperiú, 24%. Todas acima da média estadual.
As 10 cidades de SC que mais consomem ultraprocessados
- Guaramirim – 25,56%
- Florianópolis – 30,50%
- São José – 28,30%
- Balneário Camboriú – 27,80%
- Jaraguá do Sul – 27,13%
- Itapema – 26,78%
- Schroeder – 26,55%
- Itajaí – 26,37%
- Blumenau – 26,35%
- Joinville – 25,97%
As 5 capitais brasileiras que mais consomem ultraprocessados
- Florianópolis (SC) – 30,50%
- Porto Alegre (RS) – 26,62%
- Curitiba (PR) – 26,30%
- Salvador (BA) – 25,72%
- São Paulo (SP) – 25,54%
Clique aqui para acessar as estimativas de todas as cidades do país.
O que explica esse alto consumo
Segundo os pesquisadores, o acesso a maior renda, níveis mais altos de escolaridade e a urbanização são fatores determinantes para o aumento do consumo de ultraprocessados. Em cidades onde mais de 15% da população tem renda per capita superior a cinco salários mínimos, a parcela de calorias diárias oriundas desses produtos ultrapassa os 20%.
Mas o que exatamente são os ultraprocessados?
Os ultraprocessados incluem refrigerantes, biscoitos recheados, embutidos, macarrão instantâneo, salgadinhos e outros alimentos prontos produzidos em larga escala. Eles contêm ingredientes como gordura vegetal hidrogenada, xarope de frutose, emulsificantes, maltodextrina, corantes e realçadores de sabor.

Esses produtos são desenhados para ter sabor acentuado, longa durabilidade e consumo fácil, mas são pobres em fibras, vitaminas e nutrientes essenciais. Uma revisão de 45 estudos publicada na revista The BMJ revelou que o consumo frequente de ultraprocessados está associado a pelo menos 32 problemas de saúde, incluindo obesidade, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, depressão e câncer.
Nutricionistas recomendam medidas simples, mas eficazes: substituir o biscoito recheado por frutas, evitar refrigerantes, planejar refeições com antecedência e sempre verificar a lista de ingredientes dos produtos. Quanto mais curta e com nomes conhecidos, melhor.
Diante dos dados, cresce o debate sobre a implementação de um imposto seletivo sobre os ultraprocessados, nos moldes do que já existe para tabaco e bebidas alcoólicas. A medida, em discussão no contexto da Reforma Tributária, visa desestimular o consumo desses produtos.
Como isso impacta sua vida?
Santa Catarina está no centro de um problema alimentar silencioso. A praticidade dos ultraprocessados vem acompanhada de riscos concretos à saúde. Reduzir o consumo, planejar melhor as refeições e buscar alimentos minimamente processados é um passo essencial para mudar esse cenário.
Gabriela Bubniak
Jaraguaense de alma inquieta e jornalista apaixonada por contar boas histórias. Tenho fascínio por livros, música e viagens, mas o que me move é viver a energia de um bom futsal na Arena e explorar o que há de melhor na nossa terrinha.