Trânsito

Seminário “SC não pode parar” mostra precariedade das rodovias federais

Santa Catarina e o segundo maior Estado em acidentes nas rodovias federais, 3º maior Estado em acidentes por 100 km e 4º maior Estado em quantidade de mortes

29/10/2021

A campanha “SC não pode parar”, lançada em junho pela Fiesc e Grupo ND, teve mais uma etapa de sensibilização na quarta-feira (27), no Centro Empresarial de Jaraguá do Sul (Cejas), envolvendo lideranças políticas, o setor produtivo e comunidade. A finalidade da campanha é clara: sensibilizar os catarinenses para a gravidade de um problema que pode travar Santa Catarina, alertando para a necessidade buscar soluções. O foco inicial é a BR-101, mas os encontros regionais também tratam das BRs 470, 280, 282, 163, entre outras.

“Começamos pela BR-101, porque é a rodovia de maior movimento e que está mais distante de uma solução para seus problemas, mesmo estando sob concessão. E é justamente por estar sob concessão que existe uma alternativa para acelerar os investimentos: basta acrescentar as obras demandadas ao contrato de concessão para tirá-las do papel, sem passar pelo calvário da disputa pelos minguados recursos do orçamento federal para infraestrutura, o que tem levado os projetos e obras das demais rodovias a se arrastarem vergonhosamente por décadas”, registrou o presidente da Fiesc, Mário Cezar Aguiar.

“Santa Catarina cresce acima da média nacional, impulsionada por uma indústria que é referência e pelo dinamismo de uma economia diversificada, que gera também qualidade de vida aos seus habitantes. Podemos avançar cada vez mais, mas as conquistas do passado não garantem o futuro desejado. Precisamos agir agora. Uma das principais questões que precisamos enfrentar é a situação das rodovias do Estado, muitas delas à beira do colapso”, observou.

O engenheiro Egídio Antônio Martorano, gerente para assuntos de transporte, logística, meio ambiente e sustentabilidade da Fiesc traçou um panorama geral da logística catarinense e da necessidade de investimentos urgentes da parte do Governo Federal, para o escoamento da produção aos portos e centros consumidores, mas também para o turismo. A falta de segurança e fluidez na BR-101 – ainda inconclusa – impacta as demais rodovias que trazem a produção gerada de todas as regiões para os portos.

A falta de ferrovias foi outra questão abordada. A campanha em desenvolvimento está na fase dois, com a mobilização da sociedade, depois prevê um seminário com as bancadas federal e estadual, posteriormente campanha de educação e conscientização no trânsito, abaixo assinado digital com um milhão de assinaturas, finalizando com um fórum, em Brasília, onde todas as demandas levantadas nos seminários regionais serão levadas às autoridades federais.

Lideranças cobram mais investimentos nas obras de duplicação da BR-280

Na região Norte do Estado, a lentidão das obras de duplicação da BR-280 foi o assunto dominante do seminário “SC não pode parar”, realizada no Centro Empresarial, no dia 27. Nos 73,88 km a serem duplicados, de São Francisco do Sul a Jaraguá do Sul, o lote um tem apenas 12,74% das obras concluídas, o lote 2.1 (BR-101 a Guaramirim) 52% e o lote 2.2 (Guaramirim a Jaraguá do Sul, com desvio por Schroeder I) com 52,47% concluídas, dados até setembro.

(Foto: Prosul)

Para o lote 1, de São Francisco a BR-101 tem apenas R$ 50 milhões (de origem estadual) para as obras. Execução das obras com recursos federais até o mês passado na duplicação– R$ 43,8 milhões e previstos para 2022, apenas R$ 75,9 milhões. “O valor ideal para cada lote, em 2022, seria R$ 100 milhões”, registrou Egídio Martorano.

Ela chamou atenção para a necessidade de os parlamentares federais colocarem emendas impositivas no orçamento da União para acelerar as obras.  Na apresentação da Fiesc, relacionada a Mesorregião Norte de SC, no entorno da BR-280 (316 km, de São Francisco ao Planalto Norte) existe uma população estimada em 1,4 milhão de habitantes, com PIB (dados de 2018) de R$ 66,3 bilhões, exportações e importações em 2020 (US$ 7,0 bilhões).

O número de trabalhadores é de 448,4 mil. Arrecadação federal, na mesorregião, é de R$ 17,6 bilhões e ICMS arrecadado de R$ 5,1 bilhões, isso em 2020. As obras de duplicação da BR-280 iniciaram em dezembro de 2013 quando da entrega da ordem de serviço, com previsão inicial de conclusão em 2017.

O prazo foi repactuado, agora, para julho de 2023. Mas, pelo andamento das obras, dificilmente a meta será alcançada, em especial no lote 1 (S. Francisco a Br-101), onde tem ainda a questão ambiental do Canal do Linguado para ser resolvida.

No resumo do seminário “SC não pode parar”, foi unânime a afirmação de que soluções existem, mas é preciso ter cobrança massiva da sociedade junto ao Governo Federal, para melhorar a infraestrutura, em especial a rodoviária e a ferroviária, criando corredores intermodais e inserir Santa Catarina na logística nacional.

Não é possível mais se conformar com esse quadro. Os poderes Executivo e Legislativo e a sociedade precisam se unir ante a precariedade das rodovias federais e os efeitos relacionados com o comprometimento da competitividade do Estado, sob o risco de Santa Catarina travar.

Acidentes e mortes nas rodovias federais são negativos para SC

A campanha “SC não pode parar”, da Fiesc e Grupo ND, com apoio de parceiros, prevê uma campanha de educação e conscientização no trânsito. É pertinente. Santa Catarina e o segundo maior Estado em acidentes nas rodovias federais, 3º maior Estado em acidentes por 100 km (média de 256,3 acidentes) e 4º maior Estado em quantidade de mortes.

(Foto: Cesar Castro/ We Grupo)

De 2011 a 2020, segundo dados mostrados pela Fiesc no seminário havido na quarta-feira (27) no Centro Empresarial de Jaraguá do Sul, aconteceram 134.222 acidentes em rodovias federais, com 4.689 mortes no local. Não existem estatísticas do total de óbitos de pessoas encaminhadas para os hospitais.

O custo desses acidentes é estimado em R$ 18,6 bilhões e o custo das mortes no local, de R4 3,6 bilhões.

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