Você não vai acreditar nas 3 bandas internacionais que já tocaram em Jaraguá do Sul
Eu vi de perto, entrevistei e me emocionei. Veja como foi
Notre Dame em Jaraguá recebe show internacional com casa cheia - Foto: Acervo pessoal / Cesar Silva
Pode parecer mentira hoje, mas Jaraguá do Sul já foi palco de shows internacionais que marcaram época. Eu estive lá. Não ouvi dizer. Eu vi, vivi e registrei, com entrevista, bastidores e muito mais. Eram noites improváveis, quando a cidade se transformava sem avisar.
A seguir, compartilho três histórias que ficaram guardadas na memória de quem viu de perto essa fase quase secreta da nossa cultura local.
Information Society e o futuro no palco da Notre

Foi no fim dos anos 90. Ainda lembro das luzes neon e do som eletrônico que parecia vir direto de uma pista de dança de Nova York. Era o Information Society, banda americana de synth-pop, se apresentando em Jaraguá do Sul.
O show foi uma aula de tecnologia e batida pop. “What’s on Your Mind (Pure Energy)” levantou a galera e, por uma noite, a cidade mergulhou em um universo que normalmente só víamos na TV. Para muitos ali, foi o primeiro contato com aquele tipo de som ao vivo.
Um detalhe curioso é que, na época, chamou muita atenção ver os integrantes da banda caminhando livremente pelo centro da cidade, praticamente anônimos. Alguns chegaram a andar de patins pelas ruas, misturados à paisagem urbana jaraguaense.
Jaraguá ainda tinha menos de 90 mil habitantes e ver músicos com fama internacional circulando como cidadãos comuns era surreal. Aquilo tudo dava a sensação de que o mundo tinha encostado por aqui, sem alarde.
Conteúdos em alta
Não teve entrevista nessa. Mas teve emoção, teve surpresa, teve impacto. E foi ali que muita gente descobriu que a música podia atravessar oceanos e aterrissar aqui, no meio do Vale, no coração de Jaraguá.
The Outfield em 2000: uma noite que parecia Londres

Era 2000 e a Notre Dame estava lotada. Ninguém sabia muito o que esperar da banda inglesa The Outfield, famosa por “Your Love” e outros hits oitentistas. O público parecia contido no começo, talvez por não conhecer todo o repertório.
Mas bastaram alguns covers do The Police para o clima esquentar. Quando “Your Love” começou, foi impossível não cantar junto. O refrão ecoou alto, com um coral improvisado tomando conta da pista.
Eu estava lá junto com o jornalista Márcio Martins, cobrindo o evento para o antigo site O Leopoldo. Na passagem de som, conversamos com os integrantes John Spinks, Tony Lewis e Simon Dawson.
“Eles estavam bem-humorados, reclamando do sol, das queimaduras de praia e da turnê quente pela América Latina. Falamos sobre música eletrônica, sobre como preferiam instrumentos reais e até sobre Madonna, que eles juravam ser fã da banda”, relembra Márcio.
Comentaram que estavam lançando o disco “Rainbows End” e riram quando perguntamos sobre as Spice Girls e Oasis.
“Eles viraram vítimas da própria publicidade”, disseram. O show não era de multidões, mas foi íntimo, real e inesquecível. Aquela noite transformou Jaraguá em um pedacinho da Inglaterra por algumas horas.
Papa Winnie e o tributo que virou celebração

No mesmo ano, poucos meses depois, a Notre se encheu de novo, dessa vez com cheiro de reggae e espírito de celebração. Era a quarta vez que Papa Winnie se apresentava em Jaraguá, mas essa foi especial. Dividiu o palco com Andrew Tosh, filho de Peter Tosh, e com JR Marvin, da formação original dos Wailers. A banda Djambi, de Curitiba, completou o time com uma base instrumental forte e autêntica.
Também entrevistamos Winnie naquela noite. A energia era diferente. Ele falava com carinho do público brasileiro, “cheio de energia”, segundo ele. Disse que tinha músicas prontas para um novo disco e que amava Gilberto Gil, Skank, Cidade Negra, O Rappa. Estava ali para homenagear Bob Marley. Mas acabou homenageando também nossa cidade.
Dizem que Papa Winnie veio tantas vezes a Jaraguá do Sul que deixou mais do que boas lembranças. A história que corre pelos bastidores da noite jaraguaense é que ele teria um “filho perdido” por aqui. Ninguém confirma, ninguém desmente. Mas a lenda já virou folclore entre os frequentadores da Notre e fãs de reggae na cidade. Como toda boa história noturna, o mistério é parte do charme.
Como isso impacta sua vida?
Essas histórias não são só lembrança. São provas de que Jaraguá do Sul já viveu noites grandes, improváveis, marcantes. Relembrar é reconhecer que nossa cidade tem história, tem potência, tem memória. E, quem sabe, é um jeito de inspirar novas noites assim. Porque se já aconteceu uma vez, pode acontecer de novo.
Max Pires
Já criei blog, portal, startup… e agora voltei pro que mais gosto: contar histórias que fazem sentido pra quem vive aqui. Entre um café e um latido dos meus cachorros, tô sempre de olho no que importa pra nossa cidade.