Histórias raras de Jaraguá do Sul que quase ninguém conhece
Um livro inédito resgata histórias raras de Jaraguá do Sul. Descubra a coletânea que emociona gerações.
Ilustrações de Roberto Lanznaster para o livro “Crônicas Deliciosas de Jaraguá – Coletânea Histórica – 1911–2025”
Jaraguá do Sul acaba de ganhar uma obra que promete emocionar moradores e apaixonados pela cidade. O livro “Crônicas Deliciosas de Jaraguá – Coletânea Histórica – 1911–2025”, organizado por Loreno Luiz Zatelli Hagedorn, reúne relatos esquecidos, curiosidades e lembranças da cidade antiga. São textos que revelam a alma jaraguaense em diferentes épocas, agora resgatados em um trabalho único, com direito a ilustrações artísticas inspiradas em grandes mestres da pintura mundial.

Memórias que atravessam gerações
As crônicas compiladas foram publicadas em jornais e revistas locais ao longo de mais de um século. Elas retratam a vida cotidiana, famílias tradicionais, ruas que mudaram de rosto e episódios marcantes da história jaraguaense. Organizadas de forma atemporal, as narrativas conduzem o leitor a uma verdadeira viagem pela memória coletiva.
“O que me levou à inspiração de reunir essas crônicas foi efetivamente a gama diversa de interesses. Há nelas histórias, estórias, ficção e descrição de algumas realidades bem interessantes”, explica Loreno Hagedorn.
Essas histórias revelam diferentes camadas do cotidiano da cidade, registradas com olhares diversos e, muitas vezes, emocionantes. Ao mesmo tempo em que preservam lembranças, também ajudam a compreender a identidade jaraguaense e como ela foi construída ao longo de gerações.

Histórias de caçadores, sapateiros e pioneiros
Entre os relatos que mais marcaram o organizador estão memórias pouco conhecidas.
“O mais emocionante foi o registro do caçador amador Seme Mattar, falando português com sotaque sírio-libanês. Já o mais surpreendente foi descobrir um sapateiro, neto de um dos barqueiros que trouxeram equipamentos e o Jourdan a Jaraguá”, conta Loreno.
Conteúdos em alta
Essas vozes, preservadas nas crônicas, mostram a diversidade cultural e humana da cidade nos primeiros anos de sua formação. São detalhes que, além de enriquecer a obra, oferecem ao leitor a chance de se conectar com personagens e situações que marcaram a história de Jaraguá do Sul.

O valor de preservar a história
Além das histórias em si, a obra também resgata a identidade cultural de Jaraguá do Sul, dando voz a cronistas que muitas vezes foram esquecidos. No final do volume, o leitor encontra pequenas biografias desses autores, fortalecendo o elo entre passado e presente.
Esse olhar crítico ressalta a importância de manter vivas as memórias locais. Mais do que documentos, as crônicas funcionam como pontes entre gerações, reforçando o papel da literatura como guardiã da identidade de uma comunidade.

Jaraguá mudou muito, mas memórias resistem
O livro também convida à reflexão sobre como a cidade se transformou.
“Claro que Jaraguá mudou muito, física e socialmente. Pouco resta dos velhos tempos”, afirma o pesquisador.
Essa constatação é um convite para valorizar ainda mais os registros preservados. Embora a paisagem urbana e os modos de vida tenham mudado, as memórias presentes nas crônicas ajudam a manter viva a essência do que foi a antiga Jaraguá.

Arte que potencializa a narrativa
As ilustrações de Roberto Lanznaster dão uma nova dimensão às crônicas. Inspirado pelo texto de 1911, no topo do Morro Jaraguá, o artista optou por recriar as cenas em colagens expressionistas, mesclando referências históricas com elementos fantásticos.
“Inserir elementos surreais permitiu dar às imagens uma dimensão simbólica, em diálogo com a imaginação dos cronistas”, explica Lanznaster.
O desafio maior foi recriar passagens como as de Militão Augusto Pôncio de Oliveira, que misturam registros da colonização, causos populares e lendas indígenas. “O risco era fazer algo puramente técnico. Busquei manter a fidelidade histórica, mas sem perder a atmosfera subjetiva que a obra pede”, completa o ilustrador.

O olhar poético sobre a cidade
Durante o processo, o ilustrador também redescobriu um aspecto marcante de Jaraguá do Sul: a cidade sempre foi narrada não só de forma prática, mas também simbólica.
“Os cronistas projetavam mitos, sentimentos e memórias sobre o cotidiano, e esse olhar poético ajudou a moldar a identidade jaraguaense tanto quanto os fatos históricos”, afirma Lanznaster.
Para ele, as imagens revelam que a transformação da cidade ocorreu não apenas na paisagem física, mas também na forma como ela foi narrada. “Jaraguá esteve sempre em evolução e transformação, carregando consigo uma nostalgia constante por um passado idealizado.”

Um convite à descoberta
Tanto para o organizador quanto para o ilustrador, a obra é um convite para revisitar a cidade sob outras perspectivas.
“Leiam e tentem aprender sobre como era a vila, a cidade…”, recomenda Loreno.
“Espero que as ilustrações reforcem a memória coletiva e mostrem como diferentes olhares podem se somar na construção da história de Jaraguá do Sul”, acrescenta Lanznaster.
Se tivesse que escolher uma imagem para resumir o livro, ele não tem dúvidas: No topo do Morro Jaraguá, símbolo concreto e imaginado da cidade. Essa escolha sintetiza o espírito da obra — um encontro entre história, imaginação e identidade cultural.

O livro está a venda na Amazon.
Como isso impacta sua vida?
A coletânea não é apenas um registro histórico, mas uma oportunidade de reconectar os moradores com suas raízes. Para quem vive em Jaraguá do Sul, cada página pode trazer lembranças de família, ruas conhecidas e histórias que ajudam a entender a identidade da cidade. Mais do que leitura, é uma experiência de pertencimento.
Max Pires
Já criei blog, portal, startup… e agora voltei pro que mais gosto: contar histórias que fazem sentido pra quem vive aqui. Entre um café e um latido dos meus cachorros, tô sempre de olho no que importa pra nossa cidade.