Malbec Rodolfo: o cãozinho que transformou a rotina e o coração de uma jaraguaense
Arquivo pessoal / Regina Cunha
Quando Regina Cunha brincava dizendo ao marido Diego que queria um cachorro só para ganhar mais atenção em casa, não imaginava que a piada viraria realidade tão breve possível.
Bastou um vídeo enviado pelo cunhado – um filhote brincando com um ursinho, vestindo roupinha azul em uma lavanderia – para mudar tudo. “Eu me apaixonei ali mesmo”, lembra ela. A decisão veio logo na sequência: “Vamos conhecer esse cachorrinho.”
O primeiro encontro foi no prédio dos sogros, onde o cachorro vivia com a antiga tutora. Ao ouvir o chamado “Vem cá, Rodolfo!”, ele correu, pulou, e lambeu o rosto de Regina com entusiasmo. Foi amor à primeira vista e eles decidiram levar ele para casa. Minutos depois, ela já estava no pet shop com o novo amigo.

Rodolfo virou Malbec Rodolfo, em homenagem à paixão da nova tutora por um bom vinho. E com o novo nome, começava também uma nova vida.
De uma lavanderia para o centro da família
Apesar de não estar visivelmente maltratado, Malbec chegou com falhas no pelo e feridinhas causadas por uma dermatite não tratada. Era alegre, mas carregava medos visíveis. Com o apoio de uma amiga veterinária, Regina recebeu as orientações para iniciar os cuidados.
“Ele se adaptou como se morasse lá a vida toda”, conta. Já a tutora precisou transformar sua rotina: “Quando você resolve adotar um pet, precisa cuidar o melhor possível dele.”
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O primeiro grande susto veio rápido. Durante um atendimento na clínica onde trabalha, ela olhou a câmera de segurança e lá estava ele: destruindo a parte de trás do sofá. “Me desesperei! Falava com ele pela câmera e ele nem aí pra mim.” O sofá não foi substituído, mas sim remendado com cola e tecido: “O primeiro de vários.”
O rei da casa (e das escadas da igreja)
Com uma personalidade forte e típica de um ariano, como define a tutora, é autoritário, inteligente, alegre, ciumento e extremamente carinhoso. “Ele é o rei da casa. E ele sabe disso.”


Sua rotina é tão organizada quanto a de qualquer ser humano. Passeios pela manhã e no fim da tarde, creche semanal para socialização com outros cães, e até um ritual em frente à Igreja São Sebastião, no centro de Jaraguá do Sul.
“Ele olha pra mim, pede permissão para subir as escadas, entra, me espera na porta, vai até a imagem de Nossa Senhora Aparecida, e depois sai pela lateral. Fizemos isso juntos uma vez, e ele nunca mais esqueceu.”


O cachorro que ensinou a viver melhor
Regina se reconhece diferente desde a chegada do peludo. “Sempre fui meio mal-humorada, especialmente de manhã. Com ele, eu já acordo rindo com os lambeijos e os pedidos de passeio.”
A relação foi além do afeto: ela passou a se conectar com outras pessoas que têm cães, aproximou-se do trabalho de ONGs e realiza ações solidárias no aniversário do Malbec. Em 2024, arrecadou 303 kg de ração para abrigos da região.

“Ele é minha sombra. Fazemos tudo juntos. Me tornei uma pessoa melhor por causa dele”, diz emocionada. Em momentos difíceis ou de tristeza, Malbec sempre esteve lá: “Ele deita colado em mim, como se quisesse me ajudar.”
“Adotar é tudo de bom”
Para quem pensa em adotar, Regina não economiza palavras: “Eles nos dão amor, nos trazem alegria, são companheiros e transformam nossas vidas. Mas é preciso entender que eles têm sentimentos, sentem dor, fome, frio… não são brinquedos. Precisam de cuidado.”

Malbec foi o primeiro cão que ela adotou por conta própria, mas ela cresceu em uma casa cercada de animais. “Nunca compramos. Sempre adotamos SRDs.” E embora não possa adotar todos os que vê, encontra maneiras de ajudar sempre que possível. “Adotar é um ato de amor. É salvar uma vida. E é, de volta, ser salvo por ela.”
Foi assim que esse cãozinho se tornou um companheiro, um “remédio contra o mau-humor” e um pequeno missionário de quatro patas que, até hoje, sobe as escadas da igreja como quem entende que o amor também é um tipo de fé.
Malbec é mais um dos protagonistas da série “Meu Cachorro Tem História”, produzida em Jaraguá do Sul com apoio de tutores, ONGs e protetores independentes. Toda semana, trazemos aqui provas de que trás de cada adoção, há duas vidas que se reinventam: a do cão e a da pessoa que decide acolher.
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Ajude as ONGs e grupos de proteção animal a continuarem o excelente trabalho de proteção e acolhimento em Jaraguá do Sul e região. Você pode colaborar de várias formas:
- Ajapra (Associação Jaraguaense Protetora dos Animais): doações via Pix – CNPJ: 07.532.982/0001-01, doação de ração, fraldas, remédios e outros itens (confira as necessidades da ONG no Instagram: @ajapra_oficial);
- Gang dos Patinhas: doação via Pix – 8pix.gang@gmail.com. Saiba mais sobre a instituição pelo Instagram: @gangdospatinhas
- Focinhos Carentes: entre em contato e saiba mais pelo Instagram: @focinhoscarentes_poreles
- Bigodes e Ronrons: doação via Pix – grupobigodeseronrons@gmail.com. Saiba mais sobre a instituição pelo Instagram: @bigodeseronrons
Você também pode ajudar protetoras de animais independentes. Conheça algumas delas:
- Digia Deretti de Moura: @digiaprotetora
- Rutinha Protetora Pet: @rutinhaprotetorapet
- Simone Protetora: @_simoneprotetora_
Conhece outra alguma ONG da região? Escreva para redacao@nascecom.com.br e compartilhe conosco mais projetos incríveis dedicados à proteção e acolhimento de animais.
Max Pires
Já criei blog, portal, startup… e agora voltei pro que mais gosto: contar histórias que fazem sentido pra quem vive aqui. Entre um café e um latido dos meus cachorros, tô sempre de olho no que importa pra nossa cidade.