Colunistas | 14/08/2025 | Atualizado em: 14/08/25 ás 18:03

O poder de falar muito com poucas palavras

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O poder de falar muito com poucas palavras

O poder de síntese é a maior virtude do escritor. É dizer tudo em uma única frase. Como bradou o filósofo brasileiro Millôr Fernandes (1923-2012): Não se escreve com onze palavras o que se pode escrever com dez. A não ser que você seja americano e ganhe por palavra.

O editor Ivan Pinheiro Machado, da L&PM Editores, que selecionou as melhores citações e lançou “Meu reino por um cavalo Vol. 1 e 2”, destacou na epígrafe o nosso Millôr, como o maior filósofo de todos os tempos.

Conheci um frasista sensacional: o professor, mestre, doutor e engenheiro Flávio Veloso (1948-2019). Ele largava as suas pérolas naturalmente, na conversa. Eu as anotava, discretamente, no meio dos meus rascunhos de circuitos elétricos e cálculos de engenharia, no caderno de trabalho. Consegui homenageá-lo em vida, em uma crônica publicada em um site e – adiante – em livro. Alguns dos seus aforismos, eu demorava horas analisando: “O que será que ele quis dizer?”.

Vou compartilhar aqui algumas de suas máximas, para deleite do leitor – adianto que contém ironia e licença poética para um senhor sexagenário e bem humorado:

Se a mulher for bonita e inteligente, é desonestidade.

Ninguém vive bem onde todo mundo vive mal.

O diabo está mandando um pessoal pro céu, está com muita mão de obra lá embaixo.

Quando começo a achar o chefe complicado é porque está na hora de correr.

O que dá muita economia gera porcaria.

Tem muito cabra que entrou tarde na aula e saiu cedo.

Quem trabalha com a cabeça é a caneta, a gente trabalha com o juízo.

Pra não ficar desmoralizado, eu fico só olhando.

Aquele cara, pra morrer de repente, demoraria um mês.

O sujeito manda mais do que sabe.

Todo o privilégio é odioso.

Parafraseando o poeta Charles Bukowski (1920-1994): Enquanto as pessoas jogam conversa fora, eu anoto.

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Marcelo Lamas

Marcelo Lamas Cronista, autor de 4 livros. Sou gaúcho radicado em Jaraguá, há 3 décadas, porém, estou mais para jaraguaense, nascido no RS. Frio, doces, cafés, gatos, livros, futebol e Coca-Cola são as minhas preferências.

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