Tanto faz | 30/08/2025 | Atualizado em: 30/08/25 ás 10:21

O que acontece quando o cheiro fala mais alto

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O que acontece quando o cheiro fala mais alto

Embora a ciência tenha provado que o nosso sentido mais sensível é o tato, discordo. Para mim é o olfato – e posso provar.

Quando jogava futebol, nas categorias de base, tive um colega com pouca intimidade com desodorantes. Comentei em casa e minha mãe aconselhou-me:

– Marcelo! Compra um desodorante e explica como usar. Ajuda o rapaz.

Fiquei constrangido. Não soube como abordar. Adiante, o Ciro perdeu o emprego, em uma loja, por causa da bromidrose. Fiquei com a consciência pesada e levei um sermão da mãe.

A história se repetiu quando eu trabalhava em uma firma. Ouvi comentários sobre o cheiro inoportuno do estagiário. Dessa vez agi rápido. Consegui camisas de uniforme – isso não foi uma tarefa fácil – e comprei um desodorante.

Avisei o colega que precisava falar com ele, quase na hora do almoço e o enrolei. Assim que as pessoas saíram, puxei uma sacola e entreguei o kit:

– Quero te ajudar. Vais usar uma por dia. Aqui é muito quente, não dá pra repetir camisa. E esse desodorante, vais usar cedinho e reaplicar no almoço.

Achei que seria muita cara-de-pau falar sobre o banho diário. Creio que ficou implícito. O plano funcionou. Não ouvi novos comentários e ele tornou-se o estagiário mais colorido da história, pois os uniformes eram um de cada cor. No dia que ele se despediu, foi até a minha mesa, dar-me um abraço. Ficou meu amigo, o Kauê.

Há algumas semanas, cheguei do almoço e minhas colegas me chamaram:

– Lamas! Você bem que poderia escrever sobre o que estamos falando aqui…

– Sobre o quê?

– Cheiro de Homem.

– Quê?

– Faz uma crônica explicando por que os homens têm aquela mistura de cheiros: suor, madeira e defumado.

Como minha autoestima é boa, pensei: “Vocês andam perto dos caras errados.”. E apenas sorri.

Depois, fiquei pensativo, talvez fosse uma indireta, as gerações anteriores falavam na cara. Levei uma trena e medi a distância entre as cadeiras das três colegas ao meu redor e a minha: 1,2 metros. Usei a IA: me indicou que o perfume é percebido abaixo de 30cm. A inteligência artificial não conhece a minha vizinha do oitavo andar, que infesta o elevador de Carolina Herrera 212 Sexy, nem o labrador da cobertura.

Cheguei a cogitar mudar a fragrância que uso, mas já li que trocar o perfume confunde o anjo da guarda. Não sou supersticioso, só não gosto de contrariar a sabedoria popular.

Voltei ao assunto:

– E aquela conversa sobre os homens com cheiro de madeira e a crônica e tal?

Luiza: Então, Lamas, é incrível isso, os homens só usam xampu se tiver um sujeito másculo na embalagem ou o Cristiano Ronaldo.

Josi: Só usam hidratante se tiver escrito “for man”. Já vi álcool em gel “for man”, inacreditável.

Marcelo: Verdade! Já usei um xampu tonalizante da marca “Homem”.

Luiza: Com certeza é a mesma composição da tinta da embalagem com uma morena estampada na caixa.

Clara: – Nosso colega, Alex, disse que só usa sabonete Phebo, no cabelo, inclusive.

Depois de contar a elas sobre a história da trena, que usei antes do expediente, ficaram rindo da minha preocupação.

Agora estou vacinado. Caso elas venham comentando alguma coisa sobre halitose ou o site que você indica o e-mail da pessoa que está com bafo de fossa e ela recebe um comunicado anônimo ou, ainda se vierem com outra sugestão parecida, vou pedir férias, procurar um médico e de quebra mudar meu perfume.

A propósito, caso precise, procure SOS Mau Hálito (ABHA).

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Marcelo Lamas

Marcelo Lamas Cronista, autor de 4 livros. Sou gaúcho radicado em Jaraguá, há 3 décadas, porém, estou mais para jaraguaense, nascido no RS. Frio, doces, cafés, gatos, livros, futebol e Coca-Cola são as minhas preferências.

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