Lulu contra o câncer: família de Jaraguá celebra sucesso do transplante de medula da pequena
Foto: Arquivo pessoal da família
Uma mistura de alívio, gratidão e esperança. Esse foi o sentimento da família da pequena Luisa Pereira Millnitz, a Lulu, ao receber a notícia mais esperada: a medula pegou. O transplante, realizado no dia 29 de julho em Curitiba, foi bem-sucedido, e a menina, de apenas dois anos, começa a se recuperar.
Diagnosticada com uma forma rara e agressiva de câncer, chamado leucemia mielomonocítica crônica juvenil (LMMJ), Lulu enfrentava uma corrida contra o tempo.
O diagnóstico veio após alterações em exames de rotina, e desde então, a família viu a rotina virar de ponta-cabeça. Entre consultas em Blumenau e Joinville, internações e viagens, a esperança estava em encontrar um doador 100% compatível.

Mobilização em Jaraguá: uma região inteira por Lulu
A campanha “Vamos Ajudar a Lulu” mobilizou Jaraguá do Sul e região. Pessoas nas redes sociais e grupos de apoio se uniram para conscientizar sobre a importância da doação de medula óssea. Pessoas se cadastraram como doadoras no REDOME (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea), muitas movidas pela história da pequena jaraguaense.
A mãe de Lulu conta que o apoio foi essencial. “Sentimos que nunca estivemos sozinhos. O carinho e as orações de todos nos deram força. Esse movimento não foi só pela Lulu, mas por muitas outras vidas que ainda aguardam um doador compatível”.
O transplante foi feito no final de julho, e a pega da medula ocorreu no D+19 – ou seja, 19 dias após o procedimento. Esse momento é considerado um marco, pois indica que as células transplantadas começaram a produzir novas células sanguíneas saudáveis.
Conteúdos em alta
“A ficha demorou a cair. Foram dias de espera, orando, acreditando e entregando tudo nas mãos de Deus. Quando ouvimos que a medula pegou, foi um milagre realizado”, relembra a mãe.
Fase de vigilância e cuidados redobrados
Apesar da boa resposta, o caminho ainda exige cautela. Lulu segue em Curitiba, sob cuidados rigorosos, com isolamento total e exames frequentes. A família deve permanecer por lá até pelo menos o D+100, data simbólica que marca uma das primeiras grandes fases do tratamento. A partir disso, os exames passam a ser quinzenais, depois mensais, e o monitoramento segue por cinco anos até a alta definitiva.
“A rotina ainda é cheia de atenção, mas ver a Lulu brincando, sorrindo e recuperando a energia é uma vitória enorme”, afirma a mãe.
Mesmo em meio às incertezas e dores do tratamento, Lulu manteve a alegria. “Ela é uma guerreira. Tão pequena, mas nos ensinou tanto. Até nos dias mais difíceis, ela achava um jeito de brincar, de sorrir. Isso era o que mais pedíamos: que Deus preservasse a felicidade no coração dela. E Ele preservou”.

Para quem enfrenta situações parecidas, a família de Lulu deixa uma mensagem clara: é preciso ter fé e confiar.
“A fé é uma decisão. Entregar um filho nas mãos de Deus é difícil quando se está entre a vida e a morte, mas quando você entrega de verdade, milagres acontecem. Deus não é o que dá a doença, é o que tira”, diz a mãe, emocionada.
Como isso impacta sua vida?
A história de Lulu mostra que uma causa local pode gerar mobilização e salvar vidas. Cada novo doador cadastrado é uma chance para centenas de pessoas que, como a Lulu, enfrentam a esperança e o medo todos os dias. Em Jaraguá do Sul, a empatia virou a chave da cura. Cadastrar-se como doador de medula é simples, gratuito e pode ser o gesto que transforma o destino de uma família.
Gabriela Bubniak
Jaraguaense de alma inquieta e jornalista apaixonada por contar boas histórias. Tenho fascínio por livros, música e viagens, mas o que me move é viver a energia de um bom futsal na Arena e explorar o que há de melhor na nossa terrinha.