Vereadores barram compra de carros elétricos em Jaraguá do Sul
Foto: PMJS/Divulgação
A Câmara Municipal de Jaraguá do Sul decidiu rejeitar o Projeto de Lei nº 249/2025, que previa a abertura de crédito suplementar de R$ 469.120 para a compra de quatro veículos elétricos. Do modelo BYD Dolphin Mini 2024/2025, eles seriam destinados à Secretaria Municipal da Administração (Semad).
A proposta, apresentada pelo Executivo, pretendia modernizar a frota e adotar práticas sustentáveis, mas a maioria dos vereadores considerou que o momento exige outras prioridades.
Parlamentares mudam voto e cobram atenção à saúde e infraestrutura
O vereador Jaír Pedri (PSD) foi um dos que alteraram o posicionamento entre a primeira e a segunda votação. Ele relatou ter recebido mensagens de cidadãos contrários à medida e destacou que a cidade enfrenta problemas urgentes em setores como saúde e infraestrutura.
Segundo Pedri, a audiência pública da Saúde realizada no mesmo dia da votação mostrou falhas graves, como redução no horário de atendimento dos postos, longas filas e falta de suporte a crianças com deficiência. “Modernizar é importante, mas não agora, diante de tantas situações adversas”, afirmou o parlamentar.
Conteúdos em alta
Críticas ao gasto e defesa do uso racional de recursos
Na mesma linha, Osmair Gadotti (MDB) argumentou que a compra dos veículos seria inoportuna diante da política de contenção de despesas adotada pela Prefeitura. O vereador lembrou que o Executivo tem solicitado economia em todas as secretarias e que seria mais prudente destinar o valor à manutenção de maquinário da Secretaria de Obras ou à Defesa Civil.
“Economize esse dinheiro e coloque-o nas prioridades que temos hoje”, declarou Gadotti, citando ainda a redução de horário nos postos de saúde, que passou a dificultar o atendimento após as 16h30.
Professora Natália critica cortes e questiona prioridades
A vereadora Professora Natália Lucia Petry (MDB) também votou contra o projeto, apontando falta de sensibilidade do Executivo em um período de restrições orçamentárias. Ela relatou ter recebido reclamações de servidores e lembrou que há cortes de 10% em todas as secretarias.
Natália destacou o abandono de equipamentos públicos, como a Arena Jaraguá e parques municipais, e lembrou de projetos de manutenção que foram rejeitados. “Hoje, quando se trata de carros elétricos, a disposição de recursos aparece. Qual é o real interesse público nisso?”, questionou.
Cani e Reinke reforçam discurso de prioridade
Para o vereador Cani (PL), a proposta soou “contraditória” diante do discurso de austeridade da Prefeitura. Ele mencionou a falta de ar-condicionado nos ônibus e a ausência de cobertura em escolas. “Se há dinheiro para carros elétricos, por que não há para isso?”, indagou.
Jonathan Reinke (União Brasil) reforçou que o voto contrário da maioria não representa rejeição à tecnologia elétrica, mas sim um pedido por foco nas necessidades mais urgentes. Ele citou problemas em bairros como Jaraguá 84, onde crianças caminham pela pista por falta de calçadas, e lembrou que muitas obras dependem de emendas externas. “A população espera soluções práticas e urgentes”, disse.
Voto favorável destaca economia e sustentabilidade
Na contramão da maioria, Rodrigo Livramento (Novo) defendeu o projeto, afirmando que os veículos elétricos representam economia e modernização. Segundo ele, embora o investimento inicial seja mais alto, o custo de operação é muito menor, com potencial retorno em até três anos.
“A cada R$ 5 gastos em combustível, um carro elétrico gasta cerca de R$ 1 para a mesma quilometragem”, explicou. Livramento também ressaltou que a WEG se comprometeu a doar parte da estrutura de recarga, o que reduziria os custos.
Resultado final
O projeto foi rejeitado por oito votos a dois, com apoio apenas dos vereadores Rodrigo Livramento e Sirley Schapo, ambos do partido Novo. A decisão reflete, segundo os parlamentares, a necessidade de concentrar os investimentos públicos em áreas consideradas essenciais, como saúde, infraestrutura e manutenção urbana.
