Tarifa dos EUA: Vale do Itapocu é o terceiro maior exportador de SC
Vale do Itapocu é o terceiro exportador para os Estados Unidos Foto: Fiesc/Divulgação
O Vale do Itapocu ocupa a terceira posição entre as regiões de Santa Catarina com maior percentual de exportações destinadas aos Estados Unidos em 2024. De toda a pauta exportadora local, 25,2% têm como destino o mercado norte-americano, conforme levantamento da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC). À frente estão o Planalto Norte, com 42,5%, e o Vale do Itajaí, com 25,6%. Integram o Vale do Itapocu os municípios de Jaraguá do Sul, Guaramirim, Corupá, Schroeder, Massaranduba, São João do Itaperiú e Massaranduba.
Esse cenário chama atenção em meio às tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos. A FIESC divulgou, nesta quarta-feira (31), os resultados de uma pesquisa com indústrias exportadoras catarinenses, revelando que 69,23% delas já registram queda no volume de pedidos dos compradores norte-americanos, mesmo antes da entrada em vigor da nova tarifa de 50%, prevista para começar no próximo dia 6.
Segundo o presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar, a situação requer resposta imediata do poder público. “A pesquisa mostra que as perspectivas do setor para os próximos seis meses são de um cenário de redução de pedidos, demissões e recuo significativo no faturamento, demandando uma ação rápida e assertiva do poder público, de forma a preservar empregos e a nossa economia”, afirma.

Indústrias já sentem os efeitos da medida
Embora o decreto norte-americano tenha sido publicado apenas nesta semana, o anúncio da tarifa em junho já causou impactos concretos nas exportadoras. De acordo com a pesquisa:
- 53,84% das empresas tiveram que suspender embarques;
- 38,46% foram pressionadas a renegociar preços com os clientes dos EUA;
- 17,7% já concederam férias coletivas aos trabalhadores.
Além disso, 93,8% das indústrias respondentes estimam queda no faturamento, sendo que 51,2% preveem perdas superiores a 30%. Apenas 27,9% não preveem demissões. Entre aquelas que estimam cortes, 29,5% devem reduzir mais de 30% dos seus quadros.
Ações e alternativas para o setor
Como resposta ao cenário, 61,4% das empresas iniciaram a prospecção de novos mercados internacionais, como forma de reduzir a dependência dos Estados Unidos. A FIESC também tem buscado apoio institucional: já houve reunião com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, além de articulações com o governo estadual para mitigar os efeitos da medida.
Conteúdos em alta
O economista-chefe da entidade, Pablo Bittencourt, destaca que os pequenos negócios devem ser os mais afetados a curto prazo. “Esses são dados relevantes para considerarmos na elaboração de políticas públicas para minimizar o efeito do tarifaço. A perda de receita, combinada com endividamento, tem reflexos diretos sobre os níveis de emprego”, afirma.
Produtos isentos e análise por setor
Uma análise da Câmara de Comércio Exterior da FIESC mostra que os principais produtos exportados por SC não estão na lista de exceções. Produtos de madeira e derivados, como móveis — principais itens enviados aos EUA —, seguem tarifados até a conclusão da investigação pela seção 232.
O setor de veículos e autopeças, segundo mais relevante da pauta, já possui uma alíquota padrão de 25%, válida para todos os países, e portanto não será afetado pela tarifa de 50%. No entanto, cada empresa deve analisar individualmente, uma vez que há produtos dentro e fora da lista de isenção, conforme a classificação da Comissão de Comércio Internacional dos EUA.
Situação dos estados brasileiros nas exportações para os EUA
No cenário nacional, os estados brasileiros com maior percentual de suas exportações voltadas aos Estados Unidos em 2024 são:
- Ceará (CE) – 44,9%
- Espírito Santo (ES) – 28,6%
- Paraíba (PB) – 21,6%
- São Paulo (SP) – 19,0%
- Sergipe (SE) – 17,1%
- Rio de Janeiro (RJ) – 16,2%
- Santa Catarina (SC) – 14,9%
- Maranhão (MA) – 13,4%
- Minas Gerais (MG) – 11,0%
- Amazonas (AM) – 10,3%

Como isso impacta sua vida?
Para quem vive ou empreende no Vale do Itapocu, a alta dependência do mercado norte-americano nas exportações de santa Catarina para os Estados Unidos representa um fator de atenção diante da nova tarifa dos EUA. O cenário pode influenciar o desempenho das indústrias locais, afetar empregos diretos e indiretos, e modificar a dinâmica econômica da região. Ao mesmo tempo, a busca por novos mercados abre oportunidades para a diversificação e fortalecimento da base exportadora catarinense.
Marcio Martins
Profissional da comunicação desde 1992, com experiência nos principais meios de Santa Catarina e no poder público. Observador, contador e protagonista de histórias, conheço Jaraguá do Sul como a palma da mão