Uso de Wolbitos deve bloquear a transmissão do vírus da dengue pelo Aedes
Aedes aegypti não possui naturalmente a presença da bactéria Wolbachia. O método da Fiocruz envolve a introdução artificial no organismo do mosquito
22/08/2024
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) está expandindo o uso da bactéria Wolbachia contra a dengue, zika e febre chikungunya, doenças transmitidas pela picada do mosquito Aedes aegypti. Trata-se de um método que já é usado no Brasil e em outros países, a partir da articulação de diversas instituições científicas e coordenação do World Mosquito Program (WMP). Introduzida nos mosquitos, a bactéria Wolbachia é capaz de bloquear a transmissão dos vírus aos seres humanos durante uma picada.
Segundo a Fiocruz, a Wolbachia está presente naturalmente em cerca de 60% dos insetos, mas não no Aedes aegypti. O método envolve, portanto, uma introdução artificial no organismo do mosquito.
Os pesquisadores envolvidos ressaltam que a iniciativa não envolve nenhuma modificação genética, nem no Aedes aegypti, nem na bactéria. Além disso, o objetivo não é eliminar o mosquito do meio ambiente, apenas substituir uma população capaz de transmitir doenças por outra incapaz.
No Brasil, a aplicação do método é conduzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com o apoio do Ministério da Saúde.
O projeto tem demonstrado sustentabilidade: a fêmea do mosquito que possui a Wolbachia em seu organismo é capaz de transmiti-la a todos os seus descendentes, mesmo que se acasale com machos sem a bactéria. Além disso, quando apenas o macho tem a Wolbachia, os óvulos fertilizados morrem. Dessa forma, a bactéria passa a ser transmitida naturalmente para as novas gerações de mosquitos.
Os resultados, porém, não são obtidos a curto prazo. “A velocidade de implantação do método varia de acordo com as características de cada município. Em geral, conseguimos ter um impacto real na redução dos casos de dengue alguns anos após finalizada a implantação”, explica Luciano Moreira, pesquisador da Fiocruz e líder do WMP no Brasil.
Por essa razão, a população deve continuar se esforçando para impedir o acúmulo de água parada, que serve de criadouro para os mosquitos. Da mesma forma, o poder público não deve afrouxar as demais medidas de prevenção, entre elas, a aplicação de produtos químicos e biológicos quando recomendado, como fumacê e larvicidas.
Biofábrica em Joinville produz mosquitos para reduzir a infestação das doenças
Em Santa Catarina, os primeiros mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia começaram a ser produzidos em Joinville, no Norte catarinense. Na quinta-feira, 8 de agosto, os primeiros ovos de Wolbitos, como são chamados os mosquitos que possuem a bactéria, evoluíram e agora já são larvas.
A técnica consiste na liberação dos Aedes aegypti machos que não picam nem transmitem doenças para o acasalamento. Nos próximos dias estas larvas passarão pelo processo até se tornarem mosquitos e estarem prontos para serem soltos. A operação é feita na biofábrica do Método Wolbachia, localizada no bairro Nova Brasília.
Este método de controle das arboviroses foi desenvolvido pelo World Mosquito Program (WMP), na Austrália, e atualmente está presente em mais de 20 cidades de 14 países. Além disso, os dados de monitoramento revelam que os Wolbitos estão se estabelecendo em níveis muito bons nos territórios.
Em março de 2023 a Secretaria de Estado da Saúde (SES) formalizou ao Ministério da Saúde a necessidade de novas tecnologias no combate à dengue. Em outubro de 2023, o município de Joinville, devido a sua alta infestação, casos da doença e mortes, foi selecionado pelo Ministério da Saúde, em conjunto com outros cinco municípios, por características epidemiológicas, para implementação desta nova metodologia.
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