Quem é a atleta jaraguaense que conquistou o pódio no Mundial de Pole Sport e Aéreos 2025?
Foto: arquivo pessoal
Jaraguá do Sul tem motivo de sobra para se orgulhar, principalmente quando se trata de esporte. A cidade brilhou no Mundial de Pole Sport e Aéreos 2025 com Francine Murara, que garantiu o terceiro lugar na categoria Lira Sport 40+ e voltou para casa com a medalha de bronze no peito.
O campeonato foi realizado entre os dias 20 e 25 de outubro, em Buenos Aires, e reuniu mais de 550 atletas de 44 países. Francine, aos 41 anos, representou o Brasil e Jaraguá com uma performance que uniu precisão técnica, expressão artística e entrega emocional.
Ela fez história ao competir entre as melhores do mundo em uma das modalidades mais exigentes do esporte aéreo. Mas por trás da medalha, existe uma rotina intensa, desafios emocionais e físicos, e uma rede de apoio fundamental.
Bronze com gostinho de ouro: a conquista jaraguaense
Além de atleta, Francine é psicóloga clínica, professora e sócia do Estúdio Aero Balance, onde também atua como treinadora. É nesse cenário multifacetado que ela construiu a rotina que a levou ao pódio.
A conquista no Mundial foi antecedida por uma rigorosa seletiva nacional, realizada em agosto, onde se apresentou em três coreografias distintas. Foi com a Lira Sport que garantiu a classificação. Mas o desafio começou muito antes!
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Desde o início do ano, a rotina passou a girar em torno dos treinos, que exigiam domínio técnico absoluto, conhecimento do regulamento internacional e um preparo físico que combinasse força, mobilidade e resistência.
“É muito mais do que subir na lira. Existe um código de pontos muito rígido, movimentos permitidos, tempo de execução e toda uma técnica envolvida. Tudo influencia na nota”, explica.
Os treinos se intensificaram entre março e outubro, exigindo uma gestão de tempo quase cirúrgica. “De março a outubro, a frase que mais falo é: ‘não posso, tenho que treinar’.”
Ela conciliava tudo isso com o consultório, as aulas e a vida pessoal. “Eu sou psicóloga e psicanalista, dou aula de poli, sou professora e sócia ali no Aerobalance… minha vida é dividida entre trabalho no consultório, como professora, vida pessoal, namorado, e mais os treinos de atleta. A agenda fica bem apertada, fim de semana não existe.”
No dia da apresentação, Francine subiu ao palco sabendo que não era apenas mais uma competidora. Era a única jaraguaense entre as melhores do mundo em sua categoria. Quando o nome dela apareceu entre as três primeiras, a emoção veio com força:
“Chorei como se fosse o primeiro lugar. É difícil descrever o que é ganhar uma medalha num mundial. Uma uma sensação de missão cumprida.”
Mais do que a posição no ranking, o reconhecimento foi pelo trabalho silencioso de meses – e, principalmente, pela execução limpa e confiante da coreografia.
Nada disso se faz sozinha
Apesar de ser um esporte individual, Francine faz questão de dividir a conquista com quem esteve ao seu lado. Família, amigos, colegas de treino e sua treinadora, Sabrina, foram presença constante nos bastidores e nos momentos de maior vulnerabilidade emocional. “Mesmo com experiência, tem hora que a cabeça falha. E aí é essencial ter quem te lembre quem você é.”

Francine não economiza palavras ao reconhecer a importância do vínculo saudável com sua treinadora. “A Sabrina é peça-chave nessa história. Ela está comigo desde o começo, e essa medalha é nossa. É muito comum no esporte a gente ouvir relatos de relações tóxicas entre atletas e treinadores. Comigo, sempre houve cobrança, claro, mas uma cobrança gentil, que respeita os limites e incentiva de verdade.”
Ela também chama atenção para os desafios financeiros da trajetória. “É tudo por nossa conta: inscrição, passagem, alimentação. Eu fiz rifa, contei com ajuda de amigos. Mas é cansativo. E ainda assim, a gente vai”, afirma.
Segundo ela, a ausência de patrocínios públicos e privados é uma das barreiras mais duras enfrentadas pelos atletas, principalmente os que não pertencem a modalidades olímpicas ou midiáticas.
“Falta reconhecimento. E não é por falta de procurar. É muito gasto, fisioterapia, médico, alimentação… porque é um esporte de alto impacto e a gente precisa desse acompanhamento. Claro que a gente sente muito orgulho quando volta com uma medalha, mas ainda falta apoio para que esse caminho seja menos árduo.”

Como isso impacta sua vida?
A trajetória de Francine Murara inspira não apenas pelo resultado, mas pelo processo. É um lembrete de que dedicação, disciplina e apoio coletivo podem levar longe – mesmo diante dos desafios do cotidiano. Ao alcançar o pódio mundial, ela também projeta Jaraguá do Sul como referência na formação de atletas que desafiam a gravidade.

Gabriela Bubniak
Jaraguaense de alma inquieta e jornalista apaixonada por contar boas histórias. Tenho fascínio por livros, música e viagens, mas o que me move é viver a energia de um bom futsal na Arena e explorar o que há de melhor na nossa terrinha.