O ator que saiu de Jaraguá para brilhar na TV: Wesley Schmitt fala sobre carreira e novos projetos

Fotos: arquivo pessoal
Do Vale do Itapocu para as grandes produções da TV brasileira! O ator, modelo e dançarino jaraguaense Wesley Schmitt, segue deixando a sua marca Brasil afora. Com passagens por novelas, séries, peças de teatro, produções publicitárias e cinema, ele vem desenhando uma carreira artística que chama atenção pela versatilidade e consistência.
Aos 16 anos ele já brilhava nos palcos dos festivais de dança da região, agora, aos 27, soma no currículo mais de uma dezena de produções audiovisuais, com exibição em mais de 70 países. Em 2019, alcançou projeção nacional ao interpretar Jerry na novela As Aventuras de Poliana, do SBT.
De lá pra cá, não parou mais – e segue como nome em ascensão no cenário cultural brasileiro. Mas a pergunta que não quer calar, o que esse jaraguaense talentoso anda fazendo neste exato momento na vida e na carreira?

A brilhante atuação na série “Reis”
Atualmente, Wesley vive o encerramento de mais uma etapa importante: sua participação na série Reis, da Record TV, chegou ao fim há cerca de dois meses. A trama, baseada em acontecimentos do Antigo Testamento, retrata a trajetória dos primeiros reis de Israel. Nela, o ator interpretou dois personagens em momentos distintos da história: Eleazar, um dos guerreiros do exército de Davi, e Inlá, com uma missão mais voltada à esfera familiar e espiritual.

Dar vida a personagens com perfis tão diferentes exige uma preparação profunda. Ele explica que o processo começa muito antes das gravações, com pesquisa, leitura de roteiro e entendimento do contexto histórico e emocional do personagem. “A gente começa entendendo onde esse personagem está na Bíblia, quais são seus ideais, o que ele representa na história e como ele se transforma ao longo da trama”, detalha.
No caso de Eleazar, o trabalho envolveu uma preparação física intensa, com aulas de luta e defesa pessoal voltadas às cenas de batalha. Já para interpretar Inlá e as relações familiares de Eleazar, Wesley investiu em ensaios mais voltados à construção de vínculo com os colegas de elenco — como Júlia Guerra, intérprete de Noemi, e o ator que viveu o Profeta Natã. “É um estudo constante. E com os ensaios a gente vai construindo esses pequenos grandes detalhes”, resume.

Para o jaraguaense, a experiência foi enriquecedora em vários sentidos. Além do prestígio de atuar em uma superprodução com estrutura técnica e artística de alto nível, ele destaca o ambiente profissional nos bastidores como um fator fundamental para seu crescimento. “Foi uma felicidade enorme participar. Só de estar naquele ambiente já se aprende muito. Todo mundo ali tem muita bagagem”, conta.
Viver dois personagens tão distintos dentro da mesma narrativa também ampliou suas possibilidades como ator. De cenas de batalha a interações familiares intensas, o desafio foi completo. Wesley deixou claro que guarda um carinho especial pelo projeto e não esconde o desejo de retornar à emissora. “Pretendo pisar lá novamente”, conclui, deixando em aberto a possibilidade de novos trabalhos no mesmo canal.

Projetos paralelos e novos caminhos: aposta na produção autoral
Entre uma produção e outra Wesley vem se dedicando a um projeto pessoal: o filme Manhã de Domingo. “É algo que estou construindo em paralelo a tudo — à carreira, à vida pessoal…”, compartilha.
Produzido juntamente com a amiga roteirista Vitoria, a obra é uma produção independente. Inicialmente idealizada como curta, está sendo adaptada para longa-metragem e representa um mergulho do ator em outras áreas do audiovisual, como roteiro e produção.
O projeto já foi inscrito na Lei Paulo Gustavo, inclusive em Jaraguá do Sul, mas ainda não foi contemplado. Mesmo assim, ele segue confiante e envolvido com o desenvolvimento da narrativa.
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Início da trajetória: foi a arte que escolheu o caminho
Natural de Jaraguá do Sul e nascido em 1996, Wesley iniciou sua jornada ainda na infância, e sempre foi apaixonado pelas artes. Principalmente pela dança; tanto que dançou em grupos locais e na SCAR. Aos 16 anos, já brilhava em palcos de festivais renomados como o de Joinville. O talento, no entanto, não parou na dança.
Diferente de muitas histórias em que a escolha pela carreira artística vem desde a infância, o jaraguaense revela que sua entrada no mundo da atuação foi natural: “A vida me escolheu em determinado momento e as coisas foram acontecendo”.
Quando se mudou para São Paulo, em 2016, seu objetivo era seguir na moda. O plano inicial era desfilar nas passarelas internacionais e trabalhar com grandes campanhas em Milão e Paris. Foi então que, durante um curso de modelo, ele teve contato com aulas de atuação.
Nesse primeiro contato com a atuação algo diferente despertou em Wesley. O professor responsável pela disciplina, Arthur Sherman, teve um papel decisivo nesse processo. Interessado pelo conteúdo e pela didática, ele decidiu ir além: buscou a escola onde Arthur ensinava, a Latin American Film Institute, e resolveu se matricular para aprofundar seus estudos.
A escola incentivava os alunos a produzirem curtas-metragens e, como ator iniciante, ele começou a participar dos testes internos. Foi nesse ambiente de experimentação e troca que a dramaturgia o conquistou de vez. “A arte da dramaturgia me abraçou, muito mais que a da moda”, afirma.

Dentro da própria escola, conheceu a agente que o acompanha até hoje. Em 2018, fez seu primeiro teste para a novela Malhação. No ano seguinte, veio a estreia profissional na TV: integrou o elenco de As Aventuras de Poliana do SBT. Desde então, a atuação se tornou não só uma profissão, mas uma paixão que segue guiando seus passos.
A oportunidade no SBT chegou enquanto Wesley passava férias em Jaraguá do Sul. Ele havia sido convocado para um teste, e retornou imediatamente para São Paulo, onde participou da seleção. Um mês depois, veio a confirmação: ele havia sido escolhido para o papel de Jerry.

“Foi uma felicidade sem tamanho. Eu não tinha noção da proporção da novela, mas já pulei de alegria quando recebi a notícia, estava na estação de metrô e mal conseguia acreditar”, relembra o ator.
No elenco, dividiu cena com nomes como Larissa Manoela, João Guilherme, Dalton Vigh e Flávia Pavanelli — experiência que o motivou ainda mais a seguir na carreira. “As portas se abriram bastante. Serviu como um carimbo: eu sei fazer televisão e estou no caminho certo”, resume.
Conexão com Jaraguá do Sul permanece viva
Apesar da rotina agitada entre gravações e projetos em diferentes cidades, Wesley Schmitt mantém uma conexão com suas origens. Sem residência fixa, o ator conta que está sempre onde o trabalho o chama – seja em São Paulo, no Rio de Janeiro ou em sua terra natal, Jaraguá do Sul. “No momento, estou em Jaraguá. Aproveitei o fim das gravações no Rio para passar um tempo com a família”, explica.
Sempre que possível, Wesley faz questão de acompanhar o crescimento do sobrinho, estar perto dos pais e rever o irmão. Entre compromissos profissionais e deslocamentos constantes, Jaraguá continua sendo seu porto seguro.
O carinho pela cidade vai além dos laços de sangue. Ele descreve Jaraguá do Sul como um lugar acolhedor, de qualidade de vida e tranquilidade únicas: “É uma cidade onde me sinto em casa, não só pela família, mas porque eu cresci aqui, conheço o ritmo, as ruas, as pessoas”.
Embora hoje a cidade não atenda 100% ao estilo de vida que sua carreira exige, ele reconhece o quanto é próspera e aberta para quem busca oportunidades. Os vínculos permanecem vivos: amigos de infância, colegas de escola, familiares e memórias que resistem à correria dos grandes centros. Sempre que está por perto, Wesley faz questão de encontrar quem fez parte da sua história.
O vinculo afetivo com Jaraguá também tem sido reconhecido pela própria cidade. No mês de maio, ele foi homenageado pela Câmara de Vereadores de Jaraguá do Sul com uma moção de aplauso, pelo destaque conquistado em produções nacionais e por representar o município Brasil afora com talento e dedicação.

>> Leia a matéria completa e assista ao vídeo deste momento especial: Ator jaraguaense é homenageado por carreira brilhante Brasil afora
Mesmo longe dos palcos locais e dos antigos corredores da escola, Wesley carrega Jaraguá consigo. Seja no sotaque, nos vínculos afetivos ou no desejo de voltar sempre que pode, a cidade continua sendo um ponto de equilíbrio em meio à correria do trabalho.
Sonhar, persistir e estudar: um recado para os jovens jaraguaenses
Quando o assunto é começar na carreira artística, Wesley Schmitt fala com propriedade e franqueza: é preciso entender que a cidade, apesar de acolhedora, não oferece um mercado estruturado para quem deseja viver da arte. Por isso, o primeiro passo é aceitar que será necessário sair para os grandes centros do país, e se preparar emocional e financeiramente para essa jornada.
Mas antes de qualquer mudança, o ator reforça a importância do autoconhecimento: “É legal entender também qual é a inclinação que se tem. Eu gosto mais do musical? Do cinema? Do teatro?”. Saber para onde se quer ir ajuda a escolher os cursos, caminhos e oportunidades certas dentro de um universo que oferece diversas possibilidades.

Ele também destaca que não existe uma fórmula mágica para o sucesso na arte. “Não tem um caminho pronto pré-definido para se seguir, então cada um realmente constrói de forma muito particular a caminhada. Como acontece a carreira do meu amigo, não se aplica pra mim e a grande maioria. Porque são buscas muito particulares.”
O importante, segundo ele, é estar disposto a aprender, experimentar, errar e evoluir. “Errar não pode ser frustrante, tem que ser construtivo”.
Para acompanhar de perto a rotina deste jaraguaense talentoso, siga-o no Instagram: @wes.schmitt.
Como isso impacta a sua vida?
A história de um jaraguaense talentoso como Wesley Schmitt mostra que nunca se está longe o suficiente dos sonhos. Ele é prova viva de que é possível sonhar alto e construir uma carreira sólida no cenário artístico nacional, mas que também é preciso alimentar o talento com estudo, persistência e coragem para sair da zona de conforto. É assim que ele mostra que Jaraguá, mesmo longe dos grandes centros, continua sendo ponto de partida e de retorno para quem acredita na força da arte como transformação de vida.
Maria Eduarda Günther
Jornalista em formação na FURB, nascida em Jaraguá. Cresci entre filmes, livros e peças teatrais. Após criar conteúdo para redes socias sobre Formula 1 e esportes descobri a paixão por jornalismo e a área de comunicação. Nunca perco a oportunidade de conhecer novos lugares e novas histórias por ai.