Câncer de mama: mastologista de Jaraguá esclarece 10 mitos e verdades sobre a doença
Foto: Anna Tarazevich/Pexels
Muito além da cor rosa e das campanhas nas redes sociais, o Outubro Rosa é um convite para que as mulheres façam uma pausa e voltem o olhar com mais atenção para si mesmas – especialmente para a saúde das mamas.
Em Santa Catarina, esse cuidado é ainda mais urgente: o estado apresenta a maior taxa de incidência de câncer de mama do Brasil, com 74 casos a cada 100 mil mulheres, segundo dados recentes do Instituto Nacional de Câncer (INCA).
E o cenário catarinense acompanha uma realidade nacional, pois o câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres brasileiras, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Segundo dados do Ministério da Saúde, ele responde por cerca de 28% dos novos diagnósticos em mulheres no país.
A boa notícia é que a maioria dos casos tem bom prognóstico, especialmente quando diagnosticada precocemente.
No entanto, em meio a tantas informações (e desinformações) espalhadas pela internet, é comum surgirem dúvidas, receios e até mitos que acabam atrapalhando a prevenção e o diagnóstico precoce.
Para ajudar a separar fatos de boatos e trazer informação confiável aos jaraguaenses, contamos com a ajuda do médico mastologista Rafael Reis e Silva. Ele é formado pelo Hospital Sírio-Libanês (SP) e atua há mais de uma década em Jaraguá e Joinville, na prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer de mama.
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De forma clara e didática, ele respondeu a principais dúvidas que ainda geram confusão quando o assunto é câncer de mama. Confira a seguir o que é mito e o que é verdade quando o assunto é câncer de mama e prevenção.
10 mitos e verdades sobre o câncer de mama que toda mulher deve saber
1. Só quem tem histórico familiar corre risco de ter câncer.
Mito. Ter histórico familiar com casos de câncer de mama — especialmente em parentes de primeiro grau como mãe ou irmã — aumenta o risco, sim. Mas a maioria dos diagnósticos não tem relação com herança genética.
“Ter mãe ou irmã com câncer de mama eleva sua atenção e pode justificar rastreio mais precoce, porém quem não tem histórico também pode ter câncer”, explica Dr. Rafael.
2. O autoexame é suficiente para detectar o câncer.
Mito. O autoexame é importante para que a mulher conheça seu próprio corpo e possa perceber alterações suspeitas. No entanto, ele não substitui a consulta médica nem os exames de imagem.
“O autoexame deve ser visto como um aliado, mas não como uma ferramenta única de rastreio”, reforça o médico.
3. A mamografia é necessária a partir dos 40 anos.
Verdade. A mamografia é o principal exame para rastrear o câncer de mama e detectar lesões em estágio inicial, antes mesmo de virarem nódulos palpáveis.
“Ela reduz mortes por câncer de mama quando usada adequadamente. A recomendação é começar aos 40 anos, com frequência anual”, orienta Dr. Rafael.
4. Mamografia faz mal para a saúde da mulher, e existem outros exames mais eficientes.
Mito. Nos últimos anos, surgiram conteúdos nas redes sociais afirmando que a mamografia seria prejudicial à saúde. O médico alerta que isso não tem base científica.
“A mamografia continua sendo o exame mais importante para o rastreio. Existem exames modernos como a tomossíntese (mamografia 3D) e a ressonância magnética, mas são mais caros e indicados para casos específicos. Para a população geral, a mamografia tradicional ainda é a melhor escolha.”

5. Todo “caroço” no seio é sinal de câncer.
Mito. Encontrar um nódulo na mama nem sempre é motivo para pânico. Há diversas causas benignas: cistos, inflamações, alterações hormonais e até fibroadenomas, comuns em mulheres jovens.
“O importante é que toda alteração seja avaliada por um médico. Só o exame clínico e os exames de imagem vão dar a resposta correta.”
6. Só mulheres mais velhas precisam se preocupar com o câncer da mama.
Mito. Embora o risco de câncer de mama aumente com a idade – especialmente após os 50 anos – mulheres mais jovens também podem desenvolver a doença.
“Em mulheres jovens, às vezes a forma do câncer é mais agressiva. Por isso, qualquer sintoma como nódulo, secreção ou alteração na pele das mamas deve ser investigado, independentemente da idade.”
7. Sutiã apertado pode causar câncer.
Mito. Essa é uma das crenças mais comuns, mas não há qualquer comprovação científica de que o uso de sutiãs apertados aumente o risco de câncer de mama.
“Estudos não mostraram associação consistente entre uso de sutiã e câncer. A recomendação é simples: vista o que for confortável”, diz o médico.
8. Desodorantes antitranspirantes aumentam o risco de câncer.
Sem comprovação científica. Muitos se preocupam com o uso de desodorantes antitranspirantes, especialmente os que contêm alumínio ou parabenos. No entanto, até hoje não foi comprovada nenhuma relação direta com o desenvolvimento de câncer de mama.
“Se a pessoa tiver alergia ou quiser evitar certos ingredientes, tudo bem. Mas não há necessidade de trocar de produto por medo de câncer”, esclarece.
9. Atividade física ajuda a prevenir o câncer de mama.
Verdade. A ciência é clara: exercícios físicos regulares reduzem o risco de câncer de mama. Além disso, ajudam a controlar o peso, equilibrar os hormônios e reduzir inflamações – todos fatores que influenciam no surgimento de tumores.
“Além de prevenir, a atividade física também melhora o prognóstico em quem já teve câncer”, destaca Dr. Rafael.
10. O câncer de mama tem cura.
Verdade. Quando o diagnóstico é feito nos estágios iniciais, as chances de cura ultrapassam 90% nos primeiros cinco anos.
“Com rastreamento regular e tratamento adequado, os resultados são excelentes. Rastrear e tratar cedo salva vidas”, finaliza o mastologista.
Tem outras dúvidas em relação ao câncer de mama?
Escreva para a nossa equipe no e-mail redacao@nascecom.com.br. Sua dúvida pode inspirar novas matérias e ajudar outras pessoas que também buscam informação confiável. ;)
E se você está com alguma preocupação com o seu corpo, procure um médico especialista ou converse com seu ginecologista. Eles poderão te orientar sobre exames, sintomas ou qualquer mudança que você notar.
Como isso impacta a sua vida?
Saber identificar o que é mito e o que é verdade sobre o câncer de mama pode fazer toda a diferença no diagnóstico precoce — que aumenta consideravelmente as chances de cura. Estar bem informado é o primeiro passo para cuidar de si mesmo(a) e também orientar quem está ao seu redor.
Gabriela Bubniak
Jaraguaense de alma inquieta e jornalista apaixonada por contar boas histórias. Tenho fascínio por livros, música e viagens, mas o que me move é viver a energia de um bom futsal na Arena e explorar o que há de melhor na nossa terrinha.