CEO da Latam alerta que, com reforma tributária, “voar poderá ficar 25% mais caro”

Foto: rauschenberger/Pixabay
O CEO da Latam Brasil, Jerome Cadier, fez um alerta contundente em seu perfil no LinkedIn nesta semana: a reforma tributária aprovada no Brasil pode tornar as passagens aéreas até 25% mais caras. Segundo ele, embora a reforma seja positiva para o país como um todo, há distorções setoriais preocupantes, e o setor de aviação estaria entre os mais afetados.
Cadier ressalta que o impacto não será sentido pelas companhias aéreas, mas sim pelos passageiros, já que as empresas apenas repassam os custos tributários nos preços dos bilhetes.
“Apesar do que foi dito, para o setor a reforma traz um aumento brutal de impostos”, escreveu o executivo. “Voar ficará cerca de 25% mais caro!”
Aumento de impostos pode afetar voos nacionais e internacionais
De acordo com a projeção apresentada pela Latam e repercutida pelo site Melhores Destinos, a carga tributária sobre as passagens domésticas pode subir dos atuais 9% para cerca de 27%. Já nas viagens internacionais, que atualmente são isentas de impostos, a reforma prevê a aplicação da nova alíquota padrão, o que encareceria significativamente esse tipo de voo.
A estimativa é de que:
- o valor médio de uma passagem doméstica suba de US$ 130 para US$ 160;
- o valor médio de uma passagem internacional vá de US$ 740 para US$ 935.
Esses números foram calculados com base em dados da IATA (Associação Internacional de Transporte Aéreo), entidade que também demonstrou preocupação com os efeitos da reforma brasileira sobre a aviação.
Preço mais alto pode reduzir demanda em até 30%
Segundo a IATA, a queda na procura por voos no Brasil pode chegar a 30%, o que comprometeria o crescimento do setor e prejudicaria a conectividade aérea no país, especialmente em regiões que já enfrentam pouca oferta de voos.
Brasil na contramão do mundo, diz CEO
Em sua publicação, o CEO da Latam destaca que a tendência global é de reduzir tributos sobre a aviação, por considerar o transporte aéreo um serviço essencial para o desenvolvimento econômico e para a integração nacional. No entanto, o Brasil estaria adotando o caminho oposto, com a reforma elevando significativamente a carga tributária.
“Se não ajustarem isto, vamos acelerar em marcha ré”, afirmou Cadier.
A crítica não é isolada. Diversas entidades do setor já se manifestaram nas últimas semanas pedindo ajustes na regulamentação setorial, de forma que a aviação comercial possa continuar acessível e viável no país.
Setor aéreo pede revisão nos termos da reforma
A Latam, a IATA e outras companhias defendem que o Congresso e o governo federal avaliem medidas corretivas antes da entrada em vigor das novas regras fiscais. A proposta é incluir exceções ou regimes específicos que levem em conta a natureza estratégica do setor aéreo, como já acontece em outras partes do mundo.
Sem isso, afirmam os especialistas, o aumento nos preços das passagens tende a ser inevitável, impactando diretamente o consumidor final e a economia de maneira mais ampla.