Esportes | 22/10/2025 | Atualizado em: 22/10/25 ás 15:23

Torcedor transforma paixão pelo Jaraguá Futsal em coleção com quase 200 camisas históricas

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Torcedor transforma paixão pelo Jaraguá Futsal em coleção com quase 200 camisas históricas

Foto: Gabriela Bubniak/JDV

Jaraguá do Sul respira futsal. E não é preciso muito para perceber o quanto o esporte está inserido no cotidiano da cidade e no coração de quem vive aqui. O preto e amarelo do Jaraguá Futsal virou símbolo de pertencimento, uma tradição que atravessa o tempo e une gerações há mais de 30 anos.

É nesse cenário que Jonas Rabuske, um gaúcho que escolheu Jaraguá como lar, transformou sua admiração pelo clube em algo concreto: uma coleção de 193 camisas do aurinegro, cada uma guardando um pedaço da história do time e também da prova do amor que ele tem pelo clube.

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O JDV foi conferir de perto essa coleção impressionante e única. Para esse encontro, Jonas espalhou quase duzentas camisas nas arquibancadas superiores da Arena Jaraguá, colorindo os assentos com décadas de história. Entre uma lembrança e outra, ele contou como essa belíssima coleção começou – ainda lá no Rio Grande do Sul.

Vista superior da Arena Jaraguá com arquibancada coberta por camisas do Jaraguá Futsal expostas pelo torcedor Jonas Rabuske
Foto: Gabriela Bubniak/JDV

Uma paixão que começou longe de Jaraguá

Jonas Rabuske nasceu em Uruguaiana (RS), na fronteira com a Argentina, e cresceu em Taquara, na região metropolitana de Porto Alegre. O futsal sempre esteve presente em sua rotina; seja na quadra da escola, nas competições regionais e nas transmissões de TV que, nos anos 2000, faziam o esporte ganhar espaço.

E foi diante da televisão que ele descobriu o Jaraguá Futsal, um time que, mesmo a quase 600 quilômetros de distância, parecia falar a sua língua.

“Comecei assistindo lá de longe. O Jaraguá era diferente, tinha um brilho próprio. Aquele time me marcou. Com nomes como Tiago, Lenísio e o Falcão, claro, que era uma referência – o cara que fazia a gente acreditar no impossível”, lembra.

Jonas Rabuske segura camisa preta da Era Malwee, uma das relíquias do Jaraguá Futsal.
Foto: Gabriela Bubniak/JDV

Em 2018, o destino tratou de encurtar as distâncias. Jonas conquistou uma bolsa de estudos para cursar Engenharia Elétrica e escolheu Jaraguá para viver. O que seria uma mudança temporária virou um novo começo. Aos poucos, as idas à Arena se tornaram rituais. A arquibancada virou ponto de encontro, e a cidade, sua casa.

“Desde que cheguei, devo ter perdido uns dez jogos só. E olhe lá. Ir à Arena virou parte da minha rotina. Quando não estou lá, sinto falta. É como se a semana ficasse incompleta.”

Entre estudos, trabalho e jogos, Jonas construiu uma nova vida. O gaúcho se tornou jaraguaense por escolha e, de torcedor à distância, passou a ser parte da história viva do Jaraguá Futsal, transformando admiração em memória preservada.

Torcedor Jonas Rabuske posa embaixo da trave da Arena Jaraguá ao lado de camisas históricas do Jaraguá Futsal
Foto: Gabriela Bubniak/JDV

E Jonas não é somente presença constante na Arena Jaraguá. Mesmo com a rotina puxada de trabalho, quando pode, viaja para acompanhar o time. A lembrança que guarda com mais carinho é a na final da LNF de 2024, contra o Praia Clube (MG), no ginásio de Carlos Barbosa, no Rio Grande do Sul.

“Meu pai e eu combinamos que, se o Jaraguá chegasse à final, a gente iria. E fomos. Pegamos a caravana daqui e foi emocionante. Ver o time jogar lá e voltar com a vitória foi algo que nunca vou esquecer.”

Jonas Rabuske e o pai em frente ao ginásio de Carlos Barbosa antes da final da Liga Nacional de Futsal 2024
Foto: Arquivo pessoal

>> Leia também: Como o Jaraguá Futsal fez da saúde mental um pilar para se manter na elite do esporte

Camisas que contam a história do Jaraguá Futsal

A coleção de Jonas Rabuske nasceu sem pretensão. A primeira camisa original que ele teve foi uma do Internacional – seu time do coração no futebol de campo. Foi um presente dos pais, no Natal de 2011.

Antes disso, o futebol já fazia parte da rotina, mas de forma mais simples: camisas de camelô, times improvisados com amigos e o sonho de um dia ter uma peça “de verdade”. Quando conseguiu, foi o início de uma relação que iria muito além da torcida.

“Eu sempre gostei de futebol, mas não tinha condição de comprar camisas originais. Quando comecei a trabalhar, juntei dinheiro e comecei a buscar mais. Era uma forma de guardar um pouco da história dos times que eu gostava”, conta.

Jonas Rabuske mostra camisa amarela personalizada do Jaraguá Futsal na Arena Jaraguá.
Foto: Gabriela Bubniak/JDV

O hobby virou missão. Hoje, ele acumula 353 camisas ao todo, das quais 193 são do Jaraguá, 60 do Internacional, 35 da Seleção Brasileira de Futsal e outras diversas, desde grandes clubes europeus até times do interior gaúcho, onde vive parte da família.

As araras, que ficam na casa do pai, estão organizadas por ano, modelo e tipo de uso. E as do aurinegro são as mais diversas: há uniformes de jogo, de treino, de goleiro e até protótipos que nunca foram aprovados pelo clube. Algumas peças são únicas, relíquias que poucos viram de perto.

“Tenho uma camisa do Franklin, usada em 2001. É uma das minhas preferidas. Encontrei por acaso, numa troca em Corupá. O cara ia vender uma camisa do Falcão e apareceu com essa. Eu não tinha o dinheiro na hora, mas dei um jeito com o cartão de crédito. É uma das que nunca sairão da minha coleção.”

Jonas Rabuske segura camisa azul do goleiro Franklin, usada em 2001 pelo Jaraguá Futsal, na Arena Jaraguá
Foto: Gabriela Bubniak/JDV

Entre as raridades, há também modelos piloto, que só existiram no papel – versões criadas e rejeitadas pela diretoria – além de uniformes que pertenciam a jogadores da era Malwee, a fase mais vitoriosa do Jaraguá.

Jonas também tem na coleção algumas camisas de passeio, agasalhos e de manga comprida; para muitas dessas relíquias ele conseguiu, com o tempo, o autógrafo de alguns dos ídolos do time, como o caso do ex-atleta Lenísio e o Xande, hoje técnico do Jaraguá Futsal.

Um encontro com a própria história

Em 2021, Jonas viveu o momento mais marcante da sua trajetória como colecionador. A convite do ex-goleiro Dudu, organizou uma exposição com parte do acervo e reuniu ex-jogadores do Jaraguá Futsal na Arena. Estiveram lá nomes como Franklin, Leco, Xande, Chico, Junai, Marcio e Eka.

“Quando vi, eles estavam lá, olhando minhas camisas, lembrando de jogos e conquistas. Foi surreal. Gente que eu sempre admirei me agradecendo por guardar aquilo tudo.”

O encontro transformou a relação entre torcedor e ídolos. Os jogadores se emocionaram ao ver peças que nem lembravam mais de ter usado. Alguns chegaram a reconhecer uniformes de finais e partidas históricas.

“Eles diziam que eu sabia mais sobre as camisas do que eles mesmos. Foi bonito ver como o esporte une. Ali percebi que o que eu faço não é só colecionar, é preservar.”

Segue a busca por novas raridades

Mesmo com quase duzentas camisas do Jaraguá Futsal, Jonas Rabuske ainda tem uma lista de peças que sonha em encontrar.

quibancada da Arena Jaraguá coberta por camisas históricas do Jaraguá Futsal
Foto: Gabriela Bubniak/JDV

Entre as que faltam estão modelos de treino, camisas usadas por ídolos que marcaram época e versões de temporadas antigas que desapareceram do mercado. Peças que, segundo ele, ajudariam a preencher as lacunas da linha do tempo que vem reconstruindo há mais de uma década.

Confira algumas das camisas que o torcedor ainda busca para somar no acervo:

>> Tem alguma camisa do Jaraguá Futsal para vender, trocar ou doar?
Entre em contato com Jonas pelo Instagram @colecao_rabuske e combine com ele.

Para Jonas, colecionar vai muito além de acumular camisas. É uma forma de guardar lembranças, celebrar conquistas e manter viva a história do Jaraguá Futsal. Cada peça tem um valor simbólico que não cabe em números ou cifras.

“Não estou atrás de números para me intitular o maior colecionador do Jaraguá, por exemplo. O que me move mesmo é contribuir para manter viva a história do clube.” resume.

Jonas Rabuske sentado nas arquibancadas da Arena Jaraguá cercado por camisas históricas do Jaraguá Futsal.
Foto: Gabriela Bubniak/JDV

Como isso impacta sua vida

A história de Jonas Rabuske mostra que a paixão pelo esporte pode ir muito além do que acontece dentro da quadra. Ao colecionar camisas, ele não apenas preserva a memória do Jaraguá Futsal, mas cria pontes entre passado e presente, entre torcedores e ídolos, entre o amor pelo jogo e o orgulho de fazer parte de algo maior. Sua dedicação nos lembra que torcer é também um ato de resistência, memória e afeto.

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Gabriela Bubniak

Jaraguaense de alma inquieta e jornalista apaixonada por contar boas histórias. Tenho fascínio por livros, música e viagens, mas o que me move é viver a energia de um bom futsal na Arena e explorar o que há de melhor na nossa terrinha.

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