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Coluna: As relevâncias do cotidiano

“Cada instante da nossa vida não tem bis, não tem repeteco, não volta para trás. Nunca vai acontecer de novo, porque não tem de novo, só tem o novo que acontece a cada instante.” Ao ouvir as palavras da monja Coen é impossível não refletir sobre a verdade contida nelas….

09/04/2023

“Cada instante da nossa vida não tem bis, não tem repeteco, não volta para trás. Nunca vai acontecer de novo, porque não tem de novo, só tem o novo que acontece a cada instante.” Ao ouvir as palavras da monja Coen é impossível não refletir sobre a verdade contida nelas. Sem dúvida, a consciência de que precisamos identificar as escolhas que fazemos “aqui” e “agora” é essencial.

Vivemos numa época em que tudo é acelerado. Acordamos com uma série de tarefas programadas e muitas vezes nos desesperamos com as situações inesperadas. Com os olhos no relógio, desempenhando atividades no trabalho, conferindo as notícias do dia e, sempre que possível, atentos às postagens nas redes sociais, fica sempre a sensação de que 24 horas é pouco para o que queremos fazer.

Assim, passamos a elencar prioridades e a optar pelo que consideramos estritamente relevante. Vamos abrindo mão da convivência presencial, nos isolando e nos afastando cada vez mais do essencial, que é viver plenamente, cultivar afetos, ter empatia e comprometimento genuíno com a sociedade. Dessa forma, o pertencimento à comunidade também deixa de ter importância.

A conectividade permanente, a necessidade de “mostrar serviço” e a busca incessante de chegar, ou de se manter na frente, no trabalho, nos estudos e no meio social, sem dúvida tem um alto custo para a saúde. Nos tornamos estressados, irritadiços. E a tão buscada qualidade de vida? Passa ao largo, com certeza…

Os reflexos para quem vive sempre “pilhado” e “ligado no 220” não comprometem apenas a saúde e a qualidade de vida. A corrida para se alcançar um futuro melhor, de preferência “para ontem”, com a maior celeridade possível, faz com que perdamos algo precioso na vida: o tempo presente. Esquecemos que o dia de hoje é único e deve ser encarado como tal.

Sim, cada fase da vida deve ser vivida plenamente. Um bom exemplo é a relação entre pais e filhos. O pais geralmente se preocupam em batalhar para garantir conforto e fazer um bom pé de meia, no que não estão errados, porque é preciso semear para colher. Mas e quando esse semear impede que se guarde um tempo para conviver e acompanhar o crescimento das crianças, terceirizando os cuidados e a educação? Quando uma babá é vista como a maior fonte de amor e atenção para uma criança, a vida sinaliza de que é preciso dedicar mais tempo para ela. A infância passa, e brinquedos não suprem a ausência paterna, ou materna… Como isso refletirá nas interações familiares, no futuro?

Muitas vezes, deixamos para amanhã o que podemos fazer hoje. Prometemos visitar um parente, ou amigo, “quando tivermos tempo”. Mas quando será isso?

Conversamos virtualmente com pessoas queridas e até nos comprometemos em marcar “aquele café para colocar o papo em dia”, porém, sem definir a data e o horário. Procrastinamos, geralmente, por excesso de confiança. E arriscamos perder oportunidades.

O problema é que nunca sabemos o que a vida nos reserva, e esse amanhã pode não chegar… De repente, você pode ser surpreendido com a notícia de que aquele familiar ou amigo já não estará mais nessa esfera para o receber… E nessas horas, você poderá ser invadido pela tristeza.

Mas, calma! Ainda há tempo! Basta arranjar “tempo” para viver o hoje…

 

 

 

 

 

Por

Sônia Pillon é jornalista e escritora, formada em Jornalismo pela PUC-RS e pós-graduada em Produção de Texto e Gramática pela Univille. Integra a AJEB Santa Catarina. Fundadora da ALBSC Jaraguá do Sul.

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