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Coluna: Diga NÃO à discriminação!

O Dia Nacional da Consciência Negra transcorreu ontem, 20 de novembro, em homenagem a Zumbi dos Palmares, uma data que simboliza resistência cultural e marca a luta dos negros e afrodescendentes contra a discriminação. Ao longo da semana, inúmeras reportagens mostraram as dificuldades, enfrentamentos e vitórias dos negros brasileiros que…

21/11/2021

O Dia Nacional da Consciência Negra transcorreu ontem, 20 de novembro, em homenagem a Zumbi dos Palmares, uma data que simboliza resistência cultural e marca a luta dos negros e afrodescendentes contra a discriminação. Ao longo da semana, inúmeras reportagens mostraram as dificuldades, enfrentamentos e vitórias dos negros brasileiros que se tornaram referências nas batalhas empreendidas pela igualdade de oportunidades. São histórias bem sucedidas que inspiram e levam à reflexão. Os relatos nos conduzem a um novo olhar sobre essa temática, escancarando injustiças e nos cobrando uma posição como cidadãos.

Não se trata de vitimismo, como defendem alguns, mas de ficarmos frente a frente com uma realidade que não pode ser ignorada, em pleno século 21. Os avanços tecnológicos devem caminhar lado a lado com a mudança de mentalidade. Somos o reflexo de uma cultura escravocrata e precisamos tomar consciência disso.

Falar em racismo no Brasil ainda é tabu para muita gente. O tema é incômodo até entre as famílias. Muitos se contorcem na cadeira quando são questionados e desmascarados ao pré-julgarem pessoas pela cor da pele. Poucos ainda se declaram abertamente racistas, e os que o fazem, se utilizam de estereótipos negativos para “justificar” o injustificável. E o pior é que esses indivíduos ainda conseguem encontrar eco entre parte da população.

Há os que negam serem racistas “da boca para fora”, seja para esconderem socialmente e até por não admitirem para si mesmos. É evidente que muitos não admitem fortalecer o racismo estrutural não somente para não “ficar feio” no meio social onde circulam, mas principalmente, porque racismo no Brasil é crime.

E olha que a rejeição nem precisa ser verbalizada, como acontece nas competições esportivas, com xingamentos envolvendo torcedores do time adversário e até dirigentes de clubes. A vítima do racismo percebe pelo olhar que recebe, pela desconfiança que gera por morar na favela, em um bairro da periferia, ou ao entrar em uma loja de um shopping, por exemplo.

Não basta afirmar “não sou racista”. É preciso ser antirracista na prática, sair do blá-blá-blá. O mundo já está cheio de discursos hipócritas e vazios que não se sustentam no dia a dia.

E para os que se permitem entender um pouco mais sobre o tema quebrando paradigmas que se perpetuam desde os tempos da Escravidão no Brasil, indico a leitura da obra “Pequeno manual antirracista”, da filósofa e ativista negra brasileira Djamila Ribeiro. Ela nos convida a sermos protagonistas em ações contra o racismo que está presente em todas as esferas. Como diz Djamila, “nunca entre numa discussão sobre racismo dizendo ‘mas eu não sou racista’. O que está em questão não é um posicionamento moral, individual, mas um problema estrutural”.

Por

Sônia Pillon é jornalista e escritora, formada em Jornalismo pela PUC-RS e pós-graduada em Produção de Texto e Gramática pela Univille. Integra a AJEB Santa Catarina. Fundadora da ALBSC Jaraguá do Sul.

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