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Coluna: Nenhuma surpresa

Udo Döhler, homologado como vice de Carlos Moisés (Republicanos), terá de mostrar que tem votos em Joinville, com seus 412 mil eleitores

27/07/2022

A convenção do MDB não trouxe surpresas. Prevaleceu a força do continuísmo contra um discurso destemperado do grupo dissidente que não mirava apenas a cabeça de chapa. Mas visava, também, defenestrar do comando os velhos donatários do partido. Estes, exímios articuladores de tramas maléficas contra quem ouse destroná-los do poder. Agora, Udo Döhler, homologado como vice de Carlos Moisés (Republicanos), terá de mostrar que tem votos em Joinville, com seus 412 mil eleitores. E o MDB local que o apoiou, também.

É tudo ou nada

Mas há outro registro a fazer: dos 469 votos contados, 276 foram pelo alinhamento do MDB à reeleição de Carlos Moisés (Republicanos). Isso quer dizer que, na prática, esses emedebistas assumiram a responsabilidade não só de dar a Moisés um segundo mandato, mas também a de garantir a sobrevivência do partido se tudo der certo nas urnas. Fazendo bom governo com Moisés, o MDB sobrevive para pleitear a cabeça de chapa em 2026. Ao contrário, alguém terá de juntar os cacos.

Olho na Assembleia

Ao ex-prefeito Antidio Lunelli restou uma candidatura proporcional. E o fará, já disse. Mirando uma das 40 cadeiras da Assembleia Legislativa. Quer ficar por perto, fiscalizando, criticando, tentando se manter em evidência para futuras empreitadas. Mas se eleito, será voz solitária no partido e mais oposição que a própria oposição. Batendo boca com deputados do MDB, do PSD, PP, Podemos e outras siglas alinhadas ao governador. Isso supondo-se que Carlos Moisés seja reeleito.

Eleições

  • Mantido o critério das candidaturas proporcionais anunciadas pelo MDB, Antidio Lunelli pode se eleger até com facilidade. Jaraguá do Sul e os outros quatro maiores municípios do Vale do Itapocu têm cerca de 180 mil eleitores. Se o ex-prefeito tem, de fato, o apoio manifestado em redes sociais por aqui e em outras regiões do Estado, passará pelo teste das urnas.
  • Mas por tal critério, é bom dizer, são só 41 candidatos para as 40 cadeiras da Assembleia Legislativa. Na proporção de um para cada 125 mil eleitores. Por isso, haverá disputa interna pela indicação à lista de nomes que deve ser fechada até 15 de agosto. Porém, os eleitos em 2018 têm direito garantido à reeleição, além da cota obrigatória feminina, com 13 nomes.
  • Na convenção do PP o senador Esperidião Amin, 74 anos, foi aclamado candidato a governador. Pelas circunstâncias, já que não havia outro nome com densidade eleitoral para encarar uma disputa de tal porte.  Amin vai para a quinta tentativa, duas delas com sucesso (1982 e 1998). Se perder, mais quatro anos como senador e pendura as chuteiras.
  • Amin ainda não tem o vice e nem o candidato a senador. Amin quer o deputado Kennedy Nunes, já homologado pelo PTB. Nunes havia acertado que o PTB apoiaria Jorginho Mello (PL). Com ele na chapa majoritária para o Senado. Mas, Mello recuou e aceitou Jorge Seif Junior, um nome imposto pelo ‘amigo’ Jair Bolsonaro (PL). Sem medir as consequências locais.
  • No PL a candidatura do senador Jorginho Mello será homologada no dia 5 de agosto quando o partido faz a sua convenção. Também Mello ainda está sem vice e sem candidato ao Senado. Amin e Mello têm algo em comum: estão isolados, sem parceiros de peso. E disputam a tapa o combalido PSDB. Que, pelo visto, prefere pousar no poleiro de Carlos Moisés (Republicanos).
  • Décio Lima (PT) foi homologado candidato da esquerda a governador. Para o senador Dario Berger (PSB) sobrou a opção à reeleição, mais terá de disputar a indicação. Claudio Vignatti, ex-petista e presidente do PSB, deve ter sonhado que Lula da Silva (PT) iria preterir o compadre Décio Lima (que já disputou o cargo em 2018) e indicar Berger ao governo do Estado.
  • Eron Giordani (PSD), o vice de Gean Loureiro (União Brasil) foi quem organizou politicamente o governo de Carlos Moisés (Republicanos) quando chefe da Casa Civil. Mas agora é oposição. Também foi chefe de gabinete do prefeito de Chapecó, João Rodrigues, um dos avalistas de sua ida para a Casa Civil. Agora, Rodrigues coordena a campanha de Loureiro no Oeste como feroz opositor de Moisés. É coisa para o diabo rir.

Blumenau na majoritária

Na eleição majoritária de 1986, Blumenau lançou duas chapas para governador. Eram candidatos Wilson Pedro Kleinübing (PFL), e Acácio Bernardes (PDT), famoso advogado criminalista e pai do ex-prefeito da cidade, Napoleão Bernardes (PSD). Pedro Ivo Figueiredo de Campos (PMDB) venceu aquela eleição. Agora, esse fato inédito na história das eleições majoritárias de SC se repete, com outros nomes.

PT e o Novo

De um lado está o petista Décio Lima, por duas vezes prefeito de Blumenau e o promotor de Justiça Odair Tramontin (Novo). Lima, hoje apoiado por sete partidos da esquerda catarinense, disputou a majoritária em 2018. Com chapa pura, foi o quarto mais votado (460.889 mil) entre oito candidatos. Tramontin, também em chapa pura, candidatou-se a prefeito de Blumenau em 2020, fez 22.846 mil votos. Foi o terceiro entre 11 candidatos. É a segunda tentativa dele a um cargo eletivo.

Por

Nascido em Blumenau, 72 anos, 57 de profissão, incluindo passagens pelo rádio. E em jornais diários como A Notícia (Joinville), Jornal de Santa Catarina (Blumenau) e O Correio do Povo (Jaraguá do Sul)

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