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Coluna: Os sons e as folhas de outono

As árvores “trocam a roupagem” na estação que inicia hoje e somos convidados a sermos introspectivos e reflexivos, mas sem espaço à melancolia

20/03/2022

Da minha janela é possível ouvir o canto alvoroçado dos passarinhos, pulando entre os galhos, numa harmoniosa sinfonia. Ao fechar os olhos por alguns instantes, é possível perceber com um apuro maior a delicadeza dos acordes. Com certeza é a maneira graciosa que as aves canoras nos presenteiam ao comemorar a chegada do outono e o retorno tímido do sol, ainda parcialmente encoberto pelas nuvens.

A nova estação chega trazendo as primeiras massas de ar frio em solo catarinense, amenizando e nos libertando do calor sufocante dos últimos meses. Para muitos, foi uma despedida bastante aguardada. Portanto, seja bem-vindo, outono!

Pessoalmente, já estava com saudade daquele frescor reconfortante. Confesso que já sentia falta daquela sensação de sopro suave dos ares outonais. É certo que, com as mudanças climáticas, as quatro estações deixaram de seguir o calendário. E que o calor aparecerá repentinamente em diversos momentos pelos próximos três meses que antecedem o inverno. O que se sabe até aqui, segundo os meteorologistas, é que as chuvas devem ficar abaixo da média.

Durante o outono, as árvores “trocam a roupagem”, soltam as flores e as folhas mudam de tonalidade, passam do verde para o amarelo e depois para o cinza. Cansadas de enfrentar os intensos raios solares do verão, chegou a hora de se despirem das antigas folhas e abrirem espaço para as novas folhas que virão. Assim se desenrolam os ciclos da vida.

O contorno das árvores se transforma em um grande tapete bicolor. E quando chove, esse “tapete” tecido pela natureza ganha uma aparência envernizada, perceptível principalmente por aqueles que caminham por uma via arborizada. Nessas horas, prestar atenção aos detalhes faz toda a diferença.

E nos dias em que o vento outonal sopra, caminhar por esses lugares também nos permite ver as folhas voando e se esparramando pelos quintais e pelas ruas. Pode ser um momento poético (ou desesperador, aos que correm para pegar a vassoura…). Mais uma vez é a natureza se manifestando. Dessa vez, sutilmente.

A estação que inicia hoje nos convida a sermos introspectivos, reflexivos. É o período em que muitos começam a ficar um pouco mais entocados em casa, estudando, planejando, avaliando os próximos passos, as escolhas e as renúncias. É uma preparação que não deve dar espaço à melancolia.

Por

Sônia Pillon é jornalista e escritora, formada em Jornalismo pela PUC-RS e pós-graduada em Produção de Texto e Gramática pela Univille. Integra a AJEB Santa Catarina. Fundadora da ALBSC Jaraguá do Sul.

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