Coluna: “Um chamava o outro de ladrão”

Hamilton Mourão (Republicanos), vice-presidente da República e candidato a senador pelo RS, disse estranhar a filiação de Geraldo Alckmin no PSB para ser o vice de Lula da Silva (PT). Indagado, lembrou que “um chamava o outro de ladrão e agora vão ficar abraçados? ” De fato, no YouTube e redes sociais é possível ver vídeos com ofensas de lado a lado. Não é novidade. Em 2012, Lula fez acordo com o então deputado Paulo Maluff (PP) para eleger Fernando Haddad (PT) prefeito de São Paulo. Contra José Serra (PSDB), apoiado por Alckmin. Com moeda de troca, o PP assumiu o Ministério das Cidades já no governo de Dilma Rousseff.

“Sem ética, sem limites”

Alckmin em 2016: “Eu acho que o Lula é o retrato do PT, partido envolvido em corrupção, sem compromissos com as questões de natureza ética, sem limites”. Alckmin em 2017: “Depois de ter quebrado o Brasil, Lula diz que quer voltar ao poder. Ou seja, quer voltar à cena do crime”. Alckmin em 2018: “Vou vencer (a eleição presidencial) para recuperar os empregos que eles destruíram saqueando o Brasil”.

“Lula é o melhor”

Alckmin, quarta-feira, 23 de março: “Ele (Lula) é, hoje, aquele que melhor reflete e interpreta o sentimento de esperança do povo brasileiro. Aliás, ele representa a própria democracia porque ele é fruto da democracia. Não tenho dúvidas de que o presidente Lula, se Deus quiser, eleito, vai reinserir o Brasil no cenário mundial”.

Eleições

• Finalmente, o senador Dario Berger filiou-se ao PSB, mas ainda não está definido se vai para as urnas como candidato a govenador ou à reeleição para o Senado. Berger já passou pelo PFL (1991-2003) PSDB (2003-2007) e MDB (2007-2022). No discurso de posse disse ser movido a desafios e que para o PSB para ser candidato a governador de Santa Catarina.
• O irmão, Djalma Berger, ex-deputado federal, a exemplo do senador também foi prefeito de São José, eleito pelo PSB em 2008. À época nomeou Lurian da Silva, filha de Lula da Silva (PT) como secretária de Ação Social. O PSB era um aliado dos governos do PT. Também foi filiado ao PTB, PFL, PSDB e MDB. E secretário de Obras quando Dário era prefeito de Florianópolis.
• Deputado federal Celso Maldaner, presidente do diretório estadual do MDB, disse que o partido (sem citar nomes) já tem pronta a relação de candidatos a deputado. Para a Assembleia Legislativa, mantida a regra anunciada de um candidato a cada 125 mil eleitores, serão 41. Incluindo os nove da bancada atual, restaram 32vagas para os novatos.
• No caso dos deputados federais, pelo critério anunciado de um candidato para cada 300 mil eleitores, serão 17 nomes nas urnas (seis mulheres). Dos três eleitos em 2018 e com direito assegurado, Rogério Peninha Mendonça não disputará a reeleição. Assim, restaram 15 vagas.
• Em valores corrigidos pelo INPC até janeiro de 2022, o gasto médio das campanhas para governador, tomando por base a eleição de 2018, foi de R$ 6,8 milhões entre os vencedores da disputa. O limite de gastos estabelecido pelo Tribunal Superior Eleitoral varia pelo número de eleitores dos estados. A mesma regra vale para os demais cargos eletivos.
• No caso de Santa Catarina, com cinco milhões de eleitores em 2018, o limite era de R$ 9,1 milhões, permitida uma ampliação em mais R$ 4,5 milhões já que houve segundo turno. O estudo, inédito, é do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados sobre contas de campanha prestadas ao Tribunal Superior Eleitoral.
• Quem se elegeu senador por Santa Catarina, no caso Esperidião Amin (PP) e Jorginho Mello (PL) poderia gastar, segundo a pesquisa, até R$ 3,6 milhões; deputados federais R$ 2,5 milhões e deputados estaduais R$ 1 milhão. Com o Fundo Eleitoral de R$ 4,9 bilhões para 2022, a previsão é de que os gastos cresçam. Tudo pago com dinheiro de impostos.
• Situação inusitada em Porto Belo. O prefeito Emerson Stein (MDB) renunciará para se candidatar a deputado estadual. O vice, Elias Cabral (PL), também, mas por outo motivo. Professor da rede estadual de ensino, disse não tem interesse em assumir. Por isso, haverá nova eleição. Joel Orlando Lucinda (MDB), presidente da Câmara, assume interinamente.
• Até 4 de abril, em leilão virtual, está à venda por R$ 51,7 milhões área de 23 mil m2 no Centro de Florianópolis, com casarão abandonado que serviu de morada para três governadores e suas famílias: Vidal Ramos, Nereu Ramos e Celso Ramos, além do ex-prefeito de Florianópolis, Mauro Ramos. Os três eram filhos de Vidal. Preço real da área é de R$ 101 milhões.

Apenas uma “coincidência”

Liderados pelo deputado Jair Miotto (PSC), pastor da Igreja do Evangelho Quadrangular, tramita na Assembleia Legislativa uma Proposta de Emenda Constitucional subscrita por 15 deputados prevendo a isenção do Imposto Predial e Territorial Urbano sobre imóveis, alugados ou não, ocupados por atividades religiosas. Alegam que os templos religiosos têm imunidade tributária, prevista no artigo 150 da Constituição Federal, que proíbe a incidência de impostos sobre igrejas de qualquer culto. Ressaltam que o Supremo Tribunal Federal já decidiu que essa imunidade deve ser projetada a partir da interpretação da totalidade da Constituição. Perguntar não ofende: e só agora, em ano eleitoral, lembraram disso? Me engana, eu gosto!