Controlador Bioativo do Maruim vai reduzir população da mosca
Caberá aos municípios buscar a adesão dos agricultores e ensinar a aplicação e a sua regularidade, ele não vai acabar com a praga, mas vai controlar a população. Pelo seu ciclo de vida, o maruim chega de oito a 10 gerações ao ano

O Consórcio Intermunicipal de Gestão Pública do Vale do Itapocu entregou ontem o Laboratório de Inovação do Projeto Maruim, que envolve oito municípios, anexo a Secretaria de Agricultura e Obras de Jaraguá do Sul. O Programa é resultado de mais de uma década de pesquisa e a partir de agora passa para a parte prática com a produção do Controlador Bioativo do Maruim (CBO) para aplicação nos locais onde mais se proliferam, para eliminar os ovos e diminuir a população da pequena mosca da ordem diptera, cujas fêmeas picam, atacando humanos e animais de sangue quente.
Com a inauguração do laboratório e do local de fabricação do CBO, começa com aplicação inicialmente em 12 propriedades dos oito municípios, capacitação e distribuição aos produtores rurais. Prefeitos, secretários de Agricultura e técnicos participaram da inauguração e destacaram o avanço obtido pela pesquisa e produção de um produto natural que elimina os “ninhos” do maruim, na região encontrados em maior número nos caules cortados da banana, mas também nos estercos, talos de palmáceas e outros materiais em decomposição.
Os cientistas Gilmar Sidnei Erzinger e Lineu Fernando Del Ciampo, contratados pelo Consórcio e responsáveis pelo laboratório e produção do Controlador Bioativo do Maruim, explicaram que ele não vai acabar com a praga, mas vai controlar a população, contudo, tudo dependerá de uma série de fatores, um dos quais o agricultor aplicar o produto dentro das recomendações técnicas. A própria pesquisa, agora na fase de testes nas 12 propriedades, fará os ajustes necessários na formulação do concentrado.
Segundo o pesquisador Gilmar Erzinger, o caule da banana, depois do corte, é a principal fonte de proliferação do maruim na região, pela grande quantidade da fruta produzida. O CBO deverá ser aplicado em até uma semana para dar o efeito. A ideia, segundo disse, é distribuir gratuitamente o produto atóxico aos agricultores. A tecnologia (patente) pertence ao Consórcio Cigamvali, que poderá comercializar e, com isso, obter recursos para a manutenção do programa. O investimento feito foi de R$ 454 mil, rateados entre os oito municípios. As Prefeituras vão treinar técnicos para repassar as recomendações aos produtores, assim que o controlador seja produzido em grande escala, mas exclusivamente para os consorciados.
Produto terá de ser passado de modo contínuo para reduzir a proliferação
O CBO vai controlar, não eliminar o maruim. Ele terá de ser aplicado continuamente, segundo Erzinger, como é feito no controle do borrachudo. Caberá aos municípios buscar a adesão dos agricultores e ensinar a aplicação e a sua regularidade. Pelo seu ciclo de vida, o maruim chega de oito a 10 gerações ao ano. “É preciso que todos se engajem”, disse. Os prefeitos de Massaranduba, Luiz Alves, Corupá, Schroeder e Jaraguá do Sul, presentes à inauguração, elogiaram os esforços da equipe da Amvali e do Consórcio, assim como dos pesquisadores que ao longo de mais de uma década se dedicam à busca de uma solução para controlar a pequena mosca hematófaga, que se alimenta de sangue para se reproduzir. Seus efeitos causam coceiras e mal-estar. É uma questão de saúde pública.