Comportamento

Dia Mundial da Conscientização do Autismo: confira mitos e verdades sobre o tema

Comemorada em 2 de abril, a data destaca a importância do diagnóstico do TEA ainda na infância, para garantir o bem estar e a inclusão dos indivíduos

01/04/2023

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado como um distúrbio do desenvolvimento neurológico, relacionado a dificuldades comportamentais, desenvolvimento da comunicação e socialização.

Lembrado no dia 2 de abril, o Dia Mundial da Conscientização do Autismo – criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) – chama a atenção para a disseminação de informações confiáveis e a inclusão das pessoas com TEA. Nesse sentido, o CEJAM esclarece alguns mitos e verdades sobre o assunto.

1. Existem tipos diferentes de autismo.
Verdade. De acordo com a psicóloga Ana Paula Ribeiro Hirakawa, que atua no Centro Especializado em Reabilitação (CER) IV M’Boi Mirim, gerenciado pelo CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, há quatro tipos de déficits, que se diferem entre si, e englobam comunicação; interação social; repertório restrito; e comportamentos estereotipados e repetitivos. Além disso, o autismo também apresenta variações em níveis.
“Existem três níveis de gravidade dentro do espectro autista, dos quais serão avaliados os prejuízos na comunicação social e os padrões de comportamentos restritos e repetitivos, sendo eles: nível 3, exigindo apoio muito substancial, nível 2, exigindo apoio substancial e nível 1, exigindo apoio.”

2. Toda pessoa com TEA tem inteligência acima da média.
Mito. O autismo pode apresentar uma grande diversidade de sintomas e níveis. Assim, a profissional afirma que existem pessoas com TEA que têm habilidades direcionadas para algum assunto de interesse, mas não são todas.

3. É possível ser diagnosticado com autismo depois de adulto.
Verdade. Apesar dos sinais começarem a surgir nos primeiros anos de vida, a psicóloga explica que os sintomas podem não ser percebidos. “A pessoa com TEA pode se adaptar como qualquer outra, mas pode seguir apresentando dificuldades que interferem no seu dia a dia – por exemplo, nas relações sociais – porém que não foram investigadas e acompanhadas anteriormente”.
Segundo a profissional, o diagnóstico é clínico, ou seja, não existe um exame específico para detectá-lo, por isso, ele deve ser feito a partir da observação do paciente. Alguns sinais que podem indicar o transtorno são: atraso na fala, interesse compulsivo por determinados assuntos e dificuldades de socialização e participação de atividades em grupos.
“A observação clínica se mostra importante para o diagnóstico, em que se considera a singularidade e subjetividade de cada sujeito, lembrando que é preciso ter cuidado para classificações generalizadas e banalizadas, não é possível fazer um diagnóstico somente com um check-list obtido na internet”, alerta.
Ana ressalta, ainda, ser importante realizar uma investigação para excluir outros possíveis diagnósticos como avaliação auditiva e neurológica.

4. O tratamento para o autismo é multidisciplinar.
Verdade. O tratamento pode envolver diversos profissionais, como psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, entre outros.
A terapeuta ocupacional do CER IV M’Boi Mirim, Vivian Ogawa, enfatiza que na unidade são utilizadas diferentes estratégias para estimular o desenvolvimento, como horta terapêutica, atividades de cozinha, jogos e brincadeiras lúdicas.
“É sempre importante utilizar atividades de interesse e escolha do paciente, para uma maior vinculação terapêutica, protagonismo na atividade e melhor desempenho no processo terapêutico”, completa.
Vivian também destaca o papel da família no progresso do tratamento, praticando a inclusão e empoderando o indivíduo. “É essencial que a família insira o paciente em todas as atividades e rotina da casa, e nunca fazer por ele, mas sim auxiliá-lo a fazer e participar, mesmo que seja uma tarefa simples ou de forma adaptada.”

 

Dia Mundial da Conscientização sobre o Autismo: O poder da informação na garantia da qualidade de vida

 

Instituída em 2007 pela Organização das Nações Unidas (ONU), a data comemorativa conhecida como Dia Mundial da Conscientização sobre o Autismo — 2 de abril — tem como objetivo a disseminação de informações sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) de modo a contribuir para a quebra de preconceitos sobre a condição e facilitar o diagnóstico de portadores do distúrbio.

O Transtorno do Espectro Autista, conforme aponta o boletim Linhas de Cuidado do Governo Federal, é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por déficits na comunicação e na interação social, padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados, desenvolvimento atípico e manifestações comportamentais diferenciadas, fazendo com que o paciente possa apresentar um repertório restrito de interesses e atividades.

Segundo o levantamento do Center of Diseases Control and Prevention (CDC), dos Estados Unidos, cerca de 2% da população mundial é afetada pelo TEA, o que corresponde a um contingente de mais de 70 milhões de pessoas, mas na realidade este número tende a ser ainda maior. A falta de conhecimento sobre o autismo e suas características faz com que haja uma subnotificação sobre os casos que envolvem o distúrbio, ou seja, o preconceito e o distanciamento da população quanto à temática torna difícil que pais, professores e a comunidade percebam indicativos do transtorno em crianças e recomendem a busca de um profissional.

O Dr. Alexandre Pimenta, responsável técnico pela rede AmorSaúde, e que acompanha de perto centenas de diagnósticos todos os dias, destaca que a falta de conhecimento sobre o TEA, faz com que muitas pessoas cheguem à idade adulta sem saberem que possuem um distúrbio.

“O número de diagnósticos de autismo em crianças vem crescendo, mas será que o transtorno é mais comum agora do que era a anos atrás? Grande parte dos especialistas acham que não. É provável que os números tenham aumentado justamente porque agora conhecemos melhor o espectro do que conhecíamos há 30 ou 40 anos, por exemplo. Isso nos faz pensar em todas as pessoas adultas que nunca foram diagnosticadas, e que, portanto, nunca tiveram qualquer tipo de tratamento. Além disso, como nem todo mundo sabe reconhecer os sintomas do autismo em adultos, o diagnóstico tardio se torna ainda mais difícil. Não raras as vezes, isso compromete a qualidade de vida das pessoas que convivem com o TEA, mas sequer conhecem sua condição. O preconceito e os tabus impostos pela sociedade, o excesso de cobrança por resultados cada vez mais exigentes, fazem com que muitas dessas pessoas fiquem sem o diagnóstico e tratamento adequado, às vezes tratados como TDH ou outros distúrbios do comportamento”, pontua o médico.

Conforme destaca o responsável técnico pela rede de clínicas presente em todo o Brasil, a subnotificação de casos de TEA entre adultos pode inviabilizar que milhares de pessoas sejam integradas à dinâmica social e conheçam seus direitos nos mais diversos âmbitos, desde o mercado de trabalho até o sistema de ensino.

 

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Editora, analista SEO e responsável pelo conteúdo que escreve. Atenta aos conteúdos mais pesquisados do país.

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