Dragagem da Babitonga usará areia do do mar para engordar 8 km da praia de Itapoá
A dragagem da Baía da Babitonga, avaliada em R$ 333 milhões, já começou e usará 6,5 milhões de m³ de areia retirada do fundo do mar para engordar 8 km da praia de Itapoá
Banho de mar e tranquilidade marcam o verão na orla de Itapoá (SC), que passará por obra de engordamento com areia da dragagem da Babitonga. Foto: Rerprodução/Prefeitura de Itapoá
Pela primeira vez no Brasil, os sedimentos extraídos de uma dragagem portuária terão como destino o alargamento de uma faixa de areia. Em Itapoá, no Norte de Santa Catarina, cerca de 6,5 milhões de metros cúbicos de areia retirados da Baía da Babitonga serão utilizados para ampliar em até 200 metros a largura da orla, ao longo de 8 quilômetros. Trata-se da maior obra de engordamento de praia da história do país em extensão.
Dragagem já está em andamento na Baía da Babitonga
A operação de dragagem, realizada pela embarcação Galileu Galilei, começou neste fim de semana e já movimenta a paisagem costeira da região. Avaliada em R$ 333 milhões, a obra é considerada a maior intervenção de dragagem em execução no país atualmente. O foco principal é aprofundar o canal de acesso aos portos de São Francisco do Sul e Itapoá, passando dos atuais 14 metros para 16 metros, o que permitirá a entrada de navios de maior porte.
Inicialmente, o material dragado está sendo depositado em alto-mar, em uma área conhecida como “bota-fora”, aprovada pelo Ibama.

Instalação de tubulação prepara início do alargamento da orla
Nos próximos dias, a draga deverá iniciar o transporte da areia para a faixa de areia de Itapoá, assim que a instalação dos 5 quilômetros de tubulação estiver finalizada. O sistema parte da praia Pontal do Norte e permitirá que a embarcação, posicionada a cerca de 400 metros da costa, bombeie o material diretamente para a orla.
A draga realiza esse processo enchendo sua cisterna interna — com capacidade para 18 mil metros cúbicos de areia — e conectando-a à tubulação que distribuirá os sedimentos ao longo da praia. A previsão é de que as obras sejam concluídas no segundo semestre de 2026.
Parceria inédita viabiliza obra histórica
O projeto só foi possível graças a um modelo pioneiro de Parceria Público-Privada (PPP), estabelecido entre o porto público de São Francisco do Sul e o terminal privado de Itapoá. É a primeira vez no Brasil que uma obra desse tipo é executada com essa combinação de esforços.
Conteúdos em alta
O porto público investirá R$ 33 milhões, enquanto o terminal privado arcará com R$ 300 milhões. O valor investido pela iniciativa privada será reembolsado de forma parcelada até 2037, com base nas tarifas portuárias adicionais geradas pelo aumento da movimentação de cargas e pela atracação de navios maiores.

Canal mais profundo permitirá navios de até 366 metros
Com a conclusão do aprofundamento, a Baía da Babitonga será o primeiro complexo portuário do Brasil a receber embarcações de até 366 metros de comprimento com carga máxima. Isso representa um ganho logístico significativo para o estado de Santa Catarina, consolidando o potencial competitivo dos portos da região Norte.
Obra terá fiscalização técnica contínua
As empresas Geplan e Prosul foram contratadas por licitação pública para fiscalizar a execução da obra, com contrato no valor de R$ 9 milhões. Elas serão responsáveis por monitorar todas as etapas do projeto, analisando a compatibilidade dos sedimentos depositados na praia e acompanhando a modelagem topográfica da área alargada.
Além disso, as empresas também atuarão na fiscalização do aprofundamento e alargamento do canal de acesso, garantindo que as especificações técnicas sejam rigorosamente cumpridas.
Como isso impacta sua vida?
Se você mora em Itapoá, São Francisco do Sul ou nas cidades vizinhas, essa obra pode trazer reflexos diretos na economia, no turismo e no cotidiano da população. A ampliação da faixa de areia tende a valorizar imóveis, atrair mais visitantes e proteger a costa contra a erosão. Já o aumento da capacidade portuária pode gerar novas oportunidades de emprego, movimentar o comércio local e fortalecer a posição de Santa Catarina no cenário logístico nacional.
Marcio Martins
Profissional da comunicação desde 1992, com experiência nos principais meios de Santa Catarina e no poder público. Observador, contador e protagonista de histórias, conheço Jaraguá do Sul como a palma da mão