Saúde

Fígado humano preservado por três dias é transplantado com sucesso em idoso

Diferente da preservação no gelo, prática comum e que limita o armazenamento de órgãos normalmente em até 12h horas antes do transplante, a MPN permite conservar as estruturas doadoras por mais tempo

04/06/2022

Um fígado humano preservado por três dias fora do corpo de seu doador foi transplantado com sucesso para um idoso de 652 anos, que mesmo após um ano do procedimento, permanece saudável e com uma qualidade de vida normal. 

O novo estudo foi publicado na terça-feira (31), na revista científica Nature Biotechnology.

Conforme a publicação, o procedimento é considerado promissor, pois pode expandir o número de fígados disponíveis para transplante e, ao mesmo tempo, permitir que cirurgias sejam agendadas com dias de antecedência.

O órgão, transplantado de uma doadora de 29 anos para o idoso que sofria de várias doenças hepáticas graves, incluindo cirrose avançada, ficou conservado ante da cirurgia atraves de uma técnica conhecida como máquina de perfusão hepática normotérmica ex situ (MPN).

Esse procedimento simula o organismo humano fornecendo oxigenação e nutrientes para o órgão na temperatura normal do nosso corpo, ou seja, 37°C. 

Diferente da preservação no gelo, prática comum e que limita o armazenamento de órgãos normalmente em até 12h horas antes do transplante, a MPN permite conservar as estruturas doadoras por mais tempo, em até dez anos, como mostrou estudos anteriores sobre o tema. Entretanto, nenhuma das pesquisas feitas até o momento havia descrito transplantes em humanos. 

“Este sucesso clínico inaugural abre novos horizontes na pesquisa clínica e promete uma janela de tempo estendida de até dez dias para avaliação da viabilidade de órgãos doadores, além de converter uma cirurgia urgente e altamente exigente em um procedimento eletivo”, disseram os autores da pesquisa.

O médico cirurgião de transplante hepático Yuri Longatto, que não teve relação com o artigo da Nature, ressalta que embora se precise de mais pesquisas para confirmar a eficácia do procedimento, a prática pode beneficiar pacientes que estão na fila de espera po um órgão no país, pois facilitará a realização do transplante no tempo cabível. 

O especialista destaca que o uso da máquina, independentemente da técnica aplicada, oferece preservação superior para órgãos de doadores e a possibilidade de seu recondicionamento antes do transplante. Ele diz ainda que a MPN permite a realização de tratamentos para a melhoria do órgão e sua preservação antes mesmo de ele ser transplantado.

Segundo um levantamento da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (Abto), mais de dois mil transplantes de fígado foram realizados no país somente em 2021.

Apesar da inovação, as autores da pesquisa também alertaram que mais estudos precisam ser performados, com mais pacientes e períodos de observação mais longos.

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