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Futebol: Com Neymar no Al-Hilal, Arábia Saudita chega a R$ 3 bilhões em contratações

Salários oferecidos pelos clubes locais chegam a quase R$ 10 bilhões, mas valores devem aumentar

17/08/2023

Fonte: GE

A Arábia Saudita virou o centro das atenções do mundo do futebol (e da economia). Com a oficialização de Neymar no Al-Hilal, os investimentos em reforços chegaram à marca de R$ 3 bilhões de reais, o equivalente a mais de 500 milhões de euros. As cifras envolvendo o atacante brasileiro de 31 anos vão envolver 320 milhões de euros (cerca de R$ 1,7 bilhão), incluindo salário, luvas e acordos comerciais. Esses números equivalem a uma quebra de recorde de gastos em uma única temporada da própria liga saudita, que na temporada 2018/19 investiu 188 milhões de euros em toda a temporada.

Além disso, os valores devem aumentar consideravelmente, já que o período da atual janela vai até 20 de setembro (ao contrário da europeia, que fecha no dia 1º de setembro). São quatro os times que mais investiram: Al Nassr, Al-Hilal, Al Ahli e Al Ittihad, todos contando com o maciço apoio do governo saudita. Juntos eles somam 400 milhões de euros em novas peças. No Al-Nassr, dirigido por Luis Castro, ex-Botafogo, vieram Marcelo Brozovic, Séko Fofana, Alex Telles e Sadio Mané. Cristiano Ronaldo já estava no clube desde o começo do ano.

No Al-Hilal, comandando pelo ex-flamenguista Jorge Jesus, chegaram Rúben Neves, Kalidou Koulibaly, Sergej Milinkovic-Savic, Malcom e agora Neymar. No Al-Ahli, os destaques ficam por conta de Édouard Mendy, Roberto Firmino, Riyad Mahrez, Allan Saint-Maximin, Franck Kessié e Roger Ibañez. No Al-Ittihad, foram contratados Karim Benzema, N’Golo Kanté, Jota e Fabinho. “Momento peculiar”, dizem analistas. Segundo especialistas, todo esse dinheiro investido cria um momento peculiar na história do futebol.

“É uma janela na qual é razoável pensar que um dos atletas mais relevantes do mundo na sua posição, pode prontamente abdicar de disputar a principal competição do planeta por conta de uma proposta que ele imaginava ser impossível ganhar até o fim de sua carreira. É um momento peculiar na história de nossa atividade, posso garantir. Um momento no qual o impossível e o absurdo foram substituídos por uma única palavra: irrecusável”, afirmou Thiago Freitas, COO da Roc Nation, empresa de entretenimento norte-americana, comandada pelo cantor Jay-Z, que se tornou acionista majoritária e controladora da TFM Agency, companhia com mais de vinte anos de experiência no futebol mundial e que gerencia as carreiras de Vini Jr, Lucas Paquetá, Endrick e Gabriel Martinelli.

Cristiano Ronaldo comemora gol da virada do Al-Nassr sobre o Al-Hilal. | Foto: Getty Images

“Indiscutivelmente, quando eles colocam uma competitividade financeira, ninguém ganha, mas ainda é muito precoce dizer que será um concorrente direto da Europa, no sentido do jogo. Se um jogador aspira pela qualidade e desenvolvimento de sua carreira, ele ainda está vinculado a uma das cinco principais ligas do mundo, que é França, Espanha, Inglaterra, Itália e Alemanha. Importante observar que parece uma estratégia como foi feita na China e na J.League, na década de 90, de investir em grandes estrelas para chamar a atenção da Liga, depois se tornar autossustentável com os talentos”, opinou Sandro Orlandelli, Membro da UEFA Academy e especialista na identificação de talentos pela FA, a federação inglesa de futebol, com formação em Harvard e scout de equipes importantes da Europa, como Arsenal, Manchester United e Saint-Éttienne, da França.

Outro dado relevante é que, somente em salários divulgados, a soma dos contratos dos novos anunciados já passa de 1,5 bilhão de euros, o equivalente a quase R$ 10 bilhões de reais. “Turbinar a própria Liga é a parte mais ousada do projeto de levar à Arábia Saudita a Copa de 2030. Os atletas que atuavam na Europa e decidiram seguir os passos do Cristiano Ronaldo rumo ao Oriente Médio são, em grande parte, jogadores com mais de 30 anos, alguns com contratos próximos do fim, outros com mercado mais restrito ou menor possibilidade de continuar figurando nos principais times do continente”, observou Armênio Neto, especialista em negócios do esporte e sócio-fundador da Let’s Goal.

Um fator claro é: o alto investimento em craques do futebol mundial vai muito além de interesses técnicos e que se restringem apenas ao que acontece dentro de campo. Além do interesse em ser sede da Copa do Mundo de 2030, os saudistas almejam construir um grande polo esportivo no país e, para isso, já estão despejando milhões em outros eventos, como o Grande Prêmio de Fórmula 1 e Fórmula E, circuito de golfe, ATP Tour de tênis e e-Sports. Com tudo isso, fazer o “sportwashing”, termo designado para quando uma pessoa, grupo ou Estado, busca envolvimento com esporte para melhorar sua imagem pública e desviar o foco de outras questões. No caso da Arábia Saudita, uma monarquia absolutista (um rei comanda todas as decisões), essas questões seriam violação dos direitos humanos, perseguição religiosa, criminalização da homossexualidade, liberdade de imprensa, entre outras práticas.

“A Arábia Saudita entrou com toda a força no mercado do futebol e vai despejar nos próximos anos quantias que ainda não havíamos visto para criar uma liga nacional forte. O passo inicial foi o contrato estratosférico com o Cristiano Ronaldo, mas não vai parar por aí. Grandes jogadores estão sendo contratados e outros mais chegarão. O governo local está fazendo uma privatização dos clubes e colocou os quatro principais sobre o guarda-chuva do seu fundo soberano, que tem 600 bilhões de dólares em caixa. Portanto, ainda vamos ver muita ação dos Sauditas nos próximos anos, já que o projeto que pretendem estabelecer no futebol é grandioso”, analisou Eduardo Carlezzo, que é especialista em direito desportivo e sócio do Carlezzo Advogados.

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Por

Sou Felipe Junior, jornalista formado, na Universidade Regional de Blumenau (Furb), pós-graduado em Jornalismo Esportivo e Multimídias, na Anhembi Morumbi, em São Paulo.

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