Da venda ao Cooper à recuperação judicial: os últimos anos do Grupo Breithaupt
Em 2013, a Breithaupt anunciou a venda de cinco supermercados localizados em Jaraguá do Sul para a Cooperativa Cooper. Foto: Márcio Martins/JDV
Antes de anunciar o encerramento definitivo de suas atividades nesta segunda-feira (6), o Grupo Breithaupt viveu uma década de transformações marcadas por reestruturações, retração de mercado e tentativas frustradas de recuperação. A trajetória recente da empresa ajuda a entender como um dos nomes mais tradicionais do varejo catarinense chegou ao fim após quase 100 anos de história.
Venda dos supermercados para a Cooper (2013)
Em 2013, a Breithaupt anunciou a venda de cinco supermercados localizados em Jaraguá do Sul para a Cooperativa Cooper. As unidades transferidas ficavam nos bairros Centro, Vila Nova, Água Verde, Barra e no Jaraguá Park Shopping. A operação incluiu ainda a absorção de cerca de 400 funcionários.
A decisão marcou a saída definitiva da empresa do setor alimentício, após décadas de atuação. Na época, o grupo afirmou que concentraria suas operações no ramo de materiais de construção, ferragens e ferramentas, segmentos nos quais ainda mantinha forte presença regional. Com forte presença inclusive no Planalto Norte catarinense, a empresa era destaque entre as maiores listadas pela Associação Nacional de Comerciantes de Materiais de Construção (Anamaco) e aparecia em rankings como Top of Mind entre as mais lembradas da região.
Pedido de recuperação judicial e tentativa de reestruturação
Em agosto de 2020, em meio a dificuldades financeiras agravadas pela pandemia e por problemas estruturais no negócio, o Grupo Breithaupt protocolou o pedido de recuperação judicial. O plano foi apresentado no mesmo ano, aprovado em assembleia de credores em maio de 2021 e homologado pela Justiça em maio de 2022.
O processo de recuperação incluiu medidas como renegociação de dívidas, fechamento de lojas deficitárias e venda de ativos. Um dos imóveis mais relevantes do grupo foi vendido em novembro de 2022 por R$ 8,5 milhões, com homologação judicial da transação em março de 2023.
Modificação do plano e tentativa final de fôlego
Com dificuldades para cumprir os prazos previstos no plano original, a Breithaupt apresentou uma proposta modificativa em 2023. A nova versão foi aprovada em assembleia de credores realizada em dezembro do mesmo ano e homologada em janeiro de 2024.
Conteúdos em alta
O plano ajustado previa novos prazos e condições para pagamento de credores, além da reorganização de passivos com fornecedores — que respondiam por cerca de 80% das dívidas totais da empresa, estimadas à época em aproximadamente R$ 30 milhões.
Apesar dos esforços jurídicos e operacionais, a reestruturação não foi suficiente para reverter a situação financeira do grupo.
A Breithaupt e sua história no varejo
Fundada em 1926, em Jaraguá do Sul, a Breithaupt construiu ao longo de quase um século uma reputação sólida no varejo catarinense. Atuou nos segmentos de supermercados, lojas de ferragens, materiais de construção e até mesmo shopping center. Com presença em municípios como Corupá e São Bento do Sul, foi referência para várias gerações de consumidores na região Norte do Estado.
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O encerramento do Grupo Breithaupt representa não apenas o fim de uma empresa tradicional, mas também um marco importante na transformação do comércio local. Para consumidores, fornecedores e trabalhadores de Jaraguá do Sul e região, o fechamento deixa um vazio no setor de materiais de construção e sinaliza os desafios enfrentados por empresas familiares diante de mudanças econômicas, tecnológicas e de consumo.
Marcio Martins
Profissional da comunicação desde 1992, com experiência nos principais meios de Santa Catarina e no poder público. Observador, contador e protagonista de histórias, conheço Jaraguá do Sul como a palma da mão