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Meio século de dedicação de Waldemar Behling à fotografia

Durante 50 anos diversos momentos de Jaraguá do Sul foram registrados por Waldemar Behling, de 83 anos

13/11/2021

Diferente da matemática onde dois mais dois sempre serão quatro, a fotografia não é exata. Apesar de a matemática implícita por trás de um registro, uma foto é um recorte de um momento. E durante 50 anos diversos momentos de Jaraguá do Sul foram registrados por Waldemar Behling, de 83 anos.

E parte como esses registros eram feitos pode ser conferido na sala dos instrumentos no Museu Emílio da Silva. Behling fez uma doação em junho do ano passado, de mais de 150 peças como câmeras, flash, filmadoras, filmes e outros itens. E ele diz que ainda guarda videocassete em casa.

Natural de Corupá, a paixão pela fotografia sempre o acompanhou. Aos 17 anos, por exemplo, foi trabalhar com o sogro no Foto Loss e aos poucos foi mudando a forma como se trabalhava no estúdio.

“Ele só fazia fotografia. Não tinha um filme para vender. Tinha que convencer ele das coisas e às vezes ele me permitia pedir uma máquina diferente”, lembra.

Entre as lembranças daquela época, destacam-se os casamentos. Segundo Behling, na época as fotos dos matrimônios eram feitas no estúdio e não na igreja.

“Aos sábados paravam na frente do Foto Loss caminhonetes e trollers, só não vinham com carroça, para fazer as fotos.”

Mas isso mudou em 1958 e os registros começaram a ser feitos nas igrejas. E o primeiro casamento em que se lembra após o retorno do exército foi feito no salão Cristo Rei da igreja matriz com um filme rolo seis por seis de 12 poses.

Fotógrafo oficial do Exército do Rio de Janeiro 

Em 1957, Behling foi servir ao Exército do Rio de Janeiro. Ficou por lá um ano e se correspondia com a noiva toda semana através de cartas.  “Aprendi outras coisas que me ajudaram na atividade fotográfica como fotografar com outras câmeras. Eu e mais 18 soldados tínhamos um alojamento separado com um estúdio para revelar os filmes, pois fazíamos todas as perícias envolvendo a política do Exército do Rio”, salienta.

Mas, além de ser “o soldado que eles precisavam”, como descreve,  Behling também conheceu um pouco da cidade. Aos domingos, por exemplo, fazia fotos dos soldados e vendia as imagens para eles.

“Com esse dinheiro, comprei uma máquina mais moderna e trouxe para Jaraguá do Sul quando retornei”, lembra com carinho.

Evolução fotográfica e foto colorida

Como tudo na vida evoluiu, a fotografia não ficou estagnada no tempo. Do daguerreótipo até a máquina digital, passando pela fotografia colorida, foi acompanhada por Behling. Conforme o fotógrafo, na década de 1960 ele começou a revelar os diapositivos coloridos, que eram filmes para serem projetados na parede. Mas ele não parou por aí e inovou ao começar a pintar as fotos em preto e branco a mão.

“Tinha um fotógrafo em São Bento do Sul que já fazia fotos coloridas com bisnaga. Em quatro dias aprendi a fazer e montei uma exposição na cidade”, relata. E segundo Behling, as pessoas perguntavam a ele, onde havia mandado fazer.

A partir daí, não parou mais e as moças vinham para a cidade para ter uma fotografia colorida, mas isso exigia tempo e dedicação. Mas, para além da pintura a óleo, Behling e a mulher foram em 2003 para os Estados Unidos e compraram uma câmera digital colorida e eles foram os primeiros a fazer esses registros em Jaraguá.

“A história se registra com objetos, com a fotografia e com a escrita. O mais importante para você saber as coisas é a fotografia e isso vai desaparecendo com a era digital.”  Atualmente, aposentado do estúdio, o fotógrafo de carreira do município usa o equipamento para eternizar as viagens que faz e guarda na lembrança os bons momentos vividos através da câmera.

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