Cultura

Memórias Entrelaçadas: O Livro Centenário de Baependi

“Memórias Entrelaçadas” é mais do que um simples relato; é um mergulho profundo na alma de Baependi

07/03/2024

Adentre nas páginas deste livro e deixe-se envolver por um emaranhado de histórias que atravessam gerações. “Memórias Entrelaçadas” é mais do que um simples relato; é um mergulho profundo na alma de Baependi, um convite para explorar os laços que unem passado, presente e futuro.

 

Nesta obra monumental, testemunhe a fusão de duas instituições emblemáticas: a Sociedade de Atiradores Jaraguá e o Clube Atlético Baependi. Através de relatos vívidos e imagens evocativas, acompanhe a jornada dessas entidades, desde suas origens humildes até sua união transformadora.

 

Cada página é um portal para um universo de tradições, valores e conquistas compartilhadas. Descubra como o tiro ao alvo, os bailes festivos e as competições animadas moldaram a identidade desta comunidade vibrante ao longo dos anos.

 

Seja você um nativo orgulhoso, um entusiasta da história local ou simplesmente um curioso ávido por conhecer novos horizontes, “Memórias Entrelaçadas” promete cativar e inspirar. Este livro celebra não apenas o passado glorioso de Baependi, mas também a promessa de um futuro brilhante, impulsionado pela força inabalável da memória coletiva. É uma homenagem à resiliência, à união e à beleza da vida em comunidade. Bem-vindo a uma viagem inesquecível através das Memórias Entrelaçadas de Baependi.

 

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Livro Memórias Entrelaçadas: Ademir Pfiffer

Na efervescência de uma noite memorável, exatos 18 anos atrás, os historiadores Ademir Pfiffer e Silvia Regina Toassi Kita protagonizaram um momento de celebração da história e da identidade de Baependi. Diante de uma audiência vibrante, na prestigiosa sede do Clube Atlético Baependi, durante a gestão de Sidnei Buchmann, eles entregaram solenemente o livro “Baependi: 100 anos de muitas histórias”. Esta obra, fruto de anos de pesquisa e dedicação, foi abençoada pela diretoria do clube e pelo distinto Senhor Amadeus Mafhud, cuja linhagem remete a descendentes de libaneses e franceses (Colin), destacando-se como um fervoroso entusiasta da cultura germânica do schützenverein.

 

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Livro Memórias Entrelaçadas: Silvia Regina Toassi Kita

Da mesma forma, entrelaça-se à memória do Baependi o historiador Eugênio Victor Schmöckel (in memoriam), descendente de pomeranos e atual patrono do Arquivo Municipal. Por longos anos, ele participou do Clube de Bolão AZ de Ouro, fundado em 1948 e integrado ao Clube Atlético Baependi. Schmöckel era uma das fortes lideranças do grupo, pois, além de atleta, era historiador. Durante muitos anos, ele escreveu colunas de memórias dos dois clubes, Baependi e AZ de Ouro, e publicava periódicos e pesquisas no semanário local Correio do Povo.

 

Neste evento marcante, as 422 páginas do livro se abriram como portais para o passado, revelando as múltiplas camadas de histórias que compõem a rica tapeçaria da vida em Baependi. Cada palavra, cada imagem capturada, ecoava a saga de uma comunidade enraizada na imigração e colonização alemã no Brasil. Sob a liderança visionária de Sidnei Buchmann e o apoio de Amadeus Mafhud, o Clube Atlético Baependi não era/é apenas um espaço esportivo, mas um santuário onde as memórias e tradições da região encontravam um lar acolhedor.

 

Memórias Entrelaçadas

O lançamento deste livro representou mais do que um marco na história do clube; foi um tributo às gerações passadas, cujo legado é honrado e preservado com reverência. Desde então, “Baependi: 100 anos de muitas histórias” tornou-se uma referência inestimável, alimentando o orgulho e a conexão da comunidade com suas raízes profundas. E assim, a cada página virada, o Clube Atlético Baependi reafirma seu compromisso com a preservação da memória e a celebração da identidade local, continuando a escrever sua própria história enquanto completou 118 anos em 6 de março de 2024.

 

A tradição do schützenverein, enraizada desde os primórdios do século XX, é um legado precioso da imigração e colonização alemã no Brasil. Recentemente, em 13 de janeiro, essa tradição alcançou um marco histórico ao completar 200 anos de presença no Brasil, e 195 anos especificamente em Santa Catarina, neste mês de março.

 

Foi nos territórios da Colônia e distrito de Jaraguá que o assentamento da colonização alemã, incluindo os pomeranos, deu origem aos icônicos salões de baile. Ao longo dos anos, esses espaços evoluíram para sociedades ou clubes de tiro ao alvo, enquanto simultaneamente alguns incorporaram a tradição do bolão (kegel).

 

Assim, dada a presença marcante dos grupos étnicos alemães e do entrecruzamento eslavo (pomeranos), a região construiu uma identidade teuto-brasileira distintiva, enraizada nas tradições culturais.

 

Em 6 de março de 1906, nasceu a SCHÜTZENVEREIN JARAGUÁ, posteriormente conhecida como Sociedade de Atiradores Jaraguá, em terrenos generosamente doados pelo Coronel da Guarda Nacional, Bernardo Grubba. Esse local abrigou um stand de tiro, que se tornou o epicentro das atividades da sociedade. Além disso, o local também abrigava o Salão de Germano Enke, carinhosamente apelidado de “salão do pau-do-meio”.

 

Localizado na Rua Presidente Epitácio Pessoa (centro), este espaço foi utilizado para reuniões, bailes e diversos eventos sociais ao longo dos anos. Atualmente, encontra-se em processo de restauro, preservando assim sua importância histórica e cultural na comunidade.

 

A prática do tiro ao alvo ocupava uma posição central na vida da comunidade, com destaque para a tradicional Festa de Rei, que apresentava competições como o Rei do Alvo e o Rei ao Pássaro. A marcha em busca do Rei era uma tradição venerada, percorrendo as principais ruas do município em um desfile festivo e cheio de entusiasmo. No entanto, durante os tempos sombrios da Primeira Guerra Mundial, as atividades foram momentaneamente interrompidas, mas a chama da tradição logo foi reacendida e as práticas retomadas com fervor renovado.

 

Em 1923, um marco significativo foi alcançado com a inauguração de um pavilhão de tiro, que marcou um novo capítulo na história da Sociedade. As festas do Espírito Santo se tornaram eventos altamente concorridos, repletos de marchas festivas, emocionantes competições e animados bailes. A crescente popularidade dessas celebrações e o desejo de oferecer melhores instalações levaram à decisão de construir uma sede própria em 1930, finalmente inaugurada em 1931, acompanhada por um novo e moderno stand de tiro, simbolizando o contínuo progresso e compromisso da comunidade com suas tradições.

 

Ao longo dos anos, a Sociedade de Atiradores Jaraguá foi liderada por uma sucessão de notáveis presidentes, cada um deixando sua marca na história da instituição. Otto Meyer inaugurou o cargo em 1906, seguido por Carl Oestreich, que liderou de 1907 a 1914. Posteriormente, Gotlieb Enke assumiu brevemente em 1914, antes de passar o bastão para Willy Bartel, que liderou de 1923 a 1928.

 

Reinoldo Rau sucedeu Bartel, assumindo a presidência de 1928 a 1935, seguido por uma série de outros líderes, incluindo José Emmendörfer (1935/1936), Hermann Purnhagem (1936/1937), Guilherme Gumz (1937/1938), e Artur Müller, que assumiu o cargo por dois períodos distintos, de 1938 a 1941 e novamente em 1946/1947.

 

No entanto, em um ponto sombrio de sua história, em 1943, a Sociedade foi forçada a encerrar suas atividades. Sua sede foi convertida em quartel e seu patrimônio social sofreu danos. Em um ato de resiliência diante das adversidades, em 8 de dezembro de 1946, a Sociedade reabriu suas portas sob um novo nome, Clube Jaraguaense, enfrentando perseguições políticas e desafios financeiros. Um novo estatuto foi estabelecido e, em 31 de março de 1947, ocorreu a fusão com a Associação Atlética Baependi, dando origem ao prestigioso Clube Atlético Baependi.

 

Ao longo das décadas, uma sucessão de líderes notáveis guiou os destinos do Clube Atlético Baependi, deixando uma marca indelével em sua história. Entre essas figuras proeminentes estão Edmundo Emmendörfer (14/11/1940 a 17/11/1942), Geraldo Marquardt (17/11/1942 a 28/11/1943), Artur Breithaupt (28/11/1943 a 30/11/1944), Luiz de Sousa (30/11/1944 a 16/11/1945), Geraldo Marquardt (16/11/1945 a 22/22/1946)

 

Alvaro Batalha (22/11/1946 a 31/03/1947), Alfredo Krause (31/03/1947 a 31/03/1951), José Narloch (31/03/1951 a 29/03/1952), Artur Müller (29/03/1952 a 28/03/1953), Alfredo Krause (28/03/1953 a 27/03/1954), Murilo Barreto de Azevedo (27/03/1945 a 26/03/1955), Eugênio Victor Schmöckel (26/03/1955 a 24/03/1956), Haroldo Ristow (29/03/1958 a 31/03/1962), Octacilio Pedro Ramos (31/03/1962 a 30/03/1963), Loreno Antônio Marcatto (30/03/1963 a 28/03/1964), Hainz Manhke (28/03/1964 a 31/03/1967), Bertoldo Klitzke (31/03/1967 a 31/03/1969)

 

Arno Henschel (31/03/1969 a 31/03/1971), Alfredo Leitholdt (31/03/1971 a 13/06/1973), Sigolf Schünke (13/06/1973 a 25/03/1977), Haroldo Ristow (25/03/1977 a 31/03/1983), Reiner Alfredo Wiele (31/03/1983 a 25/03/1985), Reiner Modro (25/03/1985 a 31/03/1987), João Batista Prim (01/04/1987 a 31/03/1989), Alidor Lueders (01/04/1989 a 31/03/1991), Rainer Alfredo Wiele (01/04/1991 a 31/03/1993), Renato Eugênio Trapp (01/04/1993 a 31/03/1995), Lincoln Delmar Ristow (01/04/1995 a 31/03/1997), Elemar Dierschnabel (01/04/1997 a 31/03/1999)

 

Sidney Carlos Buchmann (01/04/1999 a 31/03/2003), Ivo Kuhn (01/04/2003 a 31/03/2005), Sidney Carlos Buchmann (01/04/2005 a 31/03/2007), Sidney Carlos Buchmann (01/04/2007 a 31/03/2009), Elemar Dierschnabel (01/04/2010 a 31/03/2011), Elemar Dierschnabel (01/04/2011 a 31/03/2013), Maicon Miguel Salai (01/04/2013 a 31/03/2015), Egon Trapp Junior (01/04/2015 a 31/03/2017), Egon Trapp (01/04/2017 a 31/03/2019), Marcos Roberto Hasse (01/04/2019 a 31/03/2021), Marcos Roberto Hasse (01/04/2021 a 31/03/2023) e Jonas Henrique Jacobi (01/04/2023 a …).

 

Esses líderes, através de sua visão, dedicação e liderança, contribuíram significativamente para o desenvolvimento e sucesso do Clube Atlético Baependi, moldando sua trajetória ao longo dos anos.

 

“Memórias Entrelaçadas: O Livro Centenário de Baependi” assume uma importância ainda mais significativa ao considerarmos a celebração dos 200 anos da imigração alemã no Brasil. A Sociedade Atiradores Jaraguá/Baependi emerge como uma parte fundamental dessa contextualização das tradições germânicas no território catarinense, contribuindo de maneira distinta para as celebrações dos 200 anos.

 

Neste contexto, as 422 páginas deste livro se tornam um testemunho vivo da conexão entre passado e presente, entre tradição e inovação. Cada página é uma homenagem às gerações passadas que construíram e enriqueceram a história de Baependi, enquanto simultaneamente inspira as gerações futuras a manterem viva a chama dessas tradições.

 

Na conclusão, é fundamental reconhecer e destacar a contribuição valiosa do historiador Ademir Pfiffer e da historiadora Silvia Regina Toassi Kita, para a elaboração deste texto comemorativo. Inspirado nas pesquisas meticulosas de Kita e Pfiffer, este texto não apenas narra a história e as memórias entrelaçadas da Sociedade Atiradores Jaraguá/Baependi, mas também ressalta a importância de seu trabalho conjunto no projeto de pesquisa que deu origem ao livro.

 

Além disso, é relevante mencionar o livro “Festas de Rei (königfeste)”, fruto da colaboração entre Silvia Regina Toassi Kita e o saudoso professor Arnoldo Schulz. Essa obra representa um marco na pesquisa e preservação das tradições culturais, especialmente as Festas de Rei, enriquecendo ainda mais o contexto histórico e cultural abordado neste texto.

 

Assim, ao celebrarmos os 118 anos da Sociedade Atiradores Jaraguá/Baependi e os 200 anos da imigração alemã no Brasil, é fundamental reconhecer e homenagear não apenas as comunidades e tradições que moldaram Baependi, mas também os esforços incansáveis de pesquisadores dedicados como Ademir Pfiffer, Silvia Regina Toassi Kita e Arnoldo Schulz (in memoriam), que tornaram possível a preservação e celebração dessa rica herança cultural.

 

Suas contribuições são um legado duradouro que continuará a inspirar e enriquecer as futuras gerações. Este recorte de texto é, portanto, um tributo à resiliência, à diversidade e à riqueza cultural que tornam Baependi uma comunidade verdadeiramente especial.

 

(Ademir Pfiffer – Historiador e Youtuber, para o JDV)

 

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