Cultura

“Sem dúvidas é o meu trabalho mais conhecido”, conta produtor de Jaraguá criador da ‘Turma da Xuxinha’

Artista de Jaraguá relembra sobre o processo de criação e lamentou o descaso com o desenho. 

07/08/2020

Conhecido pela realização do Festival de Cinema de Jaraguá do Sul e estar à frente das produções culturais da cidade, o produtor Isaac Hunna também carrega em seu currículo uma obra que foi sucesso e ganhou o coração de milhares de crianças do fim dos anos 1900 e início dos anos 2000: A turma da xuxinha

O desenho, que é um marco na sua carreira, contava a história da anjinha Xuxinha, inspirada em Xuxa Meneghel, que se transformava em uma menina para viver ao lado da apresentadora e seus amigos. A animação chegou até Xuxa através de uma carta entregue pelo próprio Isaac.

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Em entrevista ao jornal Extra, o argentino relembrou sobre o período, processo de criação e lamentou o descaso com o desenho. 

Huna conta que na época ele estava passando por uma transição pessoal e soube que a Xuxa e Marlene Mattos (produtora e empresária de Xuxa) tinham o objetivo de criar um canal infantil. 

“Achei a ideia interessante e pensei em enviar meu currículo para trabalhar com elas. Acabei não mandando porque imaginei que muitos fariam o mesmo” conta Isaac ao jornal Extra. 

Mas, a situação não fez Huna desanimar da ideia de um dia trabalhar com a rainha dos baixinhos.

“Foi quando pensei, então, em criar a Xuxinha, inspirada na Xuxa, e enviei a proposta para elas. Dias depois, a própria Marlene me ligou e que ela e Xuxa adoraram a ideia. Elas já tinham até recebido outras ideias parecidas, mas nenhuma chegou perto da minha”,  relembra Isaac, que mora no Brasil desde 1987.Xuxinha foi um desenho animado inspirado na apresentadora Xuxa 

A queda da personagem

Depois do primeiro contato com Marlene, não demorou muito para Isaac ser contratado para desenvolver a Xuxinha que, segundo ele, tinha até um filme planejado. Ao todo, o produtor trabalhou por cinco anos com a Xuxa Produções. No entanto, se dependesse dele, Xuxinha seria uma personagem lembrada até os dias de hoje:

“Na época em que criei a Xuxinha, queria que o personagem ganhasse vida própria e fosse independente da Xuxa. Se tivessem investido mais na personagem, Xuxinha ainda estaria em todo tipo de produto. Ainda seria um sucesso, comercialmente falando. Essa era a ideia da Xuxinha, mas infelizmente eles não entenderam esse objetivo e ela foi ficando de lado, então acabou naturalmente. Só queriam investir na carreira pessoal da Xuxa”, lamentou o artista.

E, na visão dele, esse investimento também poderia ter sido melhor. Huna acredita que a Xuxa deveria ter virado produtora e continuado na Rede Globo. 

“Chegar no topo é simples.  Difícil é se manter. Se ela fosse produtora desde o auge, provavelmente seria a produtora mais poderosa do país hoje. Seria espetacular”, aposta ele, que teve pouquíssimos encontros com a Rainha dos Baixinhos enquanto trabalhava com a Xuxinha.

Xuxa com os personagens Xuxinha e Guto Foto: Marcelo Theobald

Embora não trabalhe mais com a animação, Isaac continua no ramo audiovisual e usa sua experiência com a loira para ter visibilidade na área.

“Sem dúvidas é o meu trabalho mais conhecido. O trabalho com a Xuxa é uma grife, porque ela é um clássico. É histórica. Podem ter aparecido outras parecidas, mas eram xerox (risos). De todo mundo que trabalhava com ela naquela época, sou o único que ainda está aí. Até a Marlene Mattos sumiu”, afirma.

Novas produções em tempos de pandemia

Atualmente, porém, o trabalho realizado pelo argentino nada tem a ver com o universo infantil. Em outubro, Isaac planeja lançar o curta-metragem de suspense ”Entes paralelos”, que está sendo gravado em seis estados brasileiros: Pará, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Goiás.

Segundo Huna, cada artista também será dirigido por oito diretores de seus respectivos estados. Ao final da produção, cada cena do filme irá passar por uma edição transformando-a em uma única sequência.

“ O curta é uma nova ação de integrar o audiovisual as atividades culturais da cidade e região como num todo. E transformar o Festival de Cinema em um polo de produções cinematográficas”, comenta Isaac‘Entes paralelos’ está sendo rodado em seis estados brasileiros Foto: Divulgação

“É uma história única. Equipes pequenas de seis estados estão finalizando o materia. Esse projeto é uma forma de fortalecer e integrar a produção independente de vários estados, ainda mais neste momento complicado por causa da pandemia do novo coronavírus”, conta Isaac. 

Com previsão de estreia para o mês de outubro, a base de produção está centralizada em Jaraguá do Sul. A trilha sonora do curta será produzida pela banda Patifaria.

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