SOCIEDADE RIO CAMARADA: Onde a história da II Guerra e a cultura local se encontram

Em meio às paisagens e memórias do território de Duas Mamas, a história e a cultura se entrelaçam de maneira inextricável. O legado dos imigrantes europeus que trouxeram consigo tradições ricas e inigualáveis, encontra-se com os ecos da bravura e sacrifício de heróis da II Guerra Mundial. Neste cenário, a Sociedade Recreativa e Tiro ao Alvo Rio Camarada, de Schroeder, emerge como um emblema desse encontro. Ela não é apenas uma instituição; é um testemunho vivo de um passado repleto de histórias, desafios e triunfos. Este relato mergulha nas raízes da Rio Camarada, explorando a tapeçaria de eventos, pessoas e tradições que a moldaram e, por extensão, à comunidade que ela serve. Prepare-se para uma jornada que celebra tanto a resiliência humana em tempos de guerra quanto a alegria e camaradagem que permeiam as tradições locais.

No coração de Duas Mamas, a rica tapeçaria cultural formada por imigrantes e colonizadores alemães, pomeranos, húngaros e italianos se destaca. Em meio a essa fusão cultural, a Sociedade Recreativa e Tiro ao Alvo Rio Camarada, carinhosamente conhecida como Rio Camarada, se ergue imponente. Seu nome ressoa com o eco do termo alemão “Kamerad”, que tem origens em “Kamerade”, aludindo à camaradas que dividiam o mesmo espaço. Os primeiros eventos que deram vida à sociedade foram sediados no Salão Particular de Willy Lemke. Fundada em 21 de julho de 1955, a sociedade é um testemunho vibrante da cultura europeia e da valentia de heróis como Alberto Zilz e Alfredo Behnke, expedicionários da II Guerra Mundial.

Sob a batuta de Jacques Beck, seu atual presidente, a Rio Camarada celebra anualmente, durante a estação da primavera, o “Pfeilschießen und Vogelschießen”, ou “Tiro Seta e Tiro ao Pássaro”. Mais do que uma exibição de habilidade, é uma das tradições locais. Em 2022, as majestades que conduziram a festa em 2023 para o Pfeilschießen incluíram Elzira Setter, rainha, com Danubia Beck e Valércia Setter como princesas, e Jacques Beck, o rei, acompanhado de seus cavalheiros Donizete de Souza, Ademir Schneider e o suplente Lecimar Pires. Para o Vogelschießen, Maria de Lurdes Martins foi coroada rainha, com Eldina Stassun e Blenda de Souza como princesas, e José Nelson de Souza como rei, flanqueado por seus cavalheiros Arlindo Piske, Everaldo Stassun e o suplente Leandro de Souza.

Dentro das tradições da festa, destaca-se o ritual folclórico de busca das majestades, conduzido pelo entusiasta dos entretenimentos sociais da sociedade, Odair Konell. A celebração, rica em espírito competitivo e cultural, foi também uma festa para os paladares. Danubia Beck, capitaneando a equipe de gourmet, apresentou um banquete recheado de saborosos pratos tradicionais: desde o aipim frito com bacon, passando por maionese, saladas variadas, até o frango assado e a suculenta costela bovina, tudo acompanhado pelo refrescante chope. E, para finalizar, sobremesas irresistíveis que encantaram a todos os presentes.

Impulsionando o espírito festivo com sua música, a banda Die Schroeder’s presenteou os participantes com melodias germânicas tradicionais, como polca e valsa, além de ritmos nacionais vibrantes. Enquanto essas canções preenchiam o ar, as competições de tiro desenrolavam-se a poucos passos da pista de dança, mesclando de forma harmoniosa cultura, esporte e celebração. No momento solene da troca do reinado, quando novas majestades foram empossadas, o historiador Ademir Pfiffer, a convite do presidente Jacques Beck, trouxe à tona a significativa memória dos heróis da II Guerra Mundial e fundadores da entidade, Alfredo Behnke e Alberto Zilz, reforçando as raízes e a importância histórica da Sociedade Recreativa e Tiro ao Alvo Rio Camarada.

Ao revisitar a trajetória da Sociedade Recreativa e Tiro ao Alvo Rio Camarada, é impossível não sentir um profundo respeito e admiração pela confluência de heranças e histórias que convergem em seu seio. A influência dos bravos expedicionários da II Guerra, como Alfredo Behnke e Alberto Zilz, interage harmoniosamente com as ricas tradições trazidas pelos imigrantes europeus, criando uma identidade única e imutável para Duas Mamas.

Este entrelaçamento entre coragem militar e tradição cultural é mais do que apenas uma característica da Rio Camarada; é um reflexo da comunidade que a rodeia. Uma comunidade que valoriza suas raízes, celebra suas conquistas e olha para o futuro com esperança e determinação.

A celebração anual da Rio Camarada, com suas competições, danças e rituais, não é apenas um evento, mas um lembrete palpável das conexões profundas e duradouras que a sociedade ajudou a forjar ao longo das décadas. E, enquanto os anos passam e novas gerações ascendem para liderar e participar, o espírito da Rio Camarada permanece inabalável, um farol de tradição, resiliência e camaradagem.

Em suma, a história da Rio Camarada não é apenas a história de uma sociedade, mas um espelho da alma de uma comunidade que, através da adversidade e celebração, encontrou maneiras de se unir e prosperar. E é essa união que, esperamos, continuará a florescer e inspirar por muitos anos vindouros. Ademir Pfiffer – Historiador e Youtuber para o JDV