WEG: como a criatividade moldou a inovação

Reiner Modro, ex-diretor da Weg
Jaraguá do Sul, 24 de abril de 2025 – O executivo, empresário e consultor Reiner Modro, um dos primeiros colaboradores da Weg, que foi diretor na empresa até o início da década de 1990, participou de um painel de criatividade dentro da Programação do Dia da Criatividade, ocorrido no Centro Empresarial de Jaraguá do Sul (Cejas). Ele esteve ao lado dos também conceituados empresários Giuliano Donini (CEO da Marisol), Steven Rumsey (ex-diretor de Inovação da Duas Rodas Industrial) e André Rodrigues (da rede Maple Bears). Modro, que iniciou como operário e conquistou diversas posições de liderança até chegar ao cargo de diretor, contou como a criatividade moldou o desenvolvimento da Weg.
Inconformidade como base da criatividade
“Obrigado pela oportunidade. Na verdade, a vida me ensinou, desde o início, que a criatividade é fundamental para que a gente possa sair do lugar. Ou seja, se mover. Pessoalmente, eu comecei trabalhando em uma prensa de chapa. E, logicamente, o princípio que me moveu para a criatividade se resume em uma palavra: inconformidade. Ou seja, para ser criativo, a pessoa não pode ficar conforme. Ela tem que ter inconformidade com o status em que ela se encontra”, afirmou Modro.
Então, nessa situação, uma simples situação de operador de prensa de pedal, ele acabou virando, mais tarde, diretor industrial, diretor comercial e superintendente da Weg Máquinas. “Por quê? Porque os desafios que eram lançados, a gente superava”, explicou. Hoje, como consultor, ele encontra situações onde a criatividade é essencial. “Às vezes, o empresário se encontra numa situação que, no momento, não vê saída. E eu tenho, no momento, umas três ou quatro empresas nessa situação. E o que é o trabalho do consultor? É justamente alargar a visão. E isso se faz com criatividade.”
Lições dos fundadores
O saudoso Geraldo Werninghaus, um dos fundadores da Weg, ensinou a Modro uma lição marcante: “A maior preguiça é a preguiça mental, porque ela exige muita energia da pessoa”. Pensar exige energia. O pensamento tem que estar sempre ativo.” Outra frase de Werninghaus que o marcou foi: “Dificuldades não se somam, se dividem.” Assim, Modro aprendeu a dividir problemas para resolvê-los.
Um desafio ambiental nos anos 1970
Modro narrou uma história dos anos 1970, quando os primeiros movimentos ambientalistas começaram. Na época, ele era diretor de produção, e o saudoso Eggon João da Silva, outro fundador da Weg, o chamou para uma missão: “Nós não podemos mais continuar despejando nos aterros areia de fundição.” Era uma prática comum preencher aterros da cidade com areia, e quem precisava era grato, pois era gratuito. Eggon abriu as portas do Centro Tecnológico da Tupi, onde Modro pesquisou formas de regenerar a areia.
Ele encontrou uma apostila da Liquid Carbonic, da Inglaterra, que descrevia o processo, mas sem especificar como. “Vim na cabeça com o pensamento firme de desenvolver o processo. Logicamente, aí começou o processo da criatividade”, contou. Modro revelou: “O sono da noite é uma das coisas mais reveladoras que existem para a criatividade. Algumas vezes na vida eu já fui dormir com um problema e acordei no dia seguinte com a solução. Porque se você mentaliza o problema, a solução vai, na mente, se criando.”
Solução criativa para a areia
Ao passar pela metalúrgica Leitzke (na antiga rua Joinville, atual Waldemar Grubba), Modro viu um secador de arroz e associou-o ao processo de lavagem de areia que conhecia da Mineração Veiga, fornecedora da Weg. “Eu peguei o carro, parei lá, comprei aquele secador, mandei colocar na Fábrica II da Weg”, relatou.
Com o engenheiro Danilo, ele fez um projeto baseado na lavagem de areia, criando uma peneira no secador e um sistema de secagem com serragem de madeira, pois havia problema de energia e a serraria ficava ao lado da fundição. “Nós aproveitamos a serragem para fazer o aquecimento no forno e, por via indireta, nós secávamos a areia. E, em seguida, instalamos os resfriadores para a areia poder ser reaproveitada”, explicou. Essa criatividade nasceu de um desafio que precisava ser resolvido.
Formação e compartilhamento de conhecimento
Modro destacou a visão de Eggon sobre formar pessoas. Quando Geraldo questionou por que formar tanta gente no Centro Weg, Eggon respondeu: “Eu prefiro formar mais gente para que não tirem de nós depois. Então, eu prefiro formar para a sociedade e ter excesso, do que ter em falta.”
Nos anos 1970, a Weg implantou um programa de normalização e padronização para socializar o conhecimento. Quem participava de cursos ou exposições tinha que compartilhar o aprendido, no chamado programa de fixação da tecnologia. Esses conhecimentos foram disseminados, dando oportunidades para muitos se desenvolverem.
Quando Modro montou a Fábrica II, nos anos 1970, implantou o programa de melhoria contínua, que mais tarde virou base para os grupos de CCQ (Centros de Controle de Qualidade) na Weg.
Criatividade nasce no conflito
Finalizando, Modro sintetizou: “A criatividade não nasce na paz, mas ele nasce no conflito. Tem que haver, a temperatura tem que subir, senão a criatividade não nasce.” Sua trajetória na Weg mostra como a inconformidade e a criatividade transformaram desafios em inovações.