Sônia Pillon é jornalista e escritora, formada em Jornalismo pela PUC-RS e pós-graduada em Produção de Texto e Gramática pela Univille. Integra a AJEB Santa Catarina. Fundadora da ALBSC Jaraguá do Sul.
Coluna: Marília
Intelectuais podem torcer o nariz para canções da “Rainha da Sofrência”, mas é inegável que precisamos de mais mulheres empoderadas para quebrar paradigmas.
07/11/2021
Senhora soberana, pureza, amor são três palavras que caracterizam o significado do nome “Marília”, de origem árabe. Na numerologia, o nome está associado a uma personalidade forte. Coincidências, ou não, são características que casam perfeitamente com o perfil da cantora e compositora Marília Mendonça, que parou o Brasil essa semana ao partir prematuramente, aos 26 anos de idade. Ela deu voz às mulheres contemporâneas como ninguém. Foi a pioneira do gênero “feminejo”, revolucionando um nicho de mercado majoritariamente masculino da música sertaneja.
A “Rainha da Sofrência” fez valer o empoderamento feminino na prática, com letras sem rodeios, solidárias às vivências e sentimentos das mulheres. Falava de mulher para mulher, de igual para igual, sem barreiras, nem estrelismos. De forma genuína, se jogava no palco com a alma e o coração, estimulando as mulheres a serem fortes e resistentes no enfrentamento ao machismo. Através de suas canções, combatia a desigualdade de gênero de forma visceral. Cantava com o útero.
Num país em que muitas são silenciadas pela opressão masculina e onde os feminicídios crescem de forma assustadora, Marília contribuiu como resistência cultural e social. Nesse contexto, ela trouxe esperança e fez muitas acreditarem que é possível mudarmos e termos uma sociedade mais justa e igualitária.
Alguns intelectuais podem até estar torcendo o nariz para a repercussão estrondosa que a trágica morte de Marília causou nas mídias. Porém, nem mesmo os puristas da língua e os que não apreciam a música sertaneja podem negar o fenômeno social que o “feminejo” trouxe para o cenário fonográfico brasileiro.
Que venham mais “Marílias” a inspirar mulheres e homens, para quebrar paradigmas na construção de um mundo em que haja respeito mútuo nos relacionamentos. Por mais alegria e menos sofrência!
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