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Conto: Um dia de Papai Noel

Uma crônica de encher o coração de emoção, na época mais linda do ano!

03/12/2023

Papai Noel – O despertador do celular tocou pontualmente às 8h. Armelindo acordou sonolento, permaneceu por alguns segundos sem reação, como a se acostumar com a ideia.

Depois alongou lentamente os braços e as pernas antes de se levantar. O dia seria longo e precisava chegar ao trabalho para receber as crianças. O contrato com a Administração do shopping veio na hora certa, aliviando as dívidas, mas tinha uma série de exigências, e não atrasar era uma delas. Faltar sem uma justificativa aceitável, também não.

Depois de se arrumar, Armelindo se dirigiu à cozinha, tomou um pouco de café da garrafa térmica e preparou rapidamente um pãozinho com manteiga. Sem tirar os olhos do celular, ele pegou a mala com a roupa do “bom velhinho” e se olhou pela última vez no espelho.

– Essa barba branca natural e esses óculos me salvaram mais uma vez. Vida de aposentado não é fácil… Não é, mesmo!, disse para si mesmo, como a falar com o espelho.

Conferiu o horário no celular novamente e se apressou em sair do modesto apartamento, adquirido com décadas de trabalho como professor.

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Papai Noel e a inocência da criança

Como de costume, o aposentado caminhou duas quadras para pegar o ônibus que o deixaria bem perto do shopping. Chegou no ponto de ônibus uns cinco minutos antes do previsto e estava se preparando psicologicamente para encarnar o papel do “Santa Klaus”. Sorriu ao lembrar de alguns episódios e do encantamento que causava ao tocar o sino e dizer Ho-Ho-Ho!

Ao contrário dos demais dias, em que o ônibus passava com poucos minutos de diferença do horário previsto, naquela manhã o atraso se estendeu por mais tempo e começou a preocupar os que aguardavam o coletivo. Ninguém queria receber uma advertência, nem encarar a cara de reprovação do chefe.

– Minha nossa! Nesse horário eu já deveria estar chegando no shopping!, desabafa Armelindo.

– Xiii… Estou vendo aqui que teve um acidente com engarrafamento lá atrás. Por isso esse atraso todo!, contou o homem ao lado.

Papai Noel precisa dar um jeito mesmo sem as renas, e por isso ele chamou um motorista de aplicativo, que contornou várias ruas por causa do acidente.

– Alô! Aqui é o Armelindo! Teve um acidente e estou indo! Talvez me atrase um pouco… Sim, sim… Com certeza! Já estou pronto, sim!

Foi então que o aposentado abriu a mala e começou a se vestir de Noel dentro do carro.

– O senhor é Papai Noel?! Hahaha A barba combina…

– Sim, trabalho no shopping e eles acham que estou indo vestido. Não vou ter tempo para me vestir lá…

-Não se preocupe! Daqui a pouco chegamos!

Finalmente Armelindo foi deixado no shopping e se dirigiu à entrada dos funcionários. Ajeitou a túnica, a calça, as botas, o gorro e foi correndo para o espaço destinado a ele. Uma grande fila já estava formada à sua espera. O gerente soltou um suspiro de alívio enquanto o Papai Noel sentava no trono, com as bochechas avermelhadas pelo esforço.

O primeiro da fila era um menino de cabelos cacheados, que perguntou, com a espontaneidade típica da idade.

– Papai Noel, por que o senhor chegou correndo?

– Menino, qual é o teu nome?

– Roberto!

– Então, Roberto, o problema é que o meu trenó estragou e tive de consertar… Por isso me atrasei… mas vim correndo porque queria muito encontrar vocês aqui!, disse, abrindo um largo sorriso e estendendo os braços. As crianças retribuíram sorrindo, dando pulinhos e soltando um animado Eeeeeeeeeee!

Ah, como ele amava aqueles momentos em que se sentia querido pelos pequenos, pela confiança e expectativa que depositavam nele. A decoração colorida, os cânticos natalinos…

– Natal combina com paz, união, família e amigos em volta da ceia… E não há nada que me deixa mais feliz do que enxergar a Esperança através do brilho no olhar de uma criança!, pensou, com os olhos marejados.

O expediente do Noel chegou ao fim e Armelindo ressurge após o bom velhinho trocar de roupa. Amanhã começa tudo de novo.

Da Lapônia para o mundo! Ho! Ho! Ho!

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Por

Sônia Pillon é jornalista e escritora, formada em Jornalismo pela PUC-RS e pós-graduada em Produção de Texto e Gramática pela Univille. Integra a AJEB Santa Catarina. Fundadora da ALBSC Jaraguá do Sul.

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