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Coluna: Lugar de bandido é na cadeia!

Dados divulgados em 2023 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indicam que o Brasil tem cerca de 822 mil casos de estupro a cada ano

25/02/2024

Choque e medo na cidade apontada como a mais segura do Brasil! A aparente tranquilidade no quesito segurança pública caiu por terra na última segunda-feira (19), quando uma mulher de 33 anos foi perseguida, apedrejada, estuprada e jogada em um riacho, em pleno Centro de Jaraguá do Sul. Com certeza, o estuprador contava com a impunidade!

 

Além de ser agredida com pedras e socos, a vítima também sofreu lesões na cabeça, costela, peito e pulmão, onde foi esfaqueada. Só não morreu porque lutou bravamente pela vida e reuniu as últimas forças para sair do riacho até encontrar o marido. O criminoso, um homem de 21 anos, usava tornozeleira eletrônica! Como um bandido com tamanha periculosidade estava solto pelas ruas?!

Ela voltava de uma aula, como tantas outras mulheres que estudam, trabalham e batalham dignamente para sobreviver. Até quando as mulheres ficarão à mercê de homens que se utilizam da genitália como uma arma para intimidar e violentar? O tema revoltou a comunidade e foi motivo de discussões na Câmara de Vereadores e entre autoridades policiais.

 

Essa semana o mundo do esporte também foi sacudido com a condenação do ex-jogador da Seleção Brasileira, Daniel Alves, que cumpre pena na Espanha, a quatro anos e seis meses por estupro de uma jovem de 23 anos na boate Sutton, em 30 de dezembro de 2022. Preso desde janeiro de 2023, Daniel, mudou a versão cinco vezes!

 

Pesaram contra o ex-atleta as provas apresentadas pela defesa da autora da ação, que se submeteu a exames médicos e prestou depoimento à Polícia imediatamente após o ocorrido, corroborada por informações de funcionários e imagens externas do banheiro onde ocorreu o crime.

É certo que a Acusação recorrerá para a pena máxima de 12 anos de prisão. Em contrapartida, Daniel Alves insiste na versão de que a relação foi consensual e também recorrerá da sentença. Mas será que alguém, em sã consciência, consegue acreditar na “inocência” dele, com todas as evidências anexadas ao processo, como o exame de corpo de delito?

 

Novos capítulos vão se desenrolar nas instâncias da Justiça Espanhola. Mas o que todos se perguntam é se, finalmente, essa condenação representa que a Justiça, nesses casos, passará a penalizar “celebridades” milionárias do futebol. Sim, porque até agora outros brasileiros conseguiram se safar do cárcere respondendo em liberdade e fugindo para o Brasil, rumo a impunidade! A lei foi feita para ser cumprida por todos, indistintamente.

 

E o também ex-jogador brasileiro Robson de Souza, o Robinho, condenado por estupro coletivo em boate na Itália? Há provas contundentes de que ele e outros acusados estupraram uma jovem albanesa em 2013. Em janeiro de 2022, a Corte de Cassação de Roma julgou em última instância e rejeitou o recurso de Robinho, que respondeu em liberdade e se refugiou no Brasil. A execução da sentença é obrigatória, porém, a Constituição Brasileira não permite a extradição de brasileiros.

Poucos lembram, mas em 2009, na Inglaterra, houve uma denúncia de agressão sexual contra ele, que negou e ficou em liberdade sob fiança. E hoje, Robinho segue livre e impune pelos arredores de Santos. Sempre sorridente, pousa com fãs e posta nas redes sociais, como se nada tivesse acontecido. Uma vergonha! Um escárnio contra a dignidade das mulheres!

 

E do ex-jogador e ex-treinador Alexi Stival, alguém recorda?  Conhecido como Cuca, sempre negou ter participado do estupro coletivo praticado contra uma menor de 13 anos em Berna, na Suíça, em 1987, então como jogador do Grêmio. Condenados à revelia em 1989, a 15 meses de prisão, em regime aberto, os jogadores nunca mais voltaram à Suíça. Passados 15 anos, o crime prescreveu. O caso foi reaberto em 2023, por considerarem o veredito injusto, já que as leis condenatórias contra o estupro eram muito brandas na época! O advogado da vítima, à época, disse que Cuca foi reconhecido, sim, como um dos abusadores da menina. E o mais triste de tudo é que a vítima, anos depois, se suicidou.

 

Dados divulgados em 2023 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indicam que o Brasil tem cerca de 822 mil casos de estupro a cada ano, que correspondem a dois por minuto! E o mais alarmante é que apenas 8,5% chegam ao conhecimento da polícia e 4,2% são identificados pelo sistema de saúde.

 

 

 

 

Em Santa Catarina,a situação é preocupante. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública foram registrados 3.298 casos de estupro e estupro de vulnerável no Estado em 2021, numa média de nove mulheres por dia. E temos a quarta maior taxa de casos de estupro de crianças e adolescentes do país, de acordo com dados de 2020.

Chega de impunidade! A sociedade clama por justiça! E tudo começa pela educação que os meninos recebem, desde cedo, de respeitarem as mulheres e entenderem que “Não é não!”. E é dever do cidadão denunciar situações de violência sexual e física, não somente contra mulheres. Crianças, adolescentes e idosos também devem ser resguardados e resgatados de atos criminosos.

 

Não seja conivente: Denuncie!

 

 

 

 

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Por

Sônia Pillon é jornalista e escritora, formada em Jornalismo pela PUC-RS e pós-graduada em Produção de Texto e Gramática pela Univille. Integra a AJEB Santa Catarina. Fundadora da ALBSC Jaraguá do Sul.

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