Cotidiano | 18/05/2025 | Atualizado em: 26/05/25 ás 20:17

O trágico fim de Frederico Negherbon: a primeira vítima da Revolução Federalista em Jaraguá do Sul

Revolução Federalista em Jaraguá do Sul

Foto: IA/JDV

A Revolução Federalista em Jaraguá do Sul guarda capítulos pouco conhecidos, mas de grande relevância histórica. Um deles é o trágico fim de Frederico Negherbon, considerado a primeira vítima do combate na região. Sua morte, ocorrida em 16 de dezembro de 1893, mostra não apenas as dores da guerra, mas também as incríveis dificuldades enfrentadas pelos imigrantes em Santa Catarina.

De acordo com o historiador Emílio da Silva, Frederico Negherbon era um imigrante vindo do Tirol, região que à época pertencia ao Império Austro-Húngaro. Ele fazia parte de um grupo de colonos que chegou ao Brasil por volta de 1876, estabelecendo-se inicialmente nas regiões de Rodeio, Rio dos Cedros, Caminho dos Tiroleses e Pomeranos. Sua ligação familiar incluía nomes como seus sobrinhos Isidoro Pedri, Julio e Antonio.

Abandonado pela família

No início da década de 1890, Frederico decidiu buscar um novo começo em uma região hoje pertencente ao município de Jaraguá do Sul. Em 1892, ele obteve junto ao Governo do Estado um lote de terra na Barra do Rio Molha.

Com esforço e determinação, derrubou o mato, construiu uma choupana e iniciou uma pequena roça. No entanto, ainda segundo Emílio da Silva, sua esposa e filho não aceitaram abandonar uma povoação com capela e escola para ir para o meio do mato, onde poderiam ter de enfrentar feras e índios que habitavam a região. Por isso, decidiram permanecer em Pomeranos, na casa de Isidoro Pedri.

Durante algum tempo, ele esperou a chegada de sua família, mas a notícia que veio foi a de que a mulher e o filho haviam retornado ao Tirol.

A solidão e o abandono abalaram profundamente Negherbon, que passou a ser visto com frequência nas vendas e botecos da região — como os de Max Schubert, Vitor Rosenberg, José da Silva Porto e Johann Gottlieb Stein, no Itapocuzinho I. A bebida passou a ser sua companhia constante, e sua postura provocadora gerava conflitos com outras figuras locais, entre elas, o inspetor de quarteirão Manoel Alves de Siqueira, conhecido como “Maneco”.

Revolução Federalista em Jaraguá do Sul
Gumercindo Saraiva, terceiro da esquerda para a direita (sentado), foi o líder da Revolução Federalista e esteve em Jaraguá do Sul | Foto: Domínio Público

Revolução Federalista chega a Jaraguá do Sul

Naquele período, a Revolução Federalista ganhava força no sul do Brasil. Tropas comandadas por Gumercindo Saraiva avançavam por Santa Catarina em direção a Blumenau, utilizando picadas como a do morro do Rio da Luz ao Rio do Testo. O inspetor “Maneco”, que havia aderido aos federalistas, acusou Negherbon de fornecer informações sobre os movimentos das tropas e o denunciou ao General Torquato.

No dia 13 de dezembro de 1893, as forças federalistas chegaram à região de Itapocuzinho. Três dias depois, em 16 de dezembro, Frederico Negherbon foi preso e executado por degola nas margens do rio Itapocuzinho, próximo ao antigo porto das canoas. O ato foi ordenado pelo próprio Gumercindo Saraiva, sendo realizado por um degolador conhecido como Adauto.

Testemunhas como Carlos Eggert, Carl Vasel, Gustavo Doubrawa, Procópio Pereira Lima, Policarpo Bento de Souza, Carlos Cháfer e Fernando Hansch confirmaram o episódio.

A morte de Negherbon representa um dos capítulos mais sombrios da história de Jaraguá do Sul. Seu nome permanece como símbolo do sofrimento vivido por muitos colonos. Além das dificuldades naturais, eles enfrentaram as consequências de conflitos políticos e militares que marcaram o Brasil no final do século 19.

Negherbon, assim como tantos imigrantes, chegou a Santa Catarina para buscar uma vida melhor. Seu fim trágico, porém, é representativo do cenário conturbado da época. E, apesar de sua triste sina, ele é mais um personagem “anônimo” que ajudou a construir a história de Jaraguá do Sul e da região.

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