Estudante da 5ª fase de Design, curiosa por natureza e apaixonada pelo que faz.
(Editorial)
Pontes da nossa história
Nesta terça-feira (25), Jaraguá do Sul celebra seus 147 anos de emancipação. Para marcar uma data tão importante, a Prefeitura organizou uma belíssima programação artística-cultural, com opções e atrações para todos os gostos, públicos e idades.
O ponto alto da festa ocorreu na noite de ontem, segunda-feira (24). A partir das 17 horas, a Arena Jaraguá ficou lotada para o show do sertanejo Michel Teló, com participação especial do guaramirense Gustavo Bardim.
Hoje (25), a festa continua, a partir das 14h30, com desfile festivo, bolo do Núcleo das Panificadoras da Acijs e show de aniversário com Banda In Natura e Os Montanari.
A programação segue no próximo fim de semana, dias 27 a 30, na Scar, com o Festival de Violão e o Femusckinho; evento pelo dia do motociclista no Moto Clube Cano Quente; 10º Night Race, na Via Verde; e Na quadra com os craques, dia 30, na Arena Jaraguá do Sul. E termina no dia 7 de agosto, com a inauguração do Centro Cultural e Espaço Multiuso Ângelo Moretti, onde funcionava a escola inaugurada em 1922, no Ribeirão Grande do Norte.
Todos os anos, o Jornal do Vale do Itapocu realiza uma edição especial para comemorar o aniversário de Jaraguá do Sul com seus leitores. Mais que recontar a história da cidade, as edições especiais são pensadas para preservar a memória oral e escrita e, sobretudo, mantê-la viva entre nossos habitantes.
Neste ano, não será diferente. Vamos recontar a história da nossa cidade, da emancipação até aqui, mas sob o novo prisma: as pontes de Jaraguá do Sul. Quanta história, quanto significado cada uma dessas estruturas carrega?
À primeira vista, parece que servem apenas para encurtar distâncias, mas, a bem da verdade é que cada estrutura dessas, seja de concreto armado, de metal ou até madeira, representa crescimento, desenvolvimento e, claro, progresso. Cada uma delas ainda carrega mais, carrega um nome, uma memória, uma homenagem a algum homem ou mulher, filhos ou não de Jaraguá do Sul, pelos feitos e contribuições em prol do nosso município.
E nada melhor do que começar contando a história da primeira ponte construída em Jaraguá do Sul e que, para nós, do Jornal do Vale do Itapocu, tem um significado ainda maior. A Ponte Abdon Batista é reflexo do trabalho árduo de nossos antepassados que, assim como fazemos hoje, tendo as palavras como matéria-prima, já nas primeiras décadas contribuíam com o crescimento da nossa cidade.
PONTE ABDON BATISTA – A PRIMEIRA
Já imaginou como seria Jaraguá do Sul sem a Ponte Abdon Batista a conectar os bairros Vila Baependi/Czerniewicz ao Centro? É inimaginável, não é? Principalmente quando lembramos dos engarrafamentos intermináveis que observamos por ali, aos finais de tarde, sempre a partir das 17h30.
A Ponte Abdon Batista como conhecemos hoje, ligando a Avenida Waldemar Grubba à Rua Floriano Peixoto, foi inaugurada em 13 de março de 1965. Mas a história dela começa muito antes, em 1909, quando os pioneiros construíram uma pequena travessia para acessar mais facilmente a outra margem do Rio Itapocu.
Chamada “ponte baixa”, a ponte Abdon Batista foi uma das primeiras construídas no município. Ficava cerca de um metro acima das águas e, adivinhem, durou pouco. Foi levada pela enchente de 1911. Dois longos anos se passaram até que a população — de quase 8 mil habitantes — tivesse uma nova travessia. O que aconteceu em 1913, graças a um acaso e à astúcia do então deputado estadual Abdon Batista.
A estrutura utilizada na construção saiu da Inglaterra com destino à África do Sul. Mas, em 1912, quis o destino que o navio aportasse em Florianópolis, onde a ponte acabou descarregada por engano. Abdon Batista viu uma oportunidade no equívoco, e atendeu à demanda da população da Colônia Jaraguá, que desde 1911 voltara a utilizar balsas para atravessar o perigoso Rio Itapocu — com quase três mil quilômetros de bacia hidrográfica.
A “nova” ponte foi então construída entre as Ruas Hugo Braun e Max Wilhelm. Possuía estrutura de ferro e piso de madeira. Em 1925, recebeu cobertura em zinco, após investimento aprovado pela Superintendência de Joinville. Foi utilizada por mais de 50 anos, até 1965, quando foi inaugurada a ponte que hoje conhecemos.
Ponte Abdon Batista
Foto Divulgada por Repositório Institucional UFSC, acesso em 17/07/2023. https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/217929
A Colônia Jaraguá foi fundada em 25 de julho de 1876, por Emílio Carlos Jourdan. Foi 2º Distrito de Joinville por 37 anos, de 1895 a 1896, e de 1897 a 1934. Na década de 1930, o movimento pró-emancipação se formou, ganhou força, e Jaraguá do Sul foi desmembrada de Joinville por meio do Decreto Estadual nº 565, de 26 de março de 1934, do Interventor Federal Aristiliano Ramos. O Intendente José Bauer foi nomeado prefeito. A solenidade de instalação do município ocorreu dia 8 de abril de 1934, com participação das autoridades e comunidade local.
Entre 1900 e 1934, nasceram em Jaraguá do Sul grandes indústrias dos segmentos metalmecânico, têxtil e de alimentos. Malwee (1906), Curtume Schmidt (1917), Marcatto Chapéus (1923), Chocoleite (1923), Ótica Hertel (1924), Duas Rodas (1925), Comércio Breithaupt (1926) e Comércio Meier/Jaraguá Truck (1932). A velha ponte metálica foi se tornando pequena para a Jaraguá do Sul que, pouco a pouco, agigantava-se a partir da expansão industrial. Logo, fez-se necessária a construção de uma ponte nova, maior, capaz de suportar e dar vazão ao crescimento que se projetava para o município.
As obras da nova ponte, de concreto, com cerca de 80 metros, começaram em 1961, por meio de convênio entre o município e o governo do Estado. Foram realizadas pela construtora Marna, de Pinhais (PR), e inauguradas em março de 1965, pelo prefeito Roland Harold Dornbusch, em cerimônia repleta de autoridades locais, da região e do estado, além de representantes da comunidade.
(foto inauguração ponte Abdon Batista)
(fonte: MACHADO, 2015. Disponibilizada por www.memoriapolitica.alesc.sc.gov.br, acessada em 17/07/2023)
Legenda: De mãos cruzadas e terno claro, o governador Celso Ramos, depois o Prefeito Roland Dornbusch. Entre os dois, Abílio Soares, funcionário do IBGE. Segurando o menino e também de terno claro, Mário Tavares da Cunha Melo, na época deputado estadual, filho do Desembargador Tavares Sobrinho.
Quem foi Abdon Batista?
Natural de Salvador (BA), nasceu em 30 de julho de 1851. Formou-se Médico no estado onde nasceu, onde também clinicou nos primeiros anos de Medicina até decidir mudar para Santa Catarina, em 1880. Casou-se em 1884, com Thereza Augusta Nóbrega de Oliveira, filha do ervateiro Coronel José Antônio Oliveira. Ingressou na política, por influência do sogro, pelo Partido Liberal e, para propagar as ideias do partido, criou e editou o jornal “O Democrata”, em São Francisco do Sul. Fixou residência em Joinville em 1888. De lá, atendia toda gente das colônias de Hansa-Humboldt (Corupá), Jaraguá, Bananal (Guaramirim), Massaranduba e região do Rio Itapocu. Sempre demonstrou especial apreço pela Colônia Jaraguá. Na vida pública, ocupou todos os cargos de natureza eletiva: Juiz de Paz, Vereador, Presidente da Câmara Municipal, Superintendente Municipal (Prefeito), Deputado Provincial e Estadual, Presidente da Assembleia Legislativa, Vice-presidente da Província (equivalente a vice-governador), tendo ocupado o cargo de governador por vários meses, deputado federal por três mandatos e senador da República. Faleceu em 15 de março de 1922.
A antiga ponte metálica com cobertura de zinco entrou em desuso e acabou desmanchada. Dela, remanesce em meio ao Rio Itapocu um dos pilares de sustentação, construído em pedras sobrepostas por trabalhadores como Olívio Domingos Brugnago, avô do diretor e editor do Jornal do Vale do Itapocu, Flávio Brugnago.
Olívio Brugnago foi um dos pioneiros do nosso município. Nasceu na Itália, em 1867, onde aprendeu a profissão e se tornou Oficial de Pedreiro, à época chamada cantoneiro. Chegou ao Brasil pelo Porto de Itajaí e seguiu para Luis Alves, região de colonização italiana. Lá, casou-se com a jovem Clementina Trevisan, com quem fixou residência em Jaraguá do Sul. Por aqui, participou de obras importantes, com destaque para as obras de arte necessárias à instalação da estrada de ferro no trecho entre o Porto de São Francisco do Sul e Porto União, e as pontes Abdon Batista e Tavares Sobrinho.
Dada importância que possui para a memória e cultura do município, o pilar rústico foi tombado através do Decreto nº 9.035/2012, de 7 de dezembro de 2012. Décadas antes, inspirou o historiador Emílio da Silva, à época em que ele escreveu o livro “Jaraguá do Sul — IIº Livro — Um capítulo da povoação do Vale do Itapocu”, a profetizar: “Da velha ponte metálica, resta apenas o artístico pilar central, que permanece solitário, à espera de nele ser erigido algo de atrativo aos visitantes que vierem a participar do ano 100 da fundação da Colônia Jaraguá.”
Foto: Divulgação. Acessada em https://www.jdv.com.br/construcao-da-ponte-estaiada-sobre-o-itapocu-comeca-em-alguns-dias-em-jaragua-do-sul/
Pois, se a profecia de Emílio da Silva não se concretizou nas comemorações do Centenário, pode vir a se tornar realidade no aniversário de 150 anos. É que para o local, a Administração Municipal idealiza a construção de uma ponte de contemplação, em um projeto que une modernidade e nostalgia.
A estrutura ficará no mesmo local onde foi construída a ponte metálica, entre as ruas Max Wilhelm (Vila Baependi) e Hugo Braun (Centro), e será de uso exclusivo de pedestres e ciclistas. O projeto de engenharia prevê a utilização do pilar histórico para suportar a estrutura metálica estaiada, com 70 metros de comprimento e quatro metros de largura.
As obras iniciaram no final de 2021, com limpeza e supressão da vegetação às margens do Rio Itapocu, e tinham prazo de 10 meses para serem concluídas. Eram realizadas pela Ecopontes, de Presidente Prudente (SP), contudo, o contrato foi rompido depois que a empresa abandonou o projeto. Uma nova licitação deverá ser aberta.
Projeto Ponte Estaiada
Imagem divulgada pela Prefeitura de Jaraguá do Sul –
Enquanto a obra não continua, também segue na Câmara de Vereadores de Jaraguá do Sul o Projeto de Lei Ordinária 16/2022, protocolado em 1º de fevereiro daquele ano, que denomina a ponte estaiada de “Ponte de Contemplação Eggon João da Silva”. O PLO 16/2022 reafirma a tradição do município de homenagear, com nomes em equipamentos públicos, pessoas que contribuíram significativamente para o desenvolvimento social, econômico, esportivo ou cultural da cidade.
Quem foi Eggon João da Silva?
Eggon foi o “E” da WEG. Um dos três sócios-fundadores da multinacional. Em 16 de setembro de 1961, Eggon, Werner Voigt e Geraldo Werninghaus fundaram a Eletromotores Jaraguá, que pouco depois passou a se chamar WEG, em alusão às iniciais dos nomes dos fundadores. Hoje, a empresa é uma das maiores fabricantes de componentes elétricos do mundo, presente em mais de 30 países e com mais de 40 mil trabalhadores.
Eggon nasceu em 17 de outubro de 1929, em Schroeder. Começou a trabalhar aos 13 anos, em um cartório de Jaraguá do Sul. Foi autodidata. Tornou-se um administrador visionário. Além da WEG, participou do conselho de administração das empresas Oxford, Tigre, Marisol e Perdigão. Por onde passou, ensinou sobre a importância de se investir em desenvolvimento e capacitação dos funcionários. Na WEG, criou CentroWEG, escola técnica que já formou, gratuitamente, milhões de jovens da região. Faleceu em 13 de setembro de 2015. Imortalizou a frase que resume muito bem sua filosofia de trabalho: “Quando faltam máquinas, você as pode comprar; se não tiver dinheiro, pode pedir emprestado; mas homens você não pode comprar ou pedir emprestado, e homens motivados por uma ideia são a base do êxito.”
Foto: Divulgação WEG
Na década de 1920, Olívio Brugnago ainda ajudou a construir outra importante travessia da cidade, a Ponte Tavares Sobrinho. Erigida sobre o Rio Jaraguá, na Rua Procópio Gomes de Oliveira, foi de fundamental importância para o desenvolvimento da Ilha da Figueira e proporcionou aos moradores da Colônia outra ligação a Blumenau, via Massaranduba.
A Ponte Tavares Sobrinho foi encomendada pelo Intendente Arthur Müller. Construída em alvenaria, madeira e ferro, com vão de 24 metros entre os pilares e 4,5 metros de largura, uma obra considerável para a época, sobre a qual se dizia que duraria meio século. Custou 32 mil réis.
A inauguração ocorreu em outubro de 1928, com festa popular incluindo churrasco, venda de bebidas, rifa e apresentações culturais, em evento semelhante ao que vimos acontecer durante a inauguração da Ponte Desembargador Mário Rau, em 2016, mas com duas peculiaridades. A cerimônia contou com a presença do próprio homenageado pela denominação da Ponte, o então Desembargador Francisco Tavares da Cunha Mello Sobrinho. Ele e os demais convidados, autoridades estaduais e da região, chegaram à festa de trem, via Estação Ferroviária, construída em 1909.
A obra foi celebrada pela população, que não precisaria mais recorrer à canoa para atravessar o rio, tarefa extremamente perigosa em dias de chuva, quando crianças ficavam sem ir à escola, enfermos sem atendimento médico e famílias inteiras sem acesso a mantimentos básicos.
Uma ponte tão bonita que trouxe a Jaraguá do Sul, no mês seguinte ao da inauguração, o então governador da época, Adolpho Konder. Dizem as testemunhas daquela visita que Konder parou maravilhado às margens do Rio Jaraguá, para admirar a estrutura recém-construída.
Em 1956, a Ponte Tavares Sobrinho recebeu reforma e cobertura, em investimento de 60 mil cruzeiros. Mas, foi danificada pelas enchentes que atingiram a cidade em dezembro de 1960 e ficou ameaçada. O edital para a reconstrução foi lançado em março de 1979. Além da Tavares Sobrinho, ele previa a substituição de outras duas pontes de metal por estruturas de concreto armado, tal qual conhecemos hoje: ponte Tavares Sobrinho, de 44 metros de extensão; a Ponte Weege, com 36 metros (Rio Cerro) e a Ponte Nereu Ramos, a maior delas, com 129 metros.
A estrutura de metal e madeira foi demolida em julho de 1979, dando espaço à nova, aguardada com ansiedade pela população até 18 de outubro de 1980. A inauguração contou com participação do então governador Jorge Konder Bornhausen e com a presença ilustre do Dr. Mário Tavares da Cunha Mello, filho do Desembargador Tavares Sobrinho.
Quem foram Tavares Sobrinho e Mário Tavares da Cunha Mello?
O Desembargador Francisco Tavares da Cunha Mello Sobrinho foi advogado, juiz de Direito, vereador e prefeito de Joinville (SC) e deputado estadual. Nasceu em Itambé (PE) em 1º de maio de 1894. Ingressou no Partido Liberal ainda durante a graduação. Chegou a Santa Catarina em 1895. Em 1896, foi um dos fundadores do Instituto Histórico Geográfico de Santa Catarina. Junto a Ângelo Piazera, foi sócio concessionário e fundador da Colônia Jaraguá, terras cuja posse receberam em 19 de outubro de 1908. A sociedade foi encerrada em 1916, quando a Colônia passou a pertencer a Piazera.
Tavares Sobrinho faleceu em 3 de junho de 1960, aos 87 aos, em Florianópolis. Ainda em vida, viu a ascensão do filho, Mário Tavares da Cunha Mello.
Nascido em 20 de janeiro de 1909, em Joinville, foi advogado, o 2º Tabelião e Oficial vitalicio do Registro de Imóveis da Comarca de Jaraguá do Sul, nomeado em 1933, e deputado estadual por três legislaturas. Também contribuiu com a fundação da Academia Joinvilense de Letras, da qual é um dos imortais. Em Jaraguá do Sul, também participou da inauguração da Ponte Abdon Batista, em 1965. Mário Tavares faleceu em 1996,
(Foto: Mario Tavares)
Divulgação: Academia Joinville de Letras, disponível em MÁRIO-TAVARES-DA-CUNHA-MELLO.jpg (239×362) (academiajoinvilense.com.br), acessada em 17/07/2023
O mesmo edital que licitou a obra da Ponte Tavares Sobrinho licitou também a construção da Ponte Alberto Bauer, entre os bairros Nereu Ramos e Santo Antônio, substituindo uma ponte baixa de acesso à localidade de Ribeirão Grande do Norte.
A ponte era reivindicada pela comunidade da região há 40 anos e foi um marco para o desenvolvimento do Bairro Nereu Ramos. Com 129 metros de extensão, era, na época, a maior estrutura de concreto armado do município. Foi inaugurada em 18 de junho de 1981, com a presença do então governador Jorge K. Bornhausen. Dois dias antes, em 16 de junho, teve aprovado o projeto de lei nº 818/81, que a denominou Alberto Bauer. “Uma homenagem justa a um homem justo”, afirmou o então prefeito em exercício de Jaraguá do Sul, Sigolf Schünke.
Quem é Sigolf Schünke
Nasceu em 1937, em Jaraguá do Sul. Foi comerciário. Casou-se com Cacilda Menegotti. De 1967 a 1973, foi vereador. Atuou como prefeito interino no biênio 1982/1983. Também atuou de forma voluntária no Clube Atlético Baependi (1973); na organização dos XXI Jogos Abertos de Santa Catarina, realizados em Jaraguá do Sul em 1980; presidiu a Associação Comercial e Industrial de Jaraguá do Sul (1987/1990) e o Conselho de Administração do Hospital São José. Na década de 1980, tornou-se diretor-presidente do Grupo Menegotti Ltda, referência em construção de máquinas e ferramentas para construção civil, movimentação de cargas e pessoas e jardinagem, cargo que ocupou até 2016.
(Foto: Sigolf Schünke – divulgação prefeitura de jaraguá do sul. Acessada em 17/07/2023)
Falando em Menegotti, a empresa se tornou ponto de referência para a nova ponte que está em construção no município, a priori chamada carinhosamente de “Ponte da Menegotti”. As obras começaram em 2021. Em abril de 2023, 80% estavam concluídas. São 120 metros de extensão por 14 metros de largura, em investimento de R$ 6,8 milhões. A inauguração deve ocorrer até o final deste ano. A estrutura fará a ligação entre os Bairros Amizade, pela Rua 13 de Maio, e Chico de Paulo, pela Rua Erwino Menegotti, e está localizada ao lado da Menegotti Máquinas e Equipamentos.
(Foto: Ponte da Menegotti com 80% das obras concluídas – Divulgação: Prefeitura de Jaraguá do Sul. Disponível em https://www.jaraguadosul.sc.gov.br/news/obra-de-ponte-sobre-o-rio-itapocu-atinge-80-porcento-de-execu-o, conteúdo acesso em 17/07/2023)
Sigolf Schünke se elegeu vice-prefeito no ano de 1976, na chapa liderada por Victor Bauer, que disputava o segundo mandato. Durante o primeiro mandato, em 1966, Bauer criou a Praça Paul Percy Harris (em homenagem ao advogado estadunidense e fundador do primeiro Rotary Club, em 1905, nos Estados Unidos). A praça fica na esquina entre a Rua Barão do Rio Branco com a Avenida Marechal Floriano Peixoto. Nela, guarda-se preservado mais um Patrimônio Histórico-cultural de Jaraguá do Sul, um exemplar da árvore Pau-Brasil.
Bauer permaneceu como prefeito até 1982, quando precisou se afastar por problemas de saúde. Era filho de Alberto Bauer, empresário homenageado com denominação da ponte de Nereu Ramos, citada anteriormente. Alberto Bauer nasceu em 1906, em Luís Alves. Trabalhou como pedreiro em Blumenau, fundou uma panificadora na cidade de Massaranduba. Casou-se em 1920, com Elfrida Knuth. Em 1942, transferiu a panificadora para Jaraguá do Sul, à qual anexou uma torrefação e moagem de café. Era o início da Café Bauer, promissora empresa de Jaraguá do Sul que, na década de 1950, vendia para cidades da região, como Joinville, Blumenau, São Bento do Sul, Rio Negrinho, Rio Vermelho, Guaramirim, Massaranduba, Indaial, Timbó e Rodeio. Faleceu em 1974, aos 68 anos.
Além de Alberto Bauer, outros empresários tiveram seus nomes eternizados em pontes do município. Walter Breithaupt, por exemplo, denomina a conhecida ponte cor-de-rosa, assim pintada em alusão à Rede Feminina de Combate ao Câncer. É tradição, todo o mês de outubro, a estrutura tem a cor renovada para chamar a atenção da sociedade local para o diagnóstico precoce e a prevenção ao câncer e mama.
A Ponte Walter Breithaupt liga a Rua Coronel Procópio Gomes de Oliveira, no Centro, ao bairro Vila Baependi, sobre o Rio Itapocu. Foi construída pelo governo do estado e a denominação em homenagem a Walter Breithaupt foi apresentada à Assembleia Legislativa pelo deputado estadual Bernardo Dornbusch, em 1986.
Quem foi Walter Breithaupt?
Walter Breithaupt chegou a Jaraguá do Sul em 1923. Abriu um pequeno comércio na Avenida Getúlio Vargas, em frente à Estação Ferroviária. Uma ideia visionária, tendo em vista que desde a inauguração da estrada de ferro, aquela passou a ser a área mais movimentada da cidade. Em 1926, junto ao irmão, Arthur Breithaupt, fundou a Breithaupt e Cia., um comércio de maior porte que vendia uma infinidade de itens, desde secos e molhados a tecidos, louças e armarinhos. Anos depois, o comércio foi transformado em supermercado, que cresceu e se consolidou como uma rede com diversas unidades pela cidade. Em 1998, o supermercado deu lugar ao Shopping Breithaupt, inaugurado em 1999. O empreendimento foi vendido em 2016 para o Grupo Tenco. Hoje chamado Jaraguá do Sul Park Shopping, é administrado pela Partage Shopping Centers.
Popularmente conhecida como Ponte do Curtume, a Ponte Ottilia Prim Schmitt é referência a uma das três primeiras empresas do município. Fundada em 1917, foi registrada em 1924. Construída às margens do Rio Jaraguá por Arnoldo Schmitt. A denominação da ponte foi aprovada em 2012, por votação na Câmara de Vereadores. A estrutura conecta os bairros Jaraguá Esquerdo e Barra do Rio Molha. Foi inaugurada em setembro de 2015, após investimento de R$ 3,35 milhões na obra e de mais R$ 3,7 milhões em desapropriações.
Quem foi Ottília Schmitt?
Cidadã honorária de Jaraguá do Sul, nasceu no dia 20 de abril de 1898, em São Pedro de Alcântara. Casou-se em 1916 com Arnoldo Leonardo Schmitt. No mesmo ano, após quatro dias de viagem, chegou a Jaraguá do Sul. O casal fixou residência em um terreno localizado na antiga Estrada Blumenau, hoje Rua Walter Marquardt, e no ano seguinte abriu um pequeno e modesto curtume. O negócio foi bem-sucedido e a família progrediu. Junto ao marido, Ottília realizou diversos feitos em prol da comunidade local, como a fundação da Congregação do Apostolado do Sagrado Coração de Jesus e doou terrenos onde hoje estão construídos o Colégio São Luís, Hospital e Maternidade São José, Colégio Divina Providência, Salão Cristo Rei, antiga igreja e atual Paróquia São Sebastião. Teve 18 filhos, 88 netos, 153 bisnetos e 56 trinetos. Faleceu em 21 de fevereiro de 1982.
Teríamos ainda muitas histórias para incluir neste especial em homenagem aos 147 anos de Jaraguá do Sul. Mas, infelizmente, nosso espaço é finito. Contudo, não poderíamos encerrar sem antes mencionar a popular Ponte do Trabalhador, entre os bairros Ilha da Figueira e Vila Lalau, nomeada em 1998 em homenagem a Antônio Ribeiro. Ou a Ponte Desembargador Mario Rau, entre os bairros Rau e Amizade, com a maior metragem quadrada total entre as pontes de Jaraguá do Sul, totalizando 3.230 m². A estrutura contém 170 metros de extensão por 10 metros de largura. Teve obras iniciadas em junho de 2014, sendo inaugurada em março de 2016 durante o evento “A Ponte é Sua”, uma bela festa à população.
Quem foi Mario Rau?
Mario Rau nasceu em 1944, em Jaraguá do Sul, no bairro Rau, onde também cresceu. Formou-se em Ciências Econômicas e Direito. Realizou brilhante carreira no Poder Judiciário do Paraná, onde atuou como desembargador. Faleceu ainda no exercício das funções, em 28 de julho de 2009, aos 65 anos. Está sepultado no Cemitério Municipal de Jaraguá do Sul. Descende da tradicional e pioneira Família Rau, importante propulsora do desenvolvimento do bairro que leva o mesmo nome, a partir do comércio de secos e molhados.
(Fonte foto: https://www.tjpr.jus.br/ | Acessada em 02/07/2023, através do link: https://www.tjpr.jus.br/desembargadores-tjpr-museu/-/asset_publisher/V8xr/content/des-mario-rau/397262?inheritRedirect=fal)
Jaraguá do Sul, ao longo dos seus 147 anos, ainda foi presenteada com a Ponte Olavo Marquardt, inaugurada em 1992, entre os bairros Centro e Vila Baependi, pelas Ruas Walter Picoli e Reinoldo Rau; Ponte Maria Moser Grubba (também chamada “Ponte do Kohlbach), cujas obras começaram em abril de 1989, denominada em homenagem à comerciante e mãe de Waldemar Grubba, ex-prefeito de Jaraguá do Sul. Ponte João Franzner (chamada “Ponte da Argi”), inaugurada em dezembro de 1985. E as Pontes João José Vailatti e Maria Cristina Dias Vailatti (chamada “Ponte do Madri”), ambas inauguradas na década de 1990, entre os bairros Vila Nova, Centro e Jaraguá Esquerdo.
Tem-se ainda a Ponte Expedicionário Carlos Frederico Vasel, sobre o Rio Jaraguá, ligando o Centro ao Bairro Vila Nova. Foi inaugurada em 1996, em festa durante as comemorações pelo aniversário de 120 anos de Jaraguá do Sul, trazendo alívio para os motoristas que precisavam trafegar entre os bairros. Homenageou um dos reservistas de Jaraguá do Sul convocados pelo Ministério da Guerra, em 1937, para integrar a Força Expedicionária Brasileira contra o “Eixo” formado pela Alemanha, Itália e Japão.
Quem foi Expedicionário Carlos Frederico Vasel?
Filho de Curt Vasel, Frederico participou da famosa conquista de Monte Castelo, batalha travada ao final da Segunda Guerra Mundial, durante três meses, que culminou com a derrota das forças alemãs e vitória dos expedicionários brasileiros. Retornou a Jaraguá do Sul em outubro de 1945. Hoje, tem sua história contada ao lado dos demais pracinhas da região no Museu da Paz, localizado na antiga estação ferroviária do município. Um importante espaço de memória que nos faz refletir sobre os horrores da guerra e que honra a dedicação dos filhos da nossa terra naquele conflito, em busca da paz.
Por fim, não poderíamos encerrar este material sem destacar mais recente inaugurada em Jaraguá do Sul, a Ponte Mario Cammillo Demarchi, também conhecida como “Ponte do Motel” ou “Ponte da Barra”. As obras começaram inicialmente em 2008, mas foram paralisadas por diversas vezes, até serem retomadas oficialmente nos anos 2020. Com 70 metros de extensão e 15 metros de largura, foi inaugurada oficialmente em maio de 2022. Ela não é uma das maiores do município, mas trouxe alívio à população da Barra do Rio Cerro, desafogando o trânsito no cruzamento entre a Rua Bertha Weege, próximo à Malwee.
Mário Cammillo Demarchi, que dá nome à estrutura, foi morador da região. Trabalhou na agricultura e como funcionário público no então Departamento Estadual de Estradas de Rodagem (DER – Joinville) por 30 anos. Aposentou-se em 1977. Faleceu em 1993. A homenagem foi aprovada pela comunidade local, por meio de abaixo-assinado.
Por nosso espaço finito, deixamos inúmeras histórias e estruturas de fora desse especial, mas não temos dúvidas de que nosso intento, com as páginas que se seguiram, foi alcançado. Nosso objetivo foi fazer você, leitor, ao andar ou dirigir apressado pelas ruas de Jaraguá do Sul, refletir sobre como cada elemento da nossa cidade compõe um pedacinho da nossa história, com fundamental importância para a Jaraguá do Sul pulsante e pujante de hoje. Mais que isso, que você perceba a força da união, da integração e da colaboração entre homens e mulheres que não fugiram à luta e construíram, juntos, a nossa Jaraguá do Sul, e que agora estão conectados, formando a memória da cidade, uma memória que estamos ajudando a imortalizar.
Parabéns Jaraguá do Sul, pelos seus 147 anos.
Referências:
Material construído com apoio do Arquivo Histórico, Livro Jaraguá do Sul IIª Edição, de Emílio da Silva, sites Prefeitura de Jaraguá do Sul, Hemeroteca de Santa Catarina, Hemeroteca Biblioteca Nacional e acervo Jornal do Vale do Itapocu.