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Coluna: Barbie, que loucura é essa?!

“Loucura, loucura, loucura!”, diria o famoso apresentador da Rede Globo. Não importa para que lado você olhe: desde o lançamento do filme “Barbie”, no dia 20 de julho, uma onda cor de rosa tomou conta de tudo e de todos, e não se fala em outra coisa! A película que…

23/07/2023

“Loucura, loucura, loucura!”, diria o famoso apresentador da Rede Globo. Não importa para que lado você olhe: desde o lançamento do filme “Barbie”, no dia 20 de julho, uma onda cor de rosa tomou conta de tudo e de todos, e não se fala em outra coisa! A película que traz a boneca estadunidense criada pela Mattel em 1959, idealizada pela empresária Ruth Handler, finalmente ganhou vida! Sim, a mais aguardada de 2023 chegou demolidora! Que marketing fe-no-me-nal!

Cinemas lotados e ingressos buscados ansiosamente pela internet (em sua maioria), com direito a caixa temática da boneca para que as mulheres possam ser eternizadas em fotos e viralizar na web. Oh, que glória!

Com certeza os que embarcaram nessa onda e não se apressaram em adquirir a Barbie e seus múltiplos acessórios fashion estão inconformados! E quem até então não tinha um look cor de rosa à altura para posar com caras e bocas nas redes sociais? O jeito foi correr alucinadamente para as lojas de departamentos, ou onde mais pudessem encontrar modelitos. Isso sem falar nas “celebridades” e “subcelebridades”… Quanta imaginação para se manter na mídia!

Com absoluta certeza, desde os donos de conglomerados industriais, de redes de lojas, até os pequenos comerciantes de bairro devem estar com sorriso de orelha a orelha ao desovarem seus estoques em roupas, calçados e tudo o mais na cor que se tornou a queridinha do momento.

Mas não somente a moda retrô e os produtos “cute  cute” voltaram com força total. Teve até rede de fast food que preparou lanches, bolos, molhos e outros itens na tonalidade rosa, incluindo as embalagens, é claro: tudo devidamente calculado para elevar a tabela do cardápio, sem que os consumidores se importem, absolutamente! Nem todos, evidentemente, porque já existem reclamações de que esses produtos não passam de propaganda enganosa…

Há quem diga que a Barbie desperta memórias afetivas da infância. “Quem nunca teve uma Barbie?”, pergunta a jornalista Beatriz Azevedo em matéria no site “Seu Dinheiro”, datada de 23 de julho. Eu, por exemplo! Na minha primeira infância, não tive bonecas caras, e portanto, a “Barbie Girl” não faz parte das minhas memórias afetivas. Era um mundo mais simples, porém, não menos lúdico. Minha imaginação era povoada por personagens infantis, que afloraram a minha ludicidade e o meu gosto pela leitura e literatura. O consumismo definitivamente não fazia parte da minha vida.

Tive o privilégio de ter avós dedicados que me ensinaram a importância da família em cada detalhe. O ato de brincar não envolvia brinquedos caros, mas com certeza é uma das épocas que mais sinto saudade. Como esquecer as peças de madeira criadas especialmente para mim pelo opa José, um exímio marceneiro de coração de ouro? Dos doces deliciosos e das peças de tricô e crochê confeccionados pela oma Clara? E das orquídeas e rosas que ela cultivava?

Sem desmerecer o filme, que traz uma mensagem reflexiva sobre o universo feminino, sob o prisma da boneca mais famosa do planeta, para mim, a cor da vez está muito mais associada ao “Outubro Rosa”, pela prevenção do câncer de mama e forte engajamento social. O mundo real sempre falou mais forte.

Por isso, sinto muito, Barbie, mas você não me representa!

Por

Sônia Pillon é jornalista e escritora, formada em Jornalismo pela PUC-RS e pós-graduada em Produção de Texto e Gramática pela Univille. Integra a AJEB Santa Catarina. Fundadora da ALBSC Jaraguá do Sul.

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