Jaraguá do Sul

Educação, fé e eternidade: A tríade de Francisco de Paulo ao longo dos 120 anos

Há 120 anos, as raízes de Francisco de Paulo foram firmemente plantadas, dando início a uma jornada marcada pela educação, fé e a eternidade que o tempo testemunhou

19/12/2023

Chico de Paulo – Há 120 anos, as raízes de Francisco de Paulo foram firmemente plantadas, dando início a uma jornada marcada pela educação, fé e a eternidade que o tempo testemunhou. Este é um relato que transcende as décadas, delineando a evolução de um bairro que se tornou não apenas um ponto no mapa, mas um testemunho vivo da resiliência e progresso.

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Ao longo dos anos, as instituições fundamentais — a escola, a Igreja Luterana e o cemitério — desempenharam papéis centrais na construção da identidade desse local.

 

Desde sua fundação em 21 de dezembro de 1903, a escola não só moldou mentes, mas também serviu como um farol de conhecimento e comunidade. A Igreja Luterana, com sua presença marcante, trouxe consigo valores, fé e um senso de pertencimento que transcende gerações. O cemitério, testemunha silenciosa do passado, abriga histórias eternas de indivíduos que moldaram a trajetória deste lugar.

 

Neste relato, embarcaremos em uma jornada através do tempo, explorando as transformações e os marcos que caracterizaram a tríade indissociável de educação, fé e eternidade em Francisco de Paulo.

 

Do Domínio Jaraguá à modernidade urbana, cada capítulo revela uma tapeçaria única de eventos que contribuíram para a construção da identidade singular deste amado bairro. Educação, fé e eternidade entrelaçam-se nesta narrativa, celebrando não apenas um centenário, mas uma história viva, que continua a se desdobrar a cada novo amanhecer.

 

Francisco “Chico” de Paulo – O território do atual bairro Francisco de Paulo foi mapeado nos primórdios da década de 1870 do século XIX, como parte integrante do Domínio Jaraguá. Inclusive, o canavial do Coronel Emílio Carlos Jourdan fazia divisa com o território de “Chico” de Paulo (Schmöckel, 1987).

 

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O trabalho técnico de mapeamento do território foi organizado pelo topógrafo Martinho Domiense Pinto Braga, auxiliado por Emil Odebrecht, entre os anos de 1872 e 1873. A continuidade do serviço de topografia foi conduzida por Emílio Carlos Jourdan, concessionário do Domínio Jaraguá, terras da Princesa Isabel e Conde d’Eu.
Quanto ao território, o jornalista Eugênio Victor Schmöckel, “O Barão do Itapocu”, assim narrou:

 

Outro artigo, o de n.19, denomina uma área como Bairro Chico de Paula. Desde a fundação de Jaraguá, a posterior Estrada Francisco de Paulo ocupa espaço na história local, originando-se de Joaquim Francisco de Paulo, e não de Paula.

 

O “Chico” é apelido carinhoso para alguns, mas para ser adotado oficialmente, não serviria de motivo para gozações? Chico é também definido por acasos domésticos, significando ainda bocha, porco, indivíduo, uma tribo, dois rapazes, fandango, garoto-da-roda, das dores da roda e por aí afora. E se ele fosse chamado Residencial Francisco de Paulo?

 

Ao longo dos tempos, o território de “Chico” de Paulo, como é conhecido, recebeu infraestruturas de estrada, cemitério, ponto de pregação luterano e escola. A unidade escolar foi fundada em 21 de dezembro de 1903 (Schmöckel, 1987), e o conjunto completará, no dia 21 de dezembro de 2023, 120 anos de fundação.

 

Vale ressaltar que a igreja e o cemitério não fazem mais parte do patrimônio escolar. Na unidade escolar, inúmeros professores contribuíram ao longo dos anos, destacando-se o pioneiro João Scheuer, descendente de imigrantes da Hungria, dentre outros: Adelaide Zipf, Marlise Schmitz Mattar (ou Mattar Schmitz), Gertrudes Alberton e Marta Horst De Toffel.

 

A unidade escolar, ao longo dos anos, foi nacionalizada, tornando-se uma Escola Federal Subvencionada, estadualizada e municipalizada. Em outro momento, há narrativas do imaginário coletivo que os alunos eram atendidos em uma sala de uma casa antiga no terreno doado pelo senhor Bertoldo Junkes. O patrimônio cemiterial foi criado e instalado em um terreno para tal finalidade, simultaneamente no início do século XX, pois há sepultura remanescente que data de 1908.

 

Contudo, após um século de existência, o bairro “Chico” de Paulo, como é conhecido popularmente, perdeu as características de ruralidade, pois, em 1975, foi inaugurada a BR 280, Rodovia Engelbert Oechsler, que atravessou parte daquele território. No decorrer dos anos 80, o território, em constante metamorfose, mudou o perfil de rural para urbano, e os poderes Legislativo e Executivo editaram a Lei nº 1164/88 (Vide Lei nº 1518/1991), objetivando a denominação e delimitação, conforme a redação a seguir:

 

O bairro denominado Chico de Paula fica compreendido entre o Rio Itapocu, trecho da Rua 4 – Presidente Epitácio Pessoa, BR-280, rua 429 – Sem Nome, rua 158 Hermann Schulz, rua 661, rua 288 – Otto Mayer, rua 323 – Marcelo Barbi, prolongamento da rua 455 até encontrar a linha da cota 100, desta numa linha imaginária até o Ribeirão Francisco de Paula na altura da rua 265 – Henrique Nagel. (Suprimido pela Lei nº 7447/2017)

 

Ao longo dos anos, notadamente no terceiro milênio, o território do bairro Francisco de Paulo testemunhou uma significativa transformação em sua infraestrutura. A implementação de melhorias como infraestrutura rodoviária, saneamento básico (com coleta de lixo seletiva e abastecimento de água encanada), energia elétrica, telefonia fixa e móvel tornou-se imperativa, impulsionada pela presença crescente da indústria, comércio e pelo aumento demográfico na região.

 

Este conjunto de melhoramentos não apenas atendeu às demandas emergentes da comunidade, mas também refletiu o compromisso em proporcionar qualidade de vida aos residentes. Dentre as mudanças mais notáveis, dezenas de ruas de terra foram abertas para acomodar o crescimento urbano, uma transformação que ganhou ainda mais destaque a partir dos anos 90, quando essas vias receberam inicialmente pavimentação de paralelepípedo, evoluindo posteriormente para pavimentação asfáltica.

 

Contudo, além do desenvolvimento físico e estrutural, é essencial destacar o papel crucial da escola pública local. Originariamente uma instituição particular, a escola hoje desempenha um papel vital como um bem público. Ao longo dos anos, tornou-se um centro educacional fundamental, moldando as mentes de crianças e jovens para enfrentarem os desafios do ensino médio.

 

Esta transformação reflete não apenas o progresso físico da comunidade, mas também a importância atribuída à educação como um pilar essencial para o crescimento sustentável de Francisco de Paulo.

 

Além disso, é fundamental ressaltar que a escola, a igreja e o cemitério celebraram conjuntamente os 120 anos no território de Francisco de Paulo.

 

Este significativo marco histórico destaca não apenas as realizações passadas, mas também serve como um ponto de partida para vislumbrar um futuro promissor, onde a história, a educação e o progresso coexistem harmoniosamente. Este é um momento para reconhecermos e honrarmos não apenas o que Francisco de Paulo foi, mas também o que ele está se tornando.

 

Enquanto revisitamos os 120 anos de história que deram forma a Francisco de Paulo, é essencial reconhecer a importância da preservação e divulgação dessa trajetória. Neste sentido, destacamos o papel fundamental desempenhado pelo Jornal do Vale do Itapocu (JDV) como o único veículo de comunicação interessado no notável trabalho de pesquisa conduzido pelo historiador Ademir Pfiffer.

 

Foi através das páginas do JDV que as descobertas e nuances desse legado histórico foram compartilhadas com a comunidade. A colaboração e interesse deste veículo demonstraram não apenas um compromisso com a preservação da história local, mas também uma valorização da riqueza cultural e das narrativas que compõem a identidade única de Francisco de Paulo.

 

Neste contexto, agradecemos ao Jornal do Vale por sua dedicação em amplificar as vozes do passado, permitindo que as histórias de Educação, Fé e Eternidade fossem conhecidas por um público mais amplo.

 

Que esta parceria entre pesquisa histórica e veículo de comunicação inspire outros meios a abraçarem e compartilharem as histórias que moldam as comunidades, fortalecendo os laços entre passado, presente e futuro. (Ademir Pfiffer – Historiador e Youtuber, especial para o JDV)

 

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Por

Historiador e criador de conteúdo digital para as plataformas do Kwai, Tik Tok e You Tube. Dedicado à pesquisas sobre memória e patrimônio histórico-cultural em comunidades tradicionais

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