Jaraguá do Sul

Marcatto:Um sécul0 tecendo histórias e Inovações

Desde as ruas movimentadas de Bento Gonçalves no século XIX até o dinamismo industrial de Jaraguá do Sul no século XXI

26/10/2023

A trajetória da Marcatto é uma tapeçaria rica e intrincada de perseverança, visão e inovação. Sob a lente cuidadosa do historiador Emílio da Silva, descobrimos não apenas a jornada empresarial desta marca, mas também o profundo entrelaçamento de sua história com a evolução cultural e socioeconômica de Jaraguá do Sul.

 

Por meio das narrativas de Emílio, o legado do casal Marcatto ganha vida, ressoando como um testemunho vibrante do espírito empreendedor brasileiro. Aqui, exploramos como uma modesta fábrica de chapéus se metamorfoseou em um símbolo de inovação e resiliência, pintando um retrato de 100 anos de desafios, triunfos e uma constante reinvenção.

 

O professor e historiador Emílio da Silva, utilizando o recurso da História Oral, destacou a trajetória de inúmeros cidadãos responsáveis pela grandeza de Jaraguá do Sul. Entre eles, destacam-se João Marcatto e Christina Enriconi Marcatto (in memoriam).

 

O casal se sobressaiu entre os pioneiros do renomado parque industrial que projetou Jaraguá do Sul para além de seus limites municipais, alcançando fronteiras estaduais e internacionais. Ambos são brasileiros, oriundos de Bento Gonçalves (RS) e descendentes de italianos da região de Vêneto.

 

No século XIX, Giuseppe Marcatto migrou para o Brasil e se estabeleceu em Bento Gonçalves. Lá, iniciou uma pequena indústria de chapéus. Casou-se com Ana Bettanin, brasileira de descendência italiana, e juntos tiveram oito filhos: Luiz, Ricieri, Carmela, João, Gabriel, Antônio, Fiorinda e José. João, tendo aprendido o ofício com seu pai, mais tarde casou-se com Christina Enriconi.

 

Percebendo as limitações da pequena fábrica para sustentar a ampla família, João buscou novas oportunidades. Em 1923, encontrou em Jaraguá do Sul o ambiente perfeito para dar continuidade ao seu ofício. Com máquinas simples e já desatualizadas, fundou sua modesta fábrica. Dedicou-se intensamente ao negócio ao lado de sua esposa, alcançando sucesso devido ao árduo trabalho e integridade nos negócios. O casal teve dois filhos, Durval e Loreno Antônio, que foi vereador (PSD) na legislatura 1963 a 1967.

 

Em Jaraguá do Sul, João Marcatto assumiu o cargo de Delegado de Polícia em diversas ocasiões. Ele também fez parte do “Conselho Consultivo do Município” após a Revolução de 1930, ao lado de personalidades como o comerciante Ernesto Czerniewicz e o escritor João Crespo, redator do Jornal Correio do Povo.

 

Em 1929, João e seu irmão Ricieri fundaram o comitê da Aliança Liberal, movimento que apoiava as candidaturas de Getúlio Vargas e João Pessoa. Contudo, após o assassinato de João Pessoa, o movimento transmutou-se em revolução, culminando na deposição do presidente Washington Luiz em 1930.

 

Em 1934, João Marcatto assumiu inteira responsabilidade pela indústria de chapéus, enquanto Ricieri se aventurava na Cerâmica de Mogi das Cruzes (SP). A firma João Marcatto perdurou até sua morte em 1951. Depois disso, seus herdeiros transformaram o negócio em Marcatto & Cia. Em 1960, a empresa tornou-se uma sociedade anônima, concretizando um sonho de João. Aquilo que começou como um pequeno empreendimento em 1923 evoluiu para uma das principais indústrias de Jaraguá do Sul, líder em sua categoria na América Latina.

 

Hoje, a empresa emprega centenas de pessoas e é um pilar fundamental para o progresso local. Em reconhecimento às contribuições de João e Christina, uma das principais ruas da cidade foi batizada em homenagem ao casal, e seus nomes também adornam o Estádio do Grêmio Esportivo Juventus e a Escola Municipal de Educação Básica Cristina Marcatto.

 

A Marcatto produziu mais do que apenas chapéus; também fabricou itens como cordas de nylon. Proveu benefícios aos seus funcionários, como um clube esportivo e recreativo, bem como um jornal informativo. Estas iniciativas refletem o comprometimento da empresa com o bem-estar de seus colaboradores.

 

Atualmente, a empresa diversificou seus segmentos de atuação. Este valioso empreendimento, criado por João e Christina e agora sob a gestão de seus descendentes, é um verdadeiro tesouro para a comunidade de Jaraguá do Sul.

 

A saga da Marcatto ao longo de um século é um lembrete poderoso de que as empresas, mais do que meras entidades econômicas, são tapeçarias vivas de histórias humanas, desafios enfrentados e superações alcançadas. Por intermédio das páginas meticulosamente tecidas pelo historiador Emílio da Silva, temos a oportunidade de não apenas aprender sobre a história de uma empresa, mas também de uma comunidade, de uma cultura e de um país em evolução.

 

A trajetória da Marcatto é um testamento à visão, resiliência e paixão dos que a construíram e reconstruíram ao longo das décadas. Ela reflete a capacidade humana de se adaptar, inovar e prosperar, mesmo diante dos desafios mais árduos. No entanto, mais do que uma história de sucesso comercial, é uma narrativa sobre legado e pertencimento, e como determinados empreendimentos se entrelaçam de maneira tão profunda com o tecido de uma comunidade que se tornam indissociáveis de sua identidade.

 

Ao fechar este capítulo sobre Marcatto, não é apenas a marca que celebramos, mas as incontáveis mãos e mentes que a moldaram, as gerações de trabalhadores e líderes que a impulsionaram, e a indomável chama do empreendedorismo que a manteve acesa, iluminando o caminho para o futuro. Que a história da Marcatto sirva como inspiração e lembrete de que, com paixão e propósito, podemos tecer histórias que resistem ao teste do tempo. (Ademir Pfiffer –  Historiador e Youtuber para o JDV)

 

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Por

Estudante da 5ª fase de Design, curiosa por natureza e apaixonada pelo que faz.

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