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Olho nas Urnas: A 1ª Fake News
Fatos que fizeram história na politica brasileira
20/09/2022
Há 100 anos, em 1922, houve uma das corridas presidenciais mais conturbadas da história. O vencedor, inclusive em Santa Catarina, foi o mineiro Arthur Bernardes, totalizando 466. 877 votos. Mas seus adversários espalharam fake news e insuflaram o Exército contra ele. Questionaram a vitória e tentaram impedir a posse. Os ataques ocorreram em outubro de 1921. O jornal carioca Correio da Manhã, opositor da candidatura de Bernardes, publicou duas cartas bombásticas atribuídas ao presidenciável.
Ataque aos militares
Na primeira, chamando os militares de “essa canalha” e o marechal Hermes da Fonseca, ex-presidente da República, de “sargentão sem compostura”. Um banquete oferecido a Hermes pelo Exército, que desejava a volta do marechal ao poder, foi classificado de “essa orgia”. Hermes acabou não concorrendo. Em seu lugar entrou o senador Nilo Peçanha (RJ), também ex-presidente do Brasil, imediatamente transformado no candidato dos militares. Peçanha venceu em apenas cinco estados.
Cartas eram falsas
Na segunda carta, Bernardes se referiu a Nilo como “moleque capaz de tudo” e escreveu que não tinha medo das classes armadas. Arthur Bernardes logo denunciou que as cartas haviam sido escritas por um falsário, o que de fato seria confirmado por exames grafotécnicos. Mesmo assim, conforme mostram documentos de 1921 e 1922 guardados hoje no Arquivo do Senado, em Brasília, as cartas falsas repercutiram no meio político e chacoalharam a eleição presidencial.
Denúncia de fraudes
O grupo de Nilo Peçanha não aceitou o resultado. Alegou fraudes na votação. Na época eram os próprios políticos que cuidavam das eleições. No entanto, as trapaças certamente ocorreram em ambos os lados. Ainda faltavam dez anos para a criação da Justiça Eleitoral. O candidato derrotado e seus apoiadores civis e militares pediram a criação de um “tribunal de honra”, formado por políticos e ministros do Supremo Tribunal Federal, para recontar os votos. A proposta não foi aceita.
Eleição sem concorrentes
Para a sucessão presidencial de Artur Bernardes, o líder da Câmara dos Deputados, Antônio Carlos Andrada, e o então presidente de São Paulo, Carlos Campos, indicaram o nome de Washington Luís. Assim, no dia 1º de março de 1926, Washington Luís obtém a maior votação até então para a presidência da República: 688.528 votos contra 1.116 votos dados ao general Joaquim Francisco de Assis Brasil. Fernando de Melo Viana (candidatura avulsa) é eleito, no mesmo dia, vice-presidente da República. Não houve concorrência à chapa formada por Washington Luís e Melo Viana. E, em 15 de novembro de 1926, Washington Luís e Viana assumiram a presidência da República.
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