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Coluna: Homenagens, lembranças, saudades…

Quando não temos mais o pai por perto, comemorar nos deixa divididos. É preciso transformar a nostalgia em gratidão pelos bons momentos e aprendizado.

14/08/2022

Existem datas comemorativas que nos deixam divididos. Para mim, uma destas datas é hoje, quando todos estão comemorando o Dia dos Pais. Fica até difícil conferir as postagens nas redes sociais. Explico: há dois anos, justamente uma semana após esse dia de puro contentamento, meu amado pai se foi, partiu para outra esfera.

Sim, eu sei que ele estava com a saúde debilitada e avançada idade, mas a verdade é que nunca estamos preparados para a inevitável partida. Existe sempre um sopro de esperança nos rondando, e nós nos agarramos nesse sentimento como um náufrago desesperado ao segurar um tronco no mar. Procuramos nos convencer de que a pessoa que tanto amamos mais uma vez responderá ao tratamento e receberá alta…

No Dia dos Pais, fico lembrando dele na minha primeira infância, quando tínhamos uma convivência diária. Recordo das histórias que lia antes de dormir, dos passeios no parque, da dedicação, do risoto de frango e do sagú de vinho que só ele sabia fazer. Lembro das histórias da família, das recordações de menino, do legado italiano dos antepassados, da origem que tanto me orgulho de carregar no sangue. Ainda hoje mantenho enquadrada a reprodução da carta do bisavô, escrita em italiano. É uma maneira que encontrei de me sentir conectada à trajetória de trabalho e honradez que ele e seus descendentes trilharam.

A vida dá e a vida tira… E por circunstâncias alheias à minha vontade, ainda criança papai Almerindo tomou outro rumo e passamos a nos ver com menos frequência. Quis o destino que somente décadas depois voltássemos a conviver diariamente, dessa vez, com ele doente e enfrentando o peso da idade. Com certeza, queria ter mais tempo para recuperar o passado. Mas o tempo não para e não volta…

Por tudo isso, hoje é um dia de nostalgia, de muita saudade. Porém, fica a certeza de que o resgate foi feito e por isso, a palavra que resume é gratidão.

Pensando bem, hoje também é um dia para agradecer! É uma bênção ter um filho que se tornou um pai amoroso e responsável. É o outro lado da moeda: a alegria, o contraponto da tristeza!

A vida tem suas contradições e incongruências. Nem sempre compreendemos os significados, mas seguimos em frente, sempre.

Feliz Dia dos Pais!

Por

Sônia Pillon é jornalista e escritora, formada em Jornalismo pela PUC-RS e pós-graduada em Produção de Texto e Gramática pela Univille. Integra a AJEB Santa Catarina. Fundadora da ALBSC Jaraguá do Sul.

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