Sônia Pillon é jornalista e escritora, formada em Jornalismo pela PUC-RS e pós-graduada em Produção de Texto e Gramática pela Univille. Integra a AJEB Santa Catarina. Fundadora da ALBSC Jaraguá do Sul.
Coluna: Saudoso Senhor Carnaval!
Quem nasceu, ou é radicado em Jaraguá do Sul há pelo menos duas décadas, com certeza lembra do Manequinha, o folclorista e carnavalesco que desde meados da década de 1940 sacudia a cidade com manifestações genuinamente brasileiras. Começou com o grupo Bumba Meu Boi e depois adotou o carnaval como…
19/02/2023
Quem nasceu, ou é radicado em Jaraguá do Sul há pelo menos duas décadas, com certeza lembra do Manequinha, o folclorista e carnavalesco que desde meados da década de 1940 sacudia a cidade com manifestações genuinamente brasileiras. Começou com o grupo Bumba Meu Boi e depois adotou o carnaval como a grande paixão de sua vida.
Figura controversa, Mestre Manequinha, ou o Senhor Carnaval, como era carinhosamente chamado, foi pioneiro e resistente, inspirando o surgimento de outros blocos carnavalescos. Numa cidade fortemente influenciada pelas tradições trazidas pelos imigrantes alemães, italianos, poloneses e húngaros, ele sem dúvida contribuiu para marcar a cultura da etnia negra na cidade.
E como não lembrar de Manequinha no período em que foram abertos os festejos de carnaval pelo país? Some-se a isso o fato de que essa semana, mais precisamente na quinta-feira, 16 de fevereiro, foi comemorado o Dia do Repórter, e é impossível esquecer das vezes em que o entrevistei durante os preparativos para as apresentações na avenida.
Tive o privilégio de estar entre os últimos repórteres a entrevistá-lo na sua modesta morada na Vila Lenzi, antigo reduto do samba em Jaraguá do Sul, em 2007, quando ele chorou ao confidenciar que sentia as pernas fracas, sem condições de acompanhar o bloco. Lembro que naquele momento procurei consolá-lo segurando suas mãos. Felizmente, ao tomarem conhecimento do fato, ele foi conduzido em um carro, com todas as honras que ele merecia. O octagenário Manequinha, que nasceu no mesmo dia que meu pai Almerindo (in memoriam), 14 de julho, partiria poucos meses depois…
Em sua homenagem, no dia 20 de junho do mesmo ano, escrevi a crônica “Tributo ao Cidadão Manoel Rosa”, e em 2009 foi reproduzido no livro Crescendo com a Nossa História, distribuído aos estudantes do Fundamental da rede municipal de ensino de Jaraguá do Sul. Mais tarde, o mesmo texto foi reproduzido também em banner do Movimento da Consciência Negra do Vale do Itapocu.
Hoje a lembrança do carismático e inigualável Manequinha surgiu em meio às imagens coloridas e brilhantes do carnaval. Com certeza, de onde ele está, deve estar sambando, batucando e cantando com a Velha Guarda carnavalesca.
Que o legado de Mestre Manequinha permaneça na História, na memória e no coração dos que o conheceram!
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